O verdadeiro Hu Jintao se levanta

05/12/2012 21:45 Atualizado: 05/12/2012 21:45
Hu Jintao (esquerda), o líder chinês que acaba de concluir seu mandato, e o ex-líder Jiang Zemin (direita) levantam a mão numa votação na sessão de encerramento do 18º Congresso Nacional em 14 de novembro em Pequim, China (Feng Li/Getty Images)

Dez anos atrás, quando Hu Jintao se tornou secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), havia muita incerteza misturada com esperança sobre que tipo de líder Hu Jintao se tornaria.

Desde então, muita tinta foi derramada sobre quem é o verdadeiro Hu Jintao. No 18º Congresso Nacional do PCC realizado no mês passado, Hu Jintao deu sua resposta final: Hu Jintao é um adepto fiel do PCC que sempre coloca os interesses do Partido em primeiro lugar.

Apenas nos últimos meses de seu mandato, Hu Jintao pareceu emergir das sombras do ex-líder chinês Jiang Zemin. Em qualquer caso, antes do Congresso do PCC, Hu Jintao sem dúvida estava no comando e, na conclusão do Congresso, a obra de Hu Jintao foi colocada em exibição.

No primeiro plenário do Congresso em 15 de novembro, foram anunciados os novos membros do Comitê Permanente do Politburo – os sete homens que governam a China.

Algumas pessoas ficaram surpresas que os candidatos que acreditavam que poderiam trazer mudanças positivas para a China não foram selecionados. Alguns ficaram desapontados que os que foram selecionados incluíam ideólogos comunistas linhas-duras, um chefe da propaganda e um burocrata treinado na Coreia do Norte.

A origem da respectiva surpresa e decepção é a esperança de que as pessoas na China e no Ocidente continuavam a investir em Hu Jintao, até o fim de seu reinado.

Quem é Hu Jintao?

Hu Jintao, como é comum com os de sua geração, cresceu testemunhando a brutalidade do regime comunista chinês. O pai de Hu Jintao morreu em depressão e desgraça depois que foi acusado e preso como um capitalista durante a Grande Revolução Cultural.

Vinte e cinco anos atrás, Hu Jintao tentou convidar os oficiais locais de sua cidade natal para um jantar para que o caso de seu pai pudesse ser reavaliado e seu nome reabilitado. Nenhum deles apareceu.

Hu Jintao deve ser muito grato que o Partido não tenha usado o caso de seu pai contra ele, mas em vez disso lhe confiou todo o tipo de posições importantes: presidente da Federação da Juventude de Toda a China, secretário-geral do Comitê Central da Liga da Juventude Comunista da China, chefe do PCC no Tibete e, mais recentemente, secretário-geral do PCC e presidente da China.

Como muitos na China de hoje, Hu Jintao deve ter desenvolvido a Síndrome de Estocolmo, uma condição psicológica em que a vítima desenvolve uma ligação emocional com um criminoso que, enquanto mantem poder de vida e morte sobre a vítima, mostra a vítima o que ela considera bondade.

Atuando em função desta gratidão patológica, Hu Jintao nunca decepcionou do PCC. Quando foi chefe do PCC no Tibete, ele usou um capacete e ficou de pé num tanque, tomando uma posição na linha de frente da repressão que ordenou sobre os tibetanos. Centenas de tibetanos teriam sido mortos.

Governando em medo

Apesar dos pensamentos ilusórios, tanto na China como no Ocidente, sobre o que Hu Jintao poderia fazer, ele contribuiu pouco para mudar a China numa sociedade civil moderna.

Hu Jintao provavelmente nunca se assenhorou do PCC que ele supostamente liderou por causa de sua origem familiar. Ele sempre temia fazer um movimento errado e ser percebido como desleal ao PCC.

Hu Jintao testemunhou o que aconteceu com Zhao Ziyang, o antecessor de Jiang Zemin, que foi mantido em prisão domiciliar por décadas depois que se recusou a apoiar o massacre do PCC aos estudantes pró-democracia na Praça da Paz Celestial (Tiananmen).

Ele também viu o que aconteceu a Hu Yaobang, o antecessor de Zhao Ziyang, que morreu logo depois de ser removido em desgraça e humilhação após defender o pensamento independente. Ambos eram chefes do PCC no momento de suas deposições.

Portanto, Hu Jintao aprendeu a lição e permaneceu cuidadoso dentro da linha do PCC. Ele basicamente não fez qualquer esforço pela mudança e todos os seus esforços foram para manter as políticas do PCC.

Durante seu mandato, a perseguição brutal aos praticantes do Falun Gong, iniciada por seu antecessor Jiang Zemin em 1999, continuou até agora. De acordo com o Centro de Informação do Falun Dafa, milhões de praticantes foram detidos e torturados, milhares foram mortos por tortura e abuso e dezenas de milhares foram mortos por meio da colheita forçada de órgãos.

Hu Jintao seguiu a estratégia de Jiang Zemin de cortar na raiz qualquer ameaça potencial ao poder do regime, por meio da utilização de qualquer meio necessário. Como resultado, o custo pela criação de uma “sociedade harmoniosa” no governo de Hu Jintao foi muito alto. Em 2011, o regime chinês gastou mais na segurança pública (110 bilhões de dólares) do que na defesa nacional (106 bilhões de dólares).

Considere os resultados destes gastos: O número de incidentes de massa – protestos ou tumultos em grande escala contra o regime – aumentou rapidamente. Em 2005, o último ano para o qual há estatísticas oficiais, o regime registrou 87 mil incidentes de massa. Segundo o professor Sun Liping da Universidade Tsinghua, houve 180 mil incidentes de massa em 2010. Outras estimativas são muito maiores.

Durante o mandato de 10 anos de Hu Jintao, a economia da China, eventualmente, mostrou-se insustentável. Os custos trabalhistas subiram, os recursos naturais se esgotam, edifícios e casas foram excessivamente construídos, a poluição ambiental se tornou mais e mais severa e a qualidade dos produtos se tornou mais pobre.

A crença central de Hu Jintao na ideologia comunista tem deixado nervosos empresários e famílias abastadas. O êxodo dos ricos fugindo da China está explodindo. Quase metade dos milionários chineses pensa em sair do país, enquanto 14% estão no processo de solicitação de emigração, segundo um relatório do Instituto de Pesquisa Hurun e do Banco da China.

No entanto, Hu Jintao fez uma coisa que lhe rendeu elogios do público e até mesmo do Ocidente: Ele não se manteve no poder das forças armadas por mais dois anos como fez seu antecessor Jiang Zemin.

Hu Jintao não merece crédito por isso. Ele se aposentou porque tinha de fazê-lo. Ele nunca foi capaz de se estabelecer como o líder supremo, como Deng Xiaoping e Jiang Zemin fizeram. Por fim, ele foi apenas um humilde servo do PCC, nunca bom o bastante para governar o PCC.

Expulsando Bo Xilai

Hu Jintao foi escolhido por Deng Xiaoping por causa de sua fidelidade comprovada aos interesses do PCC. Depois que Wang Lijun, o chefe de polícia de Bo Xilai em Chongqing, tentou desertar no consulado dos EUA em fevereiro, Hu Jintao soube de um golpe que Bo Xilai planejava para tomar o poder após o 18º Congresso do PCC. Esta descoberta deu a Hu Jintao a munição que precisava para derrubar Bo Xilai.

No entanto, Hu Jintao já estava em desacordo com Bo Xilai por causa do comportamento deste na chefia de Chongqing.

Hu Jintao não se opôs a Bo Xilai porque este começou uma campanha social e política de estilo maoísta em Chongqing, mas porque as ações de Bo Xilai violaram o código de comportamento dos oficiais do PCC, que é o de seguir as instruções do topo.

Hu Jintao expulsou Bo Xilai do PCC e decidiu submetê-lo a um julgamento criminal porque Bo Xilai era uma ameaça à estabilidade da liderança do PCC.

Testamento político de Hu Jintao

Na despedida oficial de Hu Jintao, em seu discurso de abertura do 18º Congresso do PCC, ele deu claras instruções políticas para a próxima liderança: sem retorno a uma sociedade maoísta fechada, o que levaria ao fim do regime comunista, como aconteceu em outras partes do mundo, e também sem acolhimento à democracia e à liberdade política, o que significaria o fim da ditadura de partido único.

Hu Jintao fez seu melhor para proteger os interesses do regime e prevenir as massas furiosas de realizarem uma revolução. Ele conseguiu isso, ainda que por pouco.

Em sua primeira aparição pública após a aposentadoria, Hu Jintao expressou mais uma vez sua lealdade ao PCC, visitando o local da Conferência Zunyi. Durante a Longa Marcha, o Politburo do PCC se reuniu em janeiro de 1935 na cidade de Zunyi, na província de Guizhou, no Sudoeste da China.

Derrotas militares na época tinham intensificado uma luta constante pelo poder dentro do PCC. O resultado da reunião foi que Mao triunfou e saiu pronto para assumir o comando militar e se tornar o líder do Partido Comunista.

Hu Jintao prestava homenagem ao início da linha de ditadores que ele obedientemente continuou por 10 anos.

No entanto, todos, incluindo Hu Jintao, sabem que o regime chinês está em crise. Hu Jintao não poderia trazer uma nova vida ao Partido Comunista, mas ele prolongou seu processo de morte.

Agora, é a vez de Xi Jianping, o sucessor de Hu Jintao. Xi Jinping e sua equipe estão se esforçando para encontrar maneiras de manter a velha monstruosidade enquanto o relógio continua correndo.

Michael Young é um escritor chinês-estadunidense baseado em Washington DC que escreve sobre a China e as relações sino-norte-americanas.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.