O significado dos discursos de ‘reforma’ na China

21/12/2012 17:07 Atualizado: 21/12/2012 17:07
O novo líder chinês Xi Jinping na sessão de abertura do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês em 8 de novembro em Pequim (Feng Li/Getty Images)

O Partido Comunista Chinês (PCC) parece ter um caso de amor com a reforma, pois as autoridades a têm promovido há mais de 30 anos e a palavra flui de seus lábios. Mas, na realidade, eles temem isso.

O novo líder chinês Xi Jinping, em sua primeira viagem oficial neste mês, refez o caminho que o reformador Deng Xiaoping viajou 20 anos atrás. Deng Xiaoping é creditado por abrir a economia chinesa aos mercados mundiais. Xi Jinping tem rotulado a reforma de “o grande despertar na história do PCC” e associou-a com um “sonho de renovação” da China.

No passado, o PCC comparou a reforma com a revolução que ajudou o PCC a tomar o poder. Agora, a PCC eleva sua reforma à altura de um “despertar”.

É claro, a reforma não está despertando. Também é impossível que o PCC desperte por meio de uma reforma. A verdade é que o PCC agora está enfrentando uma crise de sobrevivência.

Existem várias razões por que o PCC valoriza tanto a reforma e a alardeia como o objetivo supremo.

Primeiro, a reforma uma vez salvou o PCC. A primeira reforma do PCC começou há 30 anos, no contexto de sua política passada de portas fechadas. A Revolução Cultural quase causou o colapso da sociedade chinesa. Após as mortes de Zhu De, Zhou Enlai e Mao Tsé-Tung, o PCC foi confrontado com o desastre iminente. Em desespero, o PCC usou a reforma como uma tática para se salvar. Assim, a reforma começou nas áreas rurais e depois se espalhou para as cidades, resultando nos termos “modelo chinês” e “características chinesas”. Pode-se dizer que esta reforma salvou o PCC.

Segundo, a reforma é uma folha de figueira conveniente que pode sombrear todos os tipos de crimes quando o desenvolvimento se torna o princípio guia.

O PCC tem feito “reforma” por mais de três décadas, mas não melhorou em nada sua ditadura, somente a reforçou. Ele se opõe a liberalização, ordenou o massacre dos estudantes na Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em 1989 e suprime duramente os defensores dos direitos humanos e grupos espirituais como o Falun Gong. No entanto, o PCC defende vigorosamente e elogia seu movimento de reforma e tem pintado sua história como uma de reforma e abertura.

Hoje, muitas pessoas suspeitam da reforma do PCC e consideram-na um mito fabricado, mas, de fato, não compreendem os crimes do PCC.

Terceiro, os discursos de reforma do PCC minam a confiança do povo.

A reforma do PCC se limita apenas à reforma econômica. Porque o PCC controla firmemente as necessidades básicas que o povo comum mais se preocupa, ele pode, portanto, apelar à maioria do povo. Além disso, sua propaganda enganosa faz as pessoas acreditarem que, embora o PCC tenha cometido muitos erros, ele está gradualmente mudando e melhorando. Muitas pessoas pensam que, desde que a economia melhore e o povo não morra de fome, outras coisas podem ser ignoradas. Isso é uma tática de propaganda do PCC e muitos chineses a aceitam, assim se enganando.

Na realidade, o PCC é o maior e último beneficiário de suas reformas. O premiê Li Keqiang disse recentemente, “A reforma é o maior bônus.” O bônus é basicamente apreciado pelos grupos de interesse no PCC. O povo comum não compartilha muito e por isso se criou uma sociedade chinesa deformada: um país rico com uma população amplamente miserável.

Mas, enquanto o PCC se satisfaz com os benefícios oriundos de suas reformas, na verdade, ele não aprecia a reforma.

Uma razão é que as reformas do PCC são passivas; o PCC é forçado por uma crise.

Outra razão para o PCC não gostar da reforma, e esta é a mais fundamental, é que embora ele faça reformas, as características essenciais do PCC – seu regime autoritário, seu monopólio do poder e sua repressão ao povo chinês – não só não mudam, mas se tornam mais intensas.

O PCC tem colocado certas áreas fora dos limites da reforma. O que pode e o que não pode ser alterado é estritamente delimitado. Não é tão simples como o PCC faz parecer quando fala de reformas de “áreas de águas rasas e profundas”.

Hoje, o PCC novamente enfatiza a reforma. Xi Jinping tem falado nisso desde que assumiu o cargo. Por quê? Porque o PCC enfrenta outra crise. Internamente, ele foi dividido por lutas de poder e, externamente, está perdendo a confiança do povo.

A reforma pode encobrir a crise e desviar a atenção do verdadeiro problema, mas o PCC não gosta realmente de reformas e certamente não reforma para o benefício do povo.

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