O debate sobre a extinção esquenta
Extinções em massa sempre ocorreram na Terra, a mais conhecida é a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. A explicação mais aceita como a causa dessa extinção em escala global é o impacto de meteoros, porém novas evidências mantêm aceso o debate sobre o que a causou.
O professor Saunders, geólogo da Universidade de Leicester, no Reino Unido, é um dos muitos cientistas que sustentam a teoria alternativa de que o que causou a extinção dos dinossauros foram mudanças climáticas resultantes de grandes erupções vulcânicas.
“Os impactos são convenientemente apocalípticos. São temas de grandes produções de Hollywood. Ao que parece, todo livro infantil sobre dinossauros acaba com um estrondo [de meteoro]. Mas será que os meteoros são os reais assassinos e únicos responsáveis pelas extinções em massa na Terra?”, disse Saunders em uma entrevista à imprensa.
“São fracas as evidências da queda de um grande meteoro na época em que essa grande extinção ocorreu, por exemplo, no final do Período Permiano, há 250 milhões de anos, ou no final do Período Triássico, há 200 milhões de anos”, disse ele.
De acordo com Saunders, aconteceram grandes erupções vulcânicas, o que pode ser comprovado analisando as camadas de “fluxo de basalto” deixadas, que liberaram gases de efeito estufa, como o dióxido de enxofre e dióxido de carbono, em quantidade suficiente para afetar dramaticamente o clima.
As camadas de basalto deixadas por essas erupções, como a que formou a planície vulcânica de Deccan, na Índia, ou a planície vulcânica da Sibéria, parecem coincidir com o período em que essa extinção em massa ocorreu, entre 65 e 250 milhões de anos atrás.
A equipe do professor Saunders espera primeiro provar que os períodos coincidem para, então, investigar como isso levou a essa extinção em massa.
“Assassino de dinossauros” negado
Os registros de desaparecimento dos dinossauros estão dentro da camada chamada limite Cretáceo-Terciário (K-T), há 65 milhões de anos.
Na década de 80, os cientistas descobriram em várias regiões do mundo vestígios do impacto de um meteoro – uma fina camada de irídio – nos sedimentos da camada KT. A grande cratera chamada de Chicxulub, formada pela queda de um meteoro na península de Yucatán, no México, foi logo associada a essa extinção e, por isso, o meteoro de Chicxulub tornou-se rápida e largamente conhecido como o “Assassino de dinossauros”.
Entretanto, o Dr. Harting Markus, da Universidade de Ultrecht, na Holanda, questiona essa teoria com evidências de que o impacto da cratera de Chicxulub ocorreu muitos milhares de anos antes da extinção registrada na camada KT.
O Dr. Harting encontrou gotas de vidro – consideradas fragmentos de rochas derretidas e lançadas ao ar no impacto da cratera de Chicxulub – que estão concentradas numa camada a 300 mil anos “abaixo” da camada limite KT. Ele diz que isso é uma evidência de que o impacto de Chicxulub e a extinção em massa dentro do limite KT, provavelmente, são acontecimentos independentes, ou seja, que não foi o meteoro de Chicxulub que a causou.
Outra grande questão é se o enorme impacto de Chicxulub, que sem dúvida ocorreu e foi catastrófico, foi responsável por extinções. Talvez, responde o Dr Harting, pois o amonite, uma criatura marinha semelhante ao nautilus, foi extinto no período entre o impacto de Chicxulub e antes do limite KT, disse ele.
Se esse impacto matou os amonites ainda não está claro, de acordo com Harting. Os modelos iniciais do impacto de Chicxulub previram um cenário de ‘inverno artificial’ causado pela densa camada de poeira em suspensão que fez o planeta esfriar e resultou na morte da vida vegetal que se prolongou por anos, causando uma extinção em em massa.
No entanto, animais de sangue frio como o crocodilo e a tartaruga, ao que tudo indica, parecem ter passado por isso incólume. Isso é uma atenuante que reduz a fama de Chicxulub como o maior de todos os assassinos: até mesmo impactos de proporções gigantescas não necessariamente resultam em catástrofes globais.
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