O que o ex-líder chinês Jiang Zemin pensava em 25 de abril de 1999

03/05/2013 19:19 Atualizado: 06/05/2013 13:51
Ex-líder chinês Jiang Zemin no Grande Salão do Povo em 21 de outubro de 2007. (Goh Chai Hin/Getty Images)

A lógica, se é que essa palavra é adequada, do ex-líder chinês Jiang Zemin na noite de 25 de abril de 1999 entrará para os anais da história.

Naquela noite, ele escreveu uma carta aos líderes do Partido Comunista Chinês (PCC), despachada do Gabinete Central do PCC, explicando por que um grupo de quase 100 milhões de adeptos espirituais pacíficos na China precisava ser preso, torturado e submetido à lavagem cerebral para renunciar a suas crenças.

Muitos no PCC se opunham à repressão contra o Falun Gong, uma prática tradicional chinesa de meditação e cultivo espiritual que ganhou popularidade sem precedentes na década de 1990. Mas Jiang Zemin viu as coisas em termos bastante diferentes da maioria das outras pessoas.

Em 25 de abril de 1999, o encontro silencioso de 10 mil praticantes do Falun Gong fora do complexo da liderança comunista chinesa foi recebido pelo então primeiro-ministro Zhu Rongji com uma reunião tranquila. Ele queria saber quais eram suas preocupações e por que estavam lá.

Os praticantes eram perseguidos pela polícia há vários anos, seus livros foram proibidos de publicação e, pouco antes, um número deles havia sido espancado e preso por participar num protesto silencioso numa cidade próxima. Eles buscavam reparação.

Na China, onde o controle e a “gestão” do PCC se estendem a quase todos os cantos da sociedade e o público não tem um canal efetivo de mediar suas divergências com o regime, geralmente, a única opção que resta é ficar na rua e esperar para ser ouvido. Os praticantes do Falun Gong faziam isso.

Mas para Jiang Zemin o fato de que este grande grupo ainda existia na China era uma afronta.

“Sinto-me profundamente triste que não tenhamos sido alertados previamente sobre tal tipo de organização nacional, que conta com muitos seguidores do PCC, funcionários públicos, acadêmicos, militares, bem como trabalhadores e camponeses”, escreveu ele.

Ele observou que este era “o encontro de maior escala em Pequim desde o evento político de 1989”, referindo-se aos protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial, que terminaram numa sangrenta repressão militar.

Jiang Zemin destacou o desafio ideológico representado pelas crenças do Falun Gong, “A ocorrência deste evento ilustra que péssimo trabalho ideológico e popular alguns de nossos departamentos e agências têm feito!”

A resposta de Jiang Zemin ao Falun Gong? Outra sangrenta repressão – embora esta tenha sido realizada com polícia secreta, confissões forçadas, sessões exaustivas de propaganda na televisão em horário nobre, estudos ideológicos forçados, promessas de fidelidade ao PCC, doutrinação ateísta e do marxismo-leninismo e, para todos aqueles que não se arrependessem de suas crenças, longas penas de prisão, câmaras de tortura e campos de trabalhos forçados.

O resultado é que 14 anos depois, milhares de pessoas inocentes foram torturadas e espancadas até a morte (o número real é provavelmente muito maior), dezenas de milhares de pessoas teriam sido assassinadas por seus órgãos, uma sociedade fragmentada e imensa destruição, atrocidade e tragédia impostos à China sem qualquer benefício tangível.

“Temos de manter a educação dos oficiais e do povo com uma visão correta sobre o mundo, a vida e os valores”, escreveu Jiang Zemin em sua carta de 25 de abril.

“O marxismo, o materialismo e o ateísmo que os membros de nosso Partido Comunista defendem não vencerem a batalha contra o que o Falun Gong promove?”

A carta continua: “Isto é absolutamente ridículo!”

Mas ‘ridículo’ não pode sequer começar a descrevê-lo.

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