O Movimento Realista Contemporâneo – Parte 1

15/08/2012 20:33 Atualizado: 06/08/2013 15:37
Max Ginsburg, Despejados: ‘’É inconcebível que as pessoas estão sendo expulsas de suas casas, permitindo que a ganância e os lucros venham antes das pessoas. Eu escolhi expressar essas realidades, não como uma metáfora, mas de cabeça erguida.’’ (Imagem cortesia do artista)

Um novo movimento de artistas vivos está retomando a palavra “contemporâneo” e associando-a com técnicas tradicionais dos velhos mestres aplicadas à experiência humana, bem como temas importantes dos tempos.

O público em geral está crescendo, cansado da arte que precisa de longas explicações e justificativas. Mais e mais pessoas querem reconhecer o que estão olhando e responder a um nível humanista, ao invés de um puramente conceitual.

O movimento realista contemporâneo começou como uma reação aos modernistas e pós-modernistas, que ainda dominam o mercado de arte hoje.

Quando se pode tomar um objeto existente, colocá-lo em um museu e chamá-lo de arte, o sentimento geral entre este movimento crescente é que a definição de arte tornou-se tão ampla que a palavra “arte”, como definido pelo estabelecimento da arte atual, deixa de ter significado.

O movimento modernista teve origem no início de 1900, e um crítico da época observou: “O propósito declarado da arte foi adulterada, com a introdução de elementos de composições desfalcadas…muitos amigos da arte esperam que isso cumpra o seu destino, mas poucos campeões veem uma revolução em curso.” [1]

Os modernistas oprimidos rapidamente tomaram conta do mundo da arte, domando-a completamente até o final da década de 1940. Após a tragédia das duas guerras mundiais e da Grande Depressão, a humanidade foi deixada com um coração de cinismo e uma mente cheia de pensamentos existencialistas, duas qualidades que a arte moderna e pós-moderna levou para o seu núcleo.

Em reação a essa visão negativa sobre a humanidade e as suas realizações, os realistas contemporâneos sentiram que a humanidade seria melhor servida se retratada através da arte, as qualidades da vida que nos unem como povo, ao invés da degradação da civilização.

Nada diz mais sobre a cultura do que a arte que ela idolatra. A arte representa o que a cultura valoriza, o que seu povo pensa, e essencialmente, o que eles consideram digno de lembrança. A arte é a representação de um povo, encapsulando a sua essência em cada nível.

Estes artistas acreditam que há mais grandiosidade na arte do que a “Fonte” de Marcel Duchamp, que nada mais é do que uma privada, ou a obra de Jackson Pollack, que nada mais é do que a tinta espalhada.

Realistas contemporâneos olharam novamente para a arte que antecederam essas catástrofes globais, para os velhos mestres, e especialmente para os artistas clássicos do século XIX, cujas obras alcançaram seu auge pouco antes do início do modernismo. Eles agora são os progenitores de um renascimento com novos temas encapsulando a liberdade de expressão através da narrativa visual.

A internet se tornou a ferramenta mais importante para o movimento realista. Isso permitiu ao movimento ganhar força verdadeira cerca de 10 anos atrás, ligando pessoas com a mesma opinião, permitindo-lhes encontrar um ao outro e promover seus pensamentos aos outros.

Através de grupos como Boa Arte, o ‘Art Renewal Center’ (ARC) foi fundado como um centro do Realismo. Tornou-se o maior museu on-line e o único, na época, dedicado à arte tradicional.

O ARC procurou as poucas escolas de atelier restantes onde ainda são utilizados os métodos de treinamento dos velhos mestres. Encontrando apenas 14 existentes naquela época, com menos de 200 alunos, ARC os anunciou ao público.

Desde aquela época, as escolas de atelier têm crescido dramaticamente, com mais e mais criadas a cada ano. No site do Arte Renascente, 72 escolas de atelier e oficinas estão na lista, com o número de alunos multiplicado, fora as que não foram listadas e estão por aí.

Outras alianças também se formaram, como a Sociedade Americana de Realismo Clássico, A Guilda Internacional do Realismo, Sociedade Americana de Pintores de Retrato, Pintores à Óleo de América, Pintores Chineses Internacionais de Figura Humana, e o Clube de Artes da Califórnia, entre muitos outros.

Agora existem revistas que se dedicam ao Realismo, como o Perito em Belas Artes, Ar Pleno, Defensor do Artista, Artes Americanas Trimestrais, Arte do Ocidente, entre outras.

Duffy Sheridan: Promessa da renovação. (Cortesia do autor)

Isto é realmente uma coisa maravilhosa, uma vez que acredito que a educação eficaz é uma das ferramentas mais poderosas que temos para moldar o futuro”, ele disse. [2]

“Estes grupos estão todos unidos, figurativamente, se não literalmente, em seu objetivo de trazer pintura realista, desenho, escultura de volta para a vanguarda da arte contemporânea.

As escolas de atelier são a base do movimento. Elas são a fonte da formação adequada, que é negada à maioria dos universitários e currículos de arte na faculdade.

Por exemplo, quando eu estava começando meu bacharelado na Universidade Drew, Nova Jersey, que possui um programa de artes respeitável, me inscrevi para um curso de escultura. Quando cheguei para a aula, eu aprendi que não se tratava de barro, mas objetos existentes. Quando perguntei qual o nível de escultura começou a trabalhar com argila, foi-me dito que eu precisaria fazer um curso de cerâmica se quisesse fazer vasos.

Como a maioria dos artistas realistas sabem, a argila é uma ferramenta fundamental para aprender a esculpir a figura humana, algo que o programa da faculdade não ensinou. Embora este seja um exemplo, isso não é incomum, mas norma.”

No Centro de Arte Renascentista, são recebidas cartas quase que diariamente de artistas e amantes da arte que relataram experiências semelhantes.

Julian Halsby escreveu: “Estou escrevendo da Grã-Bretanha para dizer o quanto eu apoio o seu movimento para a restauração dos valores tradicionais da arte. Há muitos de nós aqui no Reino Unido que acreditam que a arte moderna é, em muitos aspectos, uma trapaça, e que os valores tradicionais devem ser restaurados em escolas de arte.

“Temos uma revista chamada A Gralha, em que David Lee ataca o Estabelecimento da Arte. Eu escrevo para a revista O Artista e muitas vezes expresso opiniões semelhantes às suas.”[3]

James Oliver escreveu: “Eu sou um artista que ficou desencantado com o mundo da arte a tal ponto que tenho perseguido um ensino de ciências em seu lugar. Eu acho que este site é a primeira indicação real de que a loucura está começando ser varrida à medida que a humanidade redescobre o belo”. [4]

“Como artista e professor, acredito que o futuro só será possível se colocarmos as artes de volta onde elas sempre pertenceram, no coração da educação humana”, escreveu Jean Corbeil. [5]

Estes são apenas uma pequena amostra das mais de 400 cartas postadas no site ARC. Cartas vêm de todo o mundo e expressam opiniões e experiências semelhantes.

Kara Lysandra Ross é a diretora de Operações do Centro de Artes Renascentista e uma especialista em pintura europeia do século XIX.

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Notas:

[1] Yockney, Alfred. O anal de Arte: A Arte de E. Blair Leighton, London Virtue & Co, Natal de 1913, introdução.

[2] E-maill de Anthony Waichulis para Kara Ross. 2 de novembro de 2011.

[3] Carta de Julian Halsby para Fred Ross, Presidente do Centre de Arte Renascentista. 11 de março de 2002.

[4] Carta de James Oliver para o Centro de Artes Renascentistas. 26 de arco de 2002.

[5] Carta de Jeanne Corbeil para Fred Ross, Presidente do Centre de Arte Renascentista. 14 de janeiro de 2008.