Ao longo dos últimos meses, o nosso planeta tem sido impactado por um aumento de explosões solares que irromperam da superfície do sol.
Mesmo que a máxima solar – período de maior atividade no ciclo de 11 anos do Sol – prevista para o próximo ano seja menor que a sua antecessora de uma década atrás, seu impacto na sociedade ao longo dos próximos meses poderá ser pior que a ultima.
O principal motivo disto é que houve um aumento da dependência da sociedade em serviços espaciais, que são severamente influenciados por estes fenômenos.
O impacto que o clima espacial tem em nossas vidas diárias reside na nossa dependência na tecnologia, em especial nas redes de eletricidade, comunicações a rádio e serviços via satélite.
Enquanto a nossa dependência de energia elétrica é óbvia, nossa dependência na comunicação via rádio pode não ser.
Posições difíceis
Por “comunicações de rádio” não me refiro apenas a walkie-talkies e rádios bidirecionais. Organizações militares ao redor do mundo, incluindo a Força de Defesa da Austrália, têm utilizado radares terrestres de vigilância para proteção das fronteiras, e têm feito isso desde o fim da segunda guerra mundial.
Um aspecto adicional da nossa atual tecnologia, que é fortemente influenciada pelo clima espacial, é a comunicação via satélite. Isso não só inclui o telefone e a televisão. Mas também, o serviço de posicionamento via satélite, tal como o GPS (Global Positioning System).
Os efeitos diretos que os eventos do clima espacial têm sobre nossa comunicação via satélite são:
1) Satélites são submetidos a altas radiações no ambiente espacial, que podem causar danos ao hardware.
2) Os sinais de rádio transmitidos pelo satélite são manipulados pela camada de gás parcialmente ionizada na atmosfera superior da terra – a Ionosfera.
Um exemplo onde os satélites sucumbiram à ira do sol foi a perda de dois satélites de telecomunicação Canadenses que foram expostos a uma intensa perturbação geomagnética, em 1994. Os satélites foram repostos com um custo de aproximadamente 400 milhões de dólares.
A ionosfera terrestre é uma dominante fonte de interferência no posicionamento do GPS, devido ao efeito nas ondas de rádio que passam pela atmosfera. O comercial “SATNAVs” e smartphones mais recentes, que as pessoas comumente usam para navegar pela cidade, são precisos em algumas dezenas de metros, e a queda na precisão destes dispositivos durante uma tempestade geomagnética pode não ser facilmente notada.
Mas as indústrias que realizam operações de posicionamento de alta precisão (ao nível de centímetro), como levantamento e exploração de minério, são fortemente impactadas por perturbações no clima espacial.
Arrastar e Soltar
Um efeito menos direto do clima espacial à nossa infraestrutura tecnológica é o dramático aumento de satélites de pequena órbita que são arrastados pela atmosfera, devido ao aquecimento que ocorre na atmosfera superior durante tempestades geomagnéticas.
Satélites de baixa órbita geralmente residem em altitudes menores que dois mil km e uma grande porção destes são satélites de observação terrestre (EOS).
Muitos australianos não sabem quanto, em dinheiro, os departamentos e organizações do seu governo dependem dos EOS em suas operações diárias. O governo federal gasta por volta de 100 milhões de dólares por ano em aquisição de dados de EOS.
Os serviços prestados com esses dados contribuem com 3.3 bilhões de dólares ao produto interno bruto anual da Austrália. Isso significa que o governo recebe um retorno 30 vezes maior que o investido em EOS, apesar de não possuir nenhum deles em órbita atualmente.
Dessa forma, mesmo a Austrália possuindo alguns poucos satélites em órbita, sua economia é fortemente dependente de serviços espaciais.
Um exemplo do impacto negativo que o intervalo de dados dos satélites tem na Austrália é a perda de dados de LANDSAT EOS devido o desligamento do satélite ou seu mau funcionamento.
Isto custou à Austrália cerca de 100 milhões de dólares no primeiro ano – todo o investimento inicial do governo federal – com fluxo sobre efeitos esperados em anos subsequentes até que os substitutos sejam lançados.
Perdidos no Espaço
Os leitores podem se lembrar que em 1989, quando uma grande tempestade geomagnética destruiu transformadores no Canadá, causou apagões generalizados e quedas de energia por toda América do Norte.
Porém, houve um problema menos divulgado que esta mesma tempestade causou, onde cerca de 1500 objetos em órbita foram completamente perdidos pelo Comando de Defesa Aeroespacial norte americano (NORAD).
A maioria destes objetos perdidos era “lixo espacial”.
O resto era satélites operacionais que valiam milhões de dólares. Um dos objetos foi encontrado orbitando a 30 km de altitude mais baixo do que quando começou a tempestade. Isto custou à NORAD mais de sete dias para encontrar todos os objetos e retornar às operações normais.
Mantendo o foco
A partir do exemplo da LANDSAT acima, é fácil de ver o quão vulnerável a economia Australiana é em relação à perda dos EOS, devido a colisões com detritos espaciais, em particular durante os dias seguintes a uma grande tempestade geomagnética.
A previsão do clima espacial é uma tarefa desafiadora na qual várias organizações em todo o mundo são especializadas. Estas organizações incluem, mas não se limitam, ao ‘Centro de previsão de clima espacial NOAA’ nos EUA, o ‘Centro de Análise de dados de influência Solar na Bélgica’ e o ‘Centro de previsão espacial Australiano’ – o ramo de clima espacial está dentro do departamento meteorológico do governo.
A importância do trabalho que estas organizações prestam está aumentando significantemente ao longo que nos tornamos mais dependentes da tecnologia.
Por isso, é importante que os cientistas espaciais e meteorologistas espaciais mantenham o foco no estudo destes impactos e forneçam precisões precisas para indivíduos e indústrias que dependem destas tecnologias.
O próximo máximo solar será um verdadeiro teste.
Este artigo foi originalmente publicado por The Conversation.
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