Sempre se relacionou o Ginseng com o folclore popular e a magia. Tal como os ricos bosques das montanhas onde cresce naturalmente, seu uso data de mais além das névoas da antiguidade.
Este arbusto de folha perene pertence ao gênero Panax, que deriva da palavra grega Panakos, ou, em português, panaceia, que significa remédio que tudo cura. Tanto as variedades asiáticas como as americanas que se empregam na medicina compartilham os mesmos hábitos de crescimento e praticamente o mesmo aspecto, a única diferença é a variedade asiática ser maior.
O ginseng americano
O ginseng americano (Panax quinquefolius) se encontra em todos os bosques caducifólios das montanhas da América do Norte oriental e central. As primeiras espécies de ginseng americano se transportaram para a Europa em 1704.
Não deveria surpreender-nos que os índios norte-americanos também o conhecessem, e utilizassem as raízes por suas características medicinais. Chamavam-no “Garantoquen”, cuja tradução é “como um homem”, fazendo referencia a estrutura da raiz bifurcada (que com um pouco de imaginação pode-se vê-la semelhante à forma de um homem). É interessante notar que o nome em mandarin do ginseng é “ren shen”, possuindo um significado similar. De fato, o caractere chinês para “ren” também nos recorda a forma da raiz.
Os índios americanos têm um método particular de desenterrar a raiz, colhe-se só depois que o fruto vermelho da planta amadurece. Antes de proceder a escavá-la, dobrasse o talo pela parte inferior rente a terra. Segundo o que se diz, este método aumenta a velocidade da germinação e produz um melhor rendimento para o futuro.
As índias sioux desenvolveram diferentes formas de limpar e processar o ginseng e se dizia que colhiam a melhor raiz de todas as tribos.
O ginseng asiático
O ginseng asiático (Panax ginseng) se encontra fundamentalmente no hemisfério norte e principalmente na China, Tibete, Mongólia e Coreia. Tradicionalmente, as espécies coreanas e as da região da Manchúria (China) se consideravam as mais valiosas. Os chineses ricos podem chegar a pagar 200 mil dólares pelas propriedades revitalizantes de uma raiz de ginseng de primeira classe.
Estas raízes altamente valorizadas crescem de forma silvestre nas regiões montanhosas da Coreia e ao nordeste da China nas montanhas de Xiaoxinganling e Changbai. Desenvolvem-se em encostas entre 500 e 1.100 metros de altitude acima do nível do mar.
Descobriu-se que o ginseng selvagem que cresce nas árvores velhas, em solo de argila com ar muito úmido, tem maior potência que o ginseng que cresce fora de seu ambiente natural que é de uso comercial. Isto mostra que a natureza da planta está intimamente relacionada com o ambiente de sua origem.
Segundo a filosofia daoísta, devido a seu crescimento nas montanhas frias e escuras, descreveu-se o ginseng como de natureza ligeiramente fria, o que significa ser mais Yin. Mas ele também é algo Yang, posto que cresce nas encostas das montanhas, que se considera ser Yang.
Características curativas
Dos cinco elementos conhecidos na medicina chinesa, o ginseng é considerado parte do elemento Terra, já que seu habitat de crescimento é nas montanhas. Também por natureza, ele é algo doce.
Cada um dos cinco elementos está relacionado com certos órgãos. O baço e o estômago pertencem ao elemento Terra, portanto, o doce do ginseng pode fortalecer o Yang do baço e do estomago, enviando energia através de todo o corpo. Segundo a fitoterapia (medicina de ervas chinesa), um sabor doce pode umedecer, tonificar e aumentar a energia vital.
O ginseng é uma das plantas mais valorizadas pelos médicos chineses e seu uso data de no mínimo de 5.000 anos. São-lhe atribuídos muitos benefícios à saúde. Numerosos cientistas ocidentais renomados se perguntam como uma planta pode ter tanto uso terapêutico. A resposta a isto é relativamente simples, quando entendemos o que os médicos chineses tradicionais conheciam muito bem: que o efeito primordial do ginseng no corpo é o de regular o funcionamento da hipófise.
A glândula hipófise e a tireoide regulam a produção de outros hormônios no corpo.
Os hormônios sexuais e os secretados pelas glândulas suprarrenais, também são regulados pela hipófise. Esta pode ser a razão pela qual o ginseng tem a reputação de atuar como rejuvenescedor e de conservar a saúde dos órgãos sexuais.
Os chineses, como um costume de toda a vida, têm um método tradicional e simples de utilizar o ginseng. Guarda-se um pedaço de raiz seca no bolso. Quando se necessita uma recarga de energia, seja devido a uma enfermidade, fadiga ou quando o entusiasmo pela vida começa a diminuir, saca-se a raiz e mastiga-se um pedaço pequeno. (Também se costuma preparar várias panelas de chá até que a vitalidade se renove.) Então, deixa-se a raiz descansar no bolso, até que se necessite num próximo desafio. Aqui está a maior utilidade do ginseng, como um reforço de energia num curto período de tempo.
Os ocidentais, buscando beneficiar-se de suas qualidades, deveriam usá-lo da mesma maneira. Aqueles que têm a hipófise saudável, que se movem rápido, com energia e entusiasmo para queimar o dia todo e que não carregam excesso de peso, não necessitam do ginseng. Ao contrário, pessoas mais pesadas e que se movem um pouco mais lentamente podem se beneficiar ao tomar uma taça de chá de ginseng de vez em quando. Prove uma pequena quantidade, e obterás uma nova perspectiva da vida, além de mais energia, e poderás entender porque os chineses o chamam de “a maravilha mundial”.
Nota do editor: Antes de se fazer qualquer tratamento com ervas, por favor, consulta seu médico. Devido à presença documentada de metais pesados em plantas que provêm da China, recomenda-se ao leitor evitar o consumo de plantas crescidas neste país.