Há uma semelhança sinistra entre o general egípcio Abdul Fatah al-Sisi e o falecido ditador chileno general Augusto Pinochet. Uma semelhança que vai muito além da aparência física ereta, desafiante e de óculos escuros. Talvez um psicólogo pudesse explicar a queda dos ditadores pelo uso dos óculos escuros, mesmo à noite, como se houvesse algo que eles não querem que o mundo veja, os pensamentos de pessoas sem escrúpulos.
Pode-se argumentar que aqueles militares que encenaram um golpe de Estado só chegaram ao poder porque o povo de seus países lhes pediu para fazê-lo. O que não se costuma dizer, no entanto, é que seus golpes geralmente são cuidadosamente orquestrados: desde a falta de necessidades básicas para a maioria da população e da insegurança generalizada nas ruas até a completa demonização na mídia dos presidentes eleitos.
Até agora, os movimentos iniciais de Al-Sisi são suspeitos e fazem parecer que ele é tão cruel como Pinochet. Há algo inoportuno, para não dizer irresponsável, em convocar o povo egípcio que apoiou o golpe de Estado na Praça Tahrir ao mesmo tempo em que os apoiadores de Morsi também se manifestavam por seu líder caído. Isto garantiu que muito mais pessoas fossem mortas, como até agora tem sido comprovado, além dos 180 que morreram desde 30 de junho, quando manifestações de massa pediam a derrubada do presidente Mohamed Morsi.
Al-Sisi afirmou que a manifestação de apoio nacional à derrubada de um presidente democraticamente eleito, mesmo se ineficaz, lhe dará o mandato para lutar contra “a violência e o terrorismo”. Em vez disso, como resultado da repressão dirigida por Al-Sisi, o número de pessoas mortas poderá alcançar ou ultrapassar os mortos no Chile durante o governo despótico de Pinochet, ou seja, mais de 3 mil pessoas.
“As forças de segurança falharam repetidamente em proteger os manifestantes, transeuntes e moradores do ataque de assaltantes armados. Eles também falharam em intervir de forma eficaz para acabar com confrontos violentos entre grupos rivais”, afirmou Hassiba Hadj Sahraoui, vice-diretor da Anistia Internacional do Programa África do Norte e Oriente Médio.
Muitos entre os que agora apoiam o exército parecem ter esquecido os crimes passados que os militares cometeram e estão inclinados a acreditar na boa vontade dos generais e a apoiar às instituições democráticas do país. Eles podem se decepcionar. “Devido ao uso rotineiro de força excessiva pelas forças de segurança, tal medida é susceptível de conduzir a mais mortes e ferimentos ilegais e a outras violações dos direitos humanos”, disse Hassiba Hadj Sahraoui, numa advertência presciente antes dos acontecimentos de 26 de julho.
Os acontecimentos provaram que ele estava certo. No momento desta escrita, dezenas de civis foram mortos e feridos e há reclamações sobre o uso de tortura pelas forças de segurança. A repressão brutal do exército esmaga qualquer possibilidade de um acordo entre o governo e a Irmandade Muçulmana. Será que haverá um fim para o presente pesadelo do Egito? Certamente haverá, mas não por meio da utilização da força e não enquanto os militares estiverem realmente no poder.
O Dr. Cesar Chelala é covencedor do prêmio Overseas Press Club of America
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