O espião que ajudou o Partido Comunista Chinês a conquistar a China

13/03/2012 00:00 Atualizado: 13/03/2012 00:00

Shen Jian. (Imagem de tela do Cnhan.com)Shen Jian se tornou um importante diplomata

Nos últimos anos, escândalos sucessivos chamaram a atenção para a agressiva e frequentemente bem sucedida espionagem do Partido Comunista Chinês a seus inimigos. Tal espionagem não é um acontecimento novo. O Beijing Evening News recentemente reportou sobre um dos espiões mais bem sucedido do Partido Comunista Chinês, ele teve um papel importante na derrota do nacionalista Kuomintang (KMT) sob Chiang Kai-shek pelo Partido Comunista Chinês (PCCh).

O mundo conheceu Shen Jian como o primeiro-embaixador na Índia do PCCh e como o escolhido em 1960 por Zhou Enlai para servir como primeiro-embaixador do PCCh em Cuba. Contudo, o que realmente o ajudou a se tornar um alto diplomata foi seu trabalho como espião, que foi feito sob outro nome.

O nome de nascença de Shen Jian era Shen Zhemin. Zhou Enlai certa vez nomeou Shen como um dos três heróis da inteligência secreta: Xiong Xianghui, Shen Zhemin e Chen Zhongjing. Eles ganharam a confiança de Hu Tsung-nan, o comandante militar mais importante e preferido de Chiang Kai-Shek, e, clandestinamente, proveram informação militar do KMT ao PCCh.

Shen cursava a Universidade Normal de Beijing em 1937 e em maio de 1938 foi secretamente recrutado pelo PCCh.

Ele tentou todos os meios para ganhar a confiança de Hu Tsung-nan e serviu como secretário da Liga Jovem. Ele era capaz de ingressar na Agência de Investigação e Estatística (BIS) e na Central de Investigação e Estatística (CBIS), duas importantes agências de inteligência do KMT.

Porque Shen Zhemin controlava os agentes secretos da Liga Jovem de Shanxi do KMT, ele ganhou acesso a muitas informações confidenciais.

Uma vez, Hu Tsung-nan ordenou que suas forças ocupassem um condado. Shen Zhemin imediatamente chamou o quartel general do PCCh em Yan’an e relatou o plano. O PCCh foi capaz de retirar suas tropas, e Hu Tsung-nan não ganhou nada com o ataque.

Em junho de 1943, Chiang Kai-Shek ordenou que Hu Tsung-nan atacasse subitamente Yan’an, esperando eliminar Mao Tsé-tung e o Comitê Central do PCCh de uma única vez.

Naquele tempo, Yan’an era praticamente uma cidade vazia com apenas cerca de 30 mil soldados do PCCh. Quando Xiong Xianghui e Shen Zhemin souberam da notícia, eles enviaram uma mensagem ao PCCh em Yan’an imediatamente. Mao Tsé-tung e o Comitê Central do PCCh escaparam, e Hu Tsung-nan encontrou a cidade vazia.

Enquanto Shen Zhemin provia informação ao PCCh, ele era muito bom em se disfarçar e tinha a confiança das forças nacionalistas.

Entre 1942 e 1943, o Comitê Central do KMT organizou um centro de treinamento em Zhongqing liderado por Chiang Kai-Shek. O principal objetivo era treinar altos oficiais militares e a liga jovem em diversas províncias.

Chiang Kai-Shek atendeu a cerimônia de graduação pessoalmente. Shen Zhemin fez um discurso em nome de todos os estudantes. Esse alto e elegante espião do PCCh era excepcional em discursos públicos e deixou profunda impressão. Depois da cerimônia, ele foi gratificado com um encontro pessoal com Chiang Kai-Shek em duas ocasiões distintas.

Depois que a guerra com o Japão acabou em 1945, Shen foi promovido a coronel no quartel general de Hu Tsung-nan e era de grande confiança de Hu.

Embora os três espiões do PCCh, Xiong Xianghui, Shen Zhemin e Chen Zhongjing, estarem sob serviço de Hu Tsung-nan por tanto tempo, Hu nunca aparentou suspeitar de suas reais identidades.

Em 1946, Hu decidiu mandar Xiong Xianghui, Shen Zhemin e Chen Zhongjing para os Estados Unidos para prosseguirem seus estudos.

Em julho de 1949, Shen Zhemin e sua esposa retornaram à China Continental. No final de 1949, o PCCh removeu o KMT da China Continental.

Mais tarde, o líder do PCCh, Liu Shaoqi, trocou o nome de Shen Zhemin para Shen Jian, e foi movido da inteligência para trabalhos diplomáticos. Em 1950, Shen Jian serviu como o primeiro-embaixador na Índia do PCCh e em 1960 como o primeiro-embaixador em Cuba.

Posteriormente, ele serviu como subsecretário-geral do Departamento de Relações Internacionais do Comitê Central do PCCh, vice-ministro da Associação Fraterna China-Cuba, associado sênior do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas e professor na Escola de Relações Internacionais da China.

Shen Jian morreu em março de 1992 em Pequim.