No inicio de seu mandato, Barack Obama declarou que ele iria renovar os compromissos dos EUA com os rigores da pesquisa científica.
Num discurso em 27 de abril de 2009 perante a Academia Nacional de Ciência, o presidente disse o que muitas organizações científicas e grupos de defesa haviam esperado por décadas para escutar: que a nova administração irá trabalhar para estabelecer políticas federais para “informações científicas mais imparciais e melhores”.
“Eu quero ter certeza de que os fatos estão direcionando as decisões científicas”, disse o Presidente Obama, “e não o contrário”.
Após dois mandatos do presidente George W. Bush – um período tanto de críticas como de formulações de políticas nos EUA que desconsiderou a comunidade científica – muitas organizações científicas acreditavam que a ideologia conservacionista representou uma séria ameaça à sua autoridade cultural. Mas um novo estudo revelou que esta tendência pode ter surgido pela primeira vez quando a ciência expandiu suas próprias influências políticas.
Na American Sociological Review (Periódico de Sociologia Norte Americana) deste mês, Gordon Gauchat examina cerca de 40 anos de dados de avaliação da confiança da nação na ciência. Suas pesquisas mostram que embora a fé do público na comunidade científica se manteve relativamente consistente ao longo das últimas quatro décadas, a confiança entre os conservadores deu um mergulho de cabeça.
Dado as atitudes dos conservadores contemporâneos em relação às metodologias científicas e formulação de políticas no ramo das pesquisas, as descobertas de Gauchat podem não vir como um choque. O que é inesperado, diz Gauchat, é que a confiança na comunidade científica não tem diminuído de maneira uniforme como muitos sociólogos haviam previsto. Em vez disso, o relato de Gauchat demonstra uma tendência clara e específica a um único grupo social.
Suas descobertas são baseadas numa enquete periódica que vem avaliando as tendências sociais norte americanas desde 1970. Quando o teste começou, conservadores bem educados exibiram uma maior confiança na ciência comparado a outros grupos. Mas em 2010 o número caiu bastante, quase 30 pontos desde 1974, sobrando cerca de apenas um terço dos conservadores que ainda colocam sua confiança na comunidade científica.
Enquanto alguns dizem que a tendência é resultado de influências da direita religiosa, ou para o estabelecimento do império de uma mídia conservadora, Gauchat sugere que grande parte da polarização política poderia derivar de visões conservadoras que determinam o papel que a ciência deveria ter.
Nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, analistas observaram que ideologias políticas de qualquer faixa exibiram um respeito relativamente consistente para com o estabelecimento científico. Mas nas décadas seguintes, quando o foco da ciência mudou de armas e tecnologia para o crescente envolvimento com influência política e regulação industrial, um retrocesso conservador nasceu.
“No passado, a comunidade científica foi vista como preocupada principalmente com questões macro estruturais, tal como vencer a corrida ao espaço”, escreveu Gauchat. “Hoje em dia, conservadores percebem a comunidade científica como algo mais focado em assuntos regulatórios tal como diminuir a produção de gás carbônico emitido pelas indústrias”.
Enquanto um estudo científico pode apontar para uma mudança na política social ou mais rigorosas normas ambientais, pesquisas nem sempre mantém pesos iguais em ambos os lados do corredor. Gauchat explica que em alguns casos, os resultados das pesquisas podem entrar em conflito com os valores tradicionais ou outros interesses específicos de princípios conservadores. Em outros casos, o processo científico em si é posto em questão.
Os críticos conservadores afirmam que enquanto um estudo pode lutar por neutralidade, também pode sucumbir aos interesses dos diversos atores envolvidos. Analistas dizem que os conservadores que rejeitam pesquisas podem insistir que por trás de um suposto resultado como objetivo pode estar uma agenda institucional que pode ser influenciada por organizações financeiras poderosas.
Enquanto a confiança na ciência pode não ter mudado entre todos os grupos, como alguns sociólogos previam, Gauchat diz que seus antecessores também deixam a desejar sobre como lidar com uma fé declinante, ainda mais para os conservadores.
Remédios antigos para falta de confiança necessitaram de mais educação, onde não crentes poderão ver o valor do rigor científico uma vez que aprendam como funciona a mecânica da ciência. No entanto, uma vez que um grande número de conservadores viraram suas costas para pesquisas envolvendo indivíduos com os mais altos níveis de educação, essa correção não parece ser mais ser apropriada.
“Simplesmente, a ciência sempre foi politizada”, escreveu Gauchat. “O que ainda não está claro é como orientações políticas moldam a confiança publica na ciência e como essas dinâmicas influenciam fortemente no modo como a ciência é organizada”.
O que está claro, é que sem a influência neutra e objetiva necessária para domar assuntos altamente politizados, a autoridade cultural da ciência irá continuar em risco.
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