O dilema do nascimento pélvico – Parte 1

03/04/2012 00:00 Atualizado: 03/04/2012 00:00

PENSAMENTOS POSITIVOS: A comunicação com o feto pode ajudá-lo a posicionar-se melhor no útero, resolvendo os problemas de posicionamento pélvico. (Photos.com)

Uma perspectiva diferente

Uma coisa que todos nós temos em comum é que chegamos nesta vida através do nascimento. No entanto, a qualidade da experiência e as diferentes opções feitas pelos pais sobre o evento podem variar muito.

Essas experiências e escolhas podem ser limitadas para aqueles que estão em posição pélvica no útero e para as futuras mães.

No nascimento pélvico, o bebê entra no canal de nascimento com as nádegas ou os pés primeiro, em oposição ao posicionamento normal de cabeça, no qual o bebê está posicionado de cabeça para baixo, e a cabeça sai primeiro.

Hoje, cerca de 3 a 4% dos bebês apresentam-se na posição pélvica, e a grande maioria nascerá por cesariana.

No início de junho, me juntei a profissionais de destaque da comunidade de nascimento de Los Angeles para discutir prevenção e gestão de cuidados para nascimentos e outros bebês mal posicionados.

Compartilhando informações, experiências e percepções, abordamos alternativas reais para as cesarianas de nascimentos pélvicos, que são tão comuns nos Estados Unidos. Ana-Paula Markel, doula (treinadora de parto) e educadora pré-natal, foi a anfitriã do evento no BINI, Nascimento em North Hollywood para 100 pessoas.

Muitas perguntas foram discutidas, tais como: Por que alguns bebês ficam na posição pélvica? Podemos evitar um posicionamento pélvico ou posterior? Quais são as opções para uma mãe com um bebê pélvico na nossa comunidade?

Markel moderou o painel, que incluiu Naoli Vinaver Lopez, uma parteira mexicana; Davi Kaur Khalsa, um parteiro de Los Angeles; Dra. Suzanne Gilberg-Lenz, especializada em parto vaginal de gêmeos pélvicos em hospitais; Jessica Jennings, uma instrutora de yoga pré-natal que trabalha no BINI; Dr. Elliot Berlin, um quiroprático de Los Angeles, especializado em auxiliar bebês pélvicos; e Dr. Stuart Fischbein, um ginecologista-obstetra que assiste mulheres que escolhem dar à luz em casa. Sob certas condições, Fischbein realiza nascimentos pélvicos em casa.

A apresentação pélvica traz o risco de sérias complicações para o bebê durante o processo de nascimento. Por exemplo, uma vez que a maior parte do corpo, a cabeça do bebê, é a última parte a sair, ele pode ter alguma dificuldade em entrar pelo canal do parto.

Além disso, há o risco de prolapso do cordão, uma condição na qual o cordão umbilical é comprimido enquanto o bebê se move em direção ao canal do parto, diminuindo o fornecimento de oxigênio e sangue do bebê.

Por estas razões, o parto vaginal em posicionamento pélvico, ao contrário da cesariana mais aceita, tem sido muito controverso na área da obstetrícia e entre parturientes.

No entanto, uma cesariana também tem seus riscos, principalmente para a mãe, como infecções, hemorragia e acidente vascular cerebral (AVC).

De acordo com Vinaver, parteiras tradicionais possuem muitas técnicas que são usadas com um bebê pélvico, tais como exercícios específicos para a mãe ou o uso de gelo, calor, ou até mesmo um sino colocado no quadril da mãe, para estimular o bebê a virar. Ela estimou que essas técnicas foram bem sucedidas em 98% dos casos.

O Dr. Fischbein falou de sua prática de ajudar mulheres que estão para dar à luz em casa com bebês pélvicos. No entanto, ele disse: “Não há qualquer treinamento para partos pélvicos.” Há apenas um punhado de médicos na área de Los Angeles dispostos a ajudar uma mãe na tentativa de um parto vaginal pélvico, e os hospitais desaprovam o procedimento.

Sabemos agora que os bebês estão completamente conscientes no útero, e que a comunicação pode acontecer. Os bebês podem ser guiados a posicionarem-se de forma mais fácil para nascer.

Eu sinto que houve algumas questões importantes que faltaram no fórum, incluindo o uso da hipnose para ajudar os bebês a posicionarem-se melhor no útero ou serem guiados a virar antes do nascimento.

No evento, nós apenas olhamos para a mecânica de girar os bebês, tratando-os como “objetos”, ao invés de admitir o fato de que eles são seres plenamente conscientes e com os quais podemos falar.

Essa consciência nos levaria a explorar o fenômeno do porquê os bebês escolhem se posicionar pelvicamente e nos permitir ir além das causas limitadas que a medicina atualmente reconhece.

Esta é a primeira parte de uma série de três.

Na próxima semana: a comunicação com o feto.

Marie-Paul Baxiu, originalmente de Paris, é uma hipnoterapeuta clínica, doula (instrutora de parto), e a fundadora e proprietária do Treinamento Hipnótico de Parto, EasyBirthing.com