O dilema do crescimento econômico brasileiro

01/08/2012 05:54 Atualizado: 01/08/2012 05:54

No mês em que a revista britânica “The Economist”, a mais respeitada na área de economia, chama os “BRICS” de mercados submergentes em função da previsão negativa de crescimento econômico comparativamente com anos anteriores, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) publicam o estudo sobre emprego no mercado brasileiro.

As projeções que o FMI (Fundo Monetário Internacional) faz sobre o crescimento econômico do Brasil, Rússia, Índia e China, os países que há uma década foram chamados de “BRICS” são todas negativas, com exceção da Rússia.

No cenário brasileiro, de acordo com a pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada pelo Dieese e pela Seade na semana passada, o setor que criou mais posto de trabalho no mês de junho foi o da construção civil.

Segundo a PED, a taxa de desemprego passou de 10,6%, em maio, para 10,7% da população economicamente ativa (PEA), em junho, ficando relativamente estável pelo terceiro mês consecutivo. Ainda de acordo com a pesquisa, a PEA cresceu 0,5% de maio a junho, o que representa 109 mil pessoas a mais no mercado de trabalho.

Para Alexandre Loloian, coordenador de análise da pesquisa e economista do Seade esse quadro de estabilidade é positivo diante da conjuntura econômica mundial.

“Embora o nível de atividade não esteja crescendo no Brasil, o nível de emprego tem se mantido. As taxas refletem os ganhos da economia de anos anteriores. Isso não deixa de ser positivo, tendo em vista que grandes economias do mundo estão passando por dificuldades”, avaliou Loloian.

Esse resultado de junho, ainda que aparentemente positivo, demonstra um sinal de alerta para a política desenvolvimentista brasileira, baseada no estímulo ao crédito e no consumo. Isso porque o ritmo de crescimento do emprego está desacelerando, e que, aliado ao aumento da inadimplência e das incertezas na zona Euro, pode ser determinante para a percepção de que é preciso mais ações governamentais do que estímulos ao consumo, como redução de impostos, de entraves burocráticos e o que é mais importante: investimento em infraestrutura e, principalmente, em educação.

Assim, no que pese o entusiasmo de alguns meios de comunicação, especialmente em ano eleitoral, é importante acompanharmos bem de perto a divulgação dos próximos indicadores, de forma que tenhamos um panorama mais isento de como se comportará nossa economia. Mas uma coisa parece certa: a oferta barata de crédito uma hora trará a fatura para ser paga.