Números revelam que a saída de capital da China está acelerando

01/07/2015 11:43 Atualizado: 01/07/2015 11:43

Em alguns casos, a contabilidade pode esconder um problema, e em outros, pode trazê-los à luz. No caso da China, que compra e vende títulos do Tesouro dos Estados Unidos através da Bélgica, podemos ver agora que a saída de capital está acelerando.

Com o mercado imobiliário em declínio e os empréstimos concedidos para produção em declínio, o único mercado para investir é o mercado de ações chinês, que está subindo como uma flecha.

E apesar da capitalização do seu mercado ter ultrapassado os $10 trilhões recentemente, o mercado de ações ainda não é grande o suficiente para acomodar o valor massivo de capital que se situa nos U$ 30 trilhões.

Além disso, até mesmo o mercado de ações está ligado às fortunas da economia chinesa e à perspicácia dos planejadores centrais da China. Já há algum tempo, os jovens empreendedores têm tentado proteger os seus investimentos apostando em qualquer coisa, desde infraestruturas na África até no mercado imobiliário de Nova York.

Um gráfico do total de reserva de moeda estrangeira da China (Bloomberg)
Um gráfico do total de reserva de moeda estrangeira da China (Bloomberg)

A Global Financial Integrity estima que U$ 1.25 trilhão tenha saído do país durante um período de 10 anos, até 2012.

Isso corresponde a cerca de U$ 125 bilhões por ano. Agora, estima-se que a saída de capital ultrapasse os U$ 76 bilhões em apenas 2 meses, de março e abril deste ano, como indicam as holdings em títulos do Tesouro da China e Bélgica.

A China —através da Bélgica— vendeu U$ 116 bilhões em títulos do tesouro em abril e março. A China aumentou as suas holdings para U$ 40 bilhões.

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Isto, por si só, poderia indicar que a China está diversificando suas holdings de moeda externa. Contudo, como podemos ver a partir do gráfico elaborado pela Bloomberg, o total de bens estrangeiros caiu mais de U$ 200 bilhões desde junho de 2014.

Ainda que a taxa de declínio tenha abrandado em abril, se esta tendência continuar, espera-se que fundos adicionais de U$ 304 bilhões saiam até o final do ano, bem acima dos U$ 125 bilhões anuais de médias estabelecidos até 2012.

É também por isto que a taxa de câmbio chinesa está atualmente sob pressão contra o dólar, e a China está acelerando os seus esforços para integrar-se à moeda de reserva do FMI, antes que seja muito tarde.