Números do comércio da China confirmam desaceleração econômica

12/07/2013 11:00 Atualizado: 12/07/2013 11:00
Contêineres no porto de Qingdao, na província de Shandong, leste da China (STR/AFP/Getty Images)

Os planejadores centrais chineses em Pequim já começaram a desistir de 2013 há algum tempo. Eles prometeram 7,5% de crescimento para 2013, mas esse número relativamente baixo está sob pressão. As exportações, um componente-chave da economia chinesa, caíram 3,1% em junho, colocando um grande ponto de interrogação na sustentabilidade do crescimento chinês.

“O setor exportador está se saindo muito mal. Isso sugere que o crescimento total será mais fraco do que inicialmente esperado”, disse Wei Yao, um economista da Société Générale, à Associated Press.

Analistas esperavam um ganho de 3,7% em relação a junho de 2012; mas os números foram uma grande decepção. O declínio de junho de 3,1% ano-a-ano é o pior desde outubro de 2009, quando a economia chinesa estava emergindo de uma recessão.

No entanto, não é apenas o número desse mês que preocupa, mas uma tendência geral de queda. Durante a maior parte do rápido crescimento chinês no início de 1990, as exportações foram o principal motor, permitindo ao país investir em capacidade de produção e criar empregos para centenas de milhões de pessoas.

Após a crise financeira de 2008, no entanto, o crescimento das exportações atingiu o auge em 2010 e têm caído desde então. Como resultado, as exportações já não são o motor do crescimento da economia chinesa. “As exportações podem ter contribuído muito pouco para o crescimento do PIB no segundo trimestre e estimamos que o crescimento do PIB desacelere de 7,7% ano-a-ano no primeiro trimestre para 7,5% no segundo trimestre”, afirmaram analistas do Citigroup em nota a clientes.

Um vislumbre do funcionamento interno da economia chinesa nos diz por que a desaceleração gradual do crescimento das exportações é tão preocupante.

Devido à falta de inovação e produtividade, a China compete no mercado de exportação principalmente em preço e escala. Por causa dos baixos salários, produzir na China era muito barato por boa parte da década de 1990. Da mesma forma, uma moeda artificialmente desvalorizada fez a produção na China mais barata e mais fácil de vender em mercados globais. Além disso, a China era atraente para empresas estrangeiras, porque elas podiam produzir qualquer quantidade – aparentemente não havia teto no tamanho de uma ordem.

Tanto a moeda da China como os salários têm aumentado substancialmente desde meados da década passada, o que de certa forma fornece uma explicação para o abrandamento das exportações.

Num esforço frenético para combater esse declínio e evitar o desemprego generalizado, os planejadores centrais do Partido Comunista Chinês (PCC) mudaram o foco das exportações para o investimento doméstico. Assim, o investimento como proporção do PIB aumentou de 35,1% em 2000 para 48,4% em 2011.

Essa política, no entanto, foi equivocada, segundo o investidor Stanley Druckenmiller: “Em essência, o estímulo frenético que a China injetou no final de 2008 lançou as sementes de um crescimento mais lento no futuro por desperdiçar investimentos mais produtivos”, disse ele ao Goldman Sachs numa entrevista.

De acordo com o HSBC, o regime chinês compreende esse problema. Os analistas dizem que a China está tentando reduzir o excesso de investimento sem prejudicar o crescimento.

“Embora o estímulo de grande escala esteja fora de questão, os formuladores de políticas de Pequim já sinalizaram que encontrarão um equilíbrio entre estabilizar o crescimento e fazer ajustes estruturais. Em sua visita mais recente à província de Guangxi, o primeiro-ministro Li Kiqiang comprometeu-se em garantir que a economia operaria numa faixa razoável, evitando que o PIB e o crescimento do emprego deslizem abaixo da ‘linha limite’ (que acreditamos que seja de cerca de 7%)”, escreveram os analistas numa nota a clientes.

Equilibrar atos como esses são difíceis de alcançar e relatos históricos de sucesso são extremamente raros. Druckenmiller não pensa que aqui haverá uma exceção: “Eu acredito nos mercados. Alguns homens sentados ao redor de uma mesa e decidindo como alocar capital contraria tudo o que sempre acreditei. Não só eles não são formidáveis na alocação de capital, esse tipo de exercício também requer lidar com a falta de direitos de propriedade e com a corrupção”

Essa tendência tem algumas implicações positivas e negativas para a economia mundial. Por um lado, o HSBC rebaixou sua meta de crescimento econômico mundial desse ano para 2%. A desaceleração da demanda por commodities da China – confirmada pela diminuição das importações – já resultou em preços mais baixos das commodities em todo o mundo. Isso é ruim para exportadores de matérias-primas, como Austrália, Brasil e Rússia, mas é bom para a produção e o consumo em países como os Estados Unidos e a União Europeia.

Outra vantagem de longo prazo para a economia mundial seria um balanço comercial mais equilibrado e não um modelo unilateral em que a China produz e os Estados Unidos e muitos outros países consomem. A queda de 5,4% nas exportações para os Estados Unidos reduziu o déficit comercial de junho com a China em US$ 1,9 bilhão, para US$ 17,5 bilhões. É um passo na direção certa, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Por fim, é esperar para ver se Pequim terá sua fatia do bolo e se os desequilíbrios globais em favor da manufatura chinesa persistirão. Na história, os desequilíbrios artificiais nos mercados, por vezes, perduraram por um longo tempo antes que inevitavelmente se invertessem. Os últimos dados da China sugerem que essa reversão já começou.

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