“Família, hoje minha mãe acordou! Ficou oito horas respirando sem ajuda de máquinas”. Este é parte do depoimento de Silvia Munari retirado do livro Mare Decide Viver, que descreve a história de superação da família que lutou por mais de 2 anos em busca de um transplante de pulmão.
Todos os dias, pelos quatro cantos do Brasil, depoimentos como o de Silvia inspiram, dão força e coragem a milhares de pessoas que passam horas ao lado do telefone esperando pela doação de um órgão, além de contribuir para a tomada da mais importante decisão nestes casos: decidir viver!
Wilson Munari, autor do livro, relata que a vontade de viver da esposa, para poder usufruir da companhia de seus filhos, marido, amigos, cães e flores, foi fundamental na tomada de decisão que mudou toda a vida da família. Em 2007, Maria Helena Munari, ou apenas Mare, ficou doente e em 2009, recebeu a notícia de que precisaria de um transplante duplo de pulmão. “Na época em que recebemos a notícia, nem sabíamos que isto existia”, conta Munari. ”O médico disse que se ficássemos no Brasil, ela morreria esperando o transplante, devido ao pequeno número de cirurgias feitas no país e ao grande número de pessoas necessitadas” finaliza Munari.
A saída para a família foi procurar auxílio fora do país, levando-os a mudar para os Estados Unidos. “A razão foi que em um país com muitos doadores, a lei diz que todos doam e poucas pessoas se manifestam para não serem doadores, mas em um país com poucos doadores, a lei é omissa e poucas pessoas se manifestam para serem doadores” explica José Wilson.
Cenário Brasileiro
O cenário de transplantes de órgãos vem avançando de forma lenta, mas crescendo timidamente a cada ano. Nos três primeiros trimestres de 2013, a taxa de doadores cresceu 5,5% em relação à 2012, os doadores efetivos cresceram 3,3% registrando cerca de 12,4 doadores por milhão da população. Segundo um levantamento do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), as estatísticas para 2014 são de 27.951 receptores de órgãos. Destes 19.393 são receptores de rim e 142 de pulmão.
De acordo com a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (ADOTE), um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde aponta que nos últimos cinco anos a espera na fila por um transplante caiu cerca de 40%, de 64.774 em 2008, para 38.759 em 2013. De acordo com o Ministério da Saúde, em Pernambuco, no Paraná, no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Distrito Federal não há mais fila de espera para o procedimento de córnea.