“O número de cristãos perseguidos no mundo é de 150 milhões.” Há muitas outras estatísticas, terríveis e dramáticas, nas páginas do “Livro Negro da Situação dos Cristãos no Mundo”, uma iniciativa única de estudiosos franceses, coordenada pelo jornalista Samuel Lieven. Instantâneos de uma guerra global e amorfa.
Em particular, há uma estatística desconcertante: “80 por cento dos atos de perseguição religiosa no mundo são contra cristãos”. Quantas vítimas? O Centro para o Estudo do Cristianismo Global traz a média de cem mil cristãos mortos a cada ano por sua fé ao longo da última década. Uma média de cinco cristãos a cada minuto.
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Domingo (14) no Paquistão, dois cristãos, incluindo uma mulher grávida, foram queimados vivos no forno de tijolos onde trabalhavam. Foi um massacre, com a participação de quatrocentos muçulmanos.
Haim Korsia, rabino-chefe da França, grita sua reação em face da disseminação do ódio contra os cristãos, e estabelece uma comparação com a destruição do judaísmo sefardita oriental:
“Onde estão as comunidades judaicas, uma vez tão ricas de Aleppo, Beirute, Alexandria, Cairo ou Trípoli? Onde estão as escolas de Nehardea e Pumbedita no Iraque? E onde está o florescimento do judaísmo em Esfahan e Teerã? Em nossa memória. Expulsos, mortos, dizimados, perseguidos e exilados, os cristãos do Oriente estão experimentando pessoalmente a mesma situação dos judeus com quem eles viveram por tanto tempo, e viram deixando esses lugares “.
A ONG Portas Abertas declarou que a perseguição no Iraque atingiu “proporções bíblicas”. Terça-feira, em Roma, também foi apresentado o relatório anual de Ajuda à Igreja que Sofre. Ele disse que dos 20 países do mundo nos quais a liberdade religiosa é praticamente ausente, 14 são muçulmanos, e os outros ditaduras militares ou comunistas, como a Coreia do Norte. Estamos enfrentando o que Habib Malik, da Universidade de Stanford, chama de “a última fase do declínio regional dos cristãos”.
Hoje a cidade de Mosul parece ter sido engolida, como Jonas esteve no ventre da baleia.
“Entre 2003 e 2009, cerca de 800 cristãos foram executados [lá] a sangue frio, sem contar os cinquenta mártires da catedral católica síria em Bagdá, incluindo dois padres, mortos em 31 de outubro de 2010. Até o momento, o número de cristãos mortos ultrapassa mil, incluindo um bispo e cinco padres. Mais de sessenta igrejas foram destruídas “.
No livro, um jihadista do Estado Islâmico fala ao telefone com o seu líder terrorista: “Eu tenho uma família de cristãos que não quer se converter, o que vamos fazer?” Uma frase que me fez lembrar dos pastores tutsi adventistas que, durante o genocídio em Ruanda, recorreram ao seu pastor com uma carta: “Gostaríamos de informar que amanhã seremos mortos com nossas famílias.”
Há os cristãos de Ma’aloula na Síria, como Taalab Antoun e seus dois primos, que receberam o “aman”, a garantia islâmica de serem poupados. Desarmados e confiando na palavra dos rebeldes, foram mortos e depois decapitados.
Quinhentos mil cristãos já deixaram a Síria
E antes deles, havia a história de Jean-Pierre Schumacher, o último monge de Tibhirine, na Argélia, onde os islâmicos massacraram os maravilhosos monges trapistas que compartilhavam refeições com os muçulmanos. Ele foi salvo porque os jihadistas contaram errado. Mais tarde, no funeral dos monges, o irmão Jean-Pierre pediu para abrir o caixão para prestar suas últimas homenagens a seus companheiros. Ele descobriu que as caixas não continham corpos, mas apenas sete cabeças.
Esse massacre foi o sinal verde para futuros massacres.