Uma impressão digital pertencente a um guarda da prisão estava entre as 15 mil que foram colocadas numa petição na província nordeste chinesa de Heilongjiang para protestar contra a morte injusta de um praticante do Falun Gong, uma prática de meditação que tem sido perseguida pelo regime chinês a mais de 13 anos.
O guarda aparentemente trabalha na prisão de Jiamusi, onde o praticante Qin Yueming foi morto depois de sofrer tortura. A pessoa que colheu as assinaturas, Li Ming, disse ao Epoch Times que o guarda recordou que o carcereiro Ye Feng foi o responsável pela morte do praticante.
Praticantes do Falun Gong têm sido submetidos à ira do regime chinês desde meados de 1999 quando o ex-líder chinês Jiang Zemin baniu a prática e criou um órgão extralegal chamado Agência 610 para perseguir a prática de meditação, rotulando-a de “religião do mal”.
No entanto, cada vez mais o povo chinês tem se levantado contra a perseguição e o incidente em Jiamusi é o terceiro em dois meses em que pessoas assinam e colocam impressões digitais em petições de retratação pelo Falun Gong.
Li disse ao Epoch Times que ele e Chen Caijiang ajudaram a filha de Qin a recolher assinaturas e impressões digitais de milhares de moradores que acreditam que a perseguição do regime chinês é ilegal e imoral. Os dois falaram com o guarda da prisão que colocou sua impressão digital na petição.
“Eu sabia o que aconteceu”, Chen lembrou o guarda dizendo durante uma entrevista ao Epoch Times. A morte de Qin “estava certa de acontecer porque o diretor da prisão de Jiamusi” ordenou, lembrou o guarda, segundo Chen. O diretor, segundo ele, tem amplas conexões com grupos do crime organizado e é conhecido por ser uma pessoa especialmente desagradável.
Qin foi condenado pelas autoridades locais do Partido Comunista Chinês (PCC) a 10 anos de prisão em 2002 por divulgar para outras pessoas sobre a situação do Falun Gong. Posteriormente, ele foi preso em Jiamusi.
Enquanto estava lá, Qin foi torturado pelos guardas, que usaram um método conhecido como “banco do tigre”, onde as mãos da vítima são amarradas atrás das costas enquanto seus joelhos são presos a um banco e objetos rígidos, incluindo tijolos, são colocados sob os pés. Assim, a colocação dos tijolos faz a parte inferior das pernas dobrarem para cima de uma forma não natural provocando a ruptura dos joelhos. Qin também foi submetido a outras formas de tortura, causando fraturas nas canelas, lesões nas costelas e em outras áreas.
O guarda disse a Ye que o diretor da prisão incentivou sua equipe a torturar praticantes do Falun Gong no início de 2011 com o objetivo de forçar pelo menos 85% dos adeptos a abandonarem suas crenças. Em 26 de fevereiro de 2011, Qin foi morto depois que foi severamente torturado e, dias depois, dois outros praticantes do Falun Gong também foram mortos de forma similar.
Wang Xiuqing, a esposa de Qin, e suas duas filhas pediram às autoridades locais para corrigirem seu caso, mas foram continuamente rejeitadas. A suprema corte de Heilongjiang aceitou o caso, mas depois disse que não o julgaria após a data agendada anterior da corte ter passado. Depois disso, a Agência 610 sequestrou Wang e sua segunda filha Qin Hailong e as colocou num campo de trabalhos forçados na tentativa de parar suas petições.
Qin Rongqian, a filha mais velha de Qin e Wang que aparentemente não foi enviada para um campo de trabalho, em menos de um mês e com a ajuda de amigos e parentes, coletou assinaturas de 15.000 pessoas que fixaram suas impressões digitais numa petição pela retratação do Falun Gong.
“Eu acredito na justiça e nos valores morais do povo chinês. Como podem os que têm poder prenderem e assassinarem pessoas comuns à vontade?”, diz uma citação da petição que Qin Rongqian circulou.