Novos insights sobre a obesidade e o diabetes

27/04/2012 00:00 Atualizado: 27/04/2012 00:00

PEDINDO POR OBESIDADE: Comer comidas calóricas como feijões e batatas fritas é uma forma de pedir para ficar obeso e um risco para o diabetes. (Christopher Furlong/Getty Images)

A descoberta de um gene ligado à diabetes e ao colesterol pode ajudar na busca por melhores tratamentos para o diabetes e a obesidade.

Num estudo publicado no periódico Nature Genetics, um grupo de pesquisadores britânico e suíço descobriu que o gene KLF14 atua como um “interruptor mestre”, controlando outros genes encontrados no tecido adiposo (gordura) do corpo.

Embora já fosse sabido que o gene KLF14 estava ligado aos níveis de diabetes e de colesterol, o papel que desempenha no controle de outros genes localizados mais distante no genoma não era conhecido. (O genoma é a totalidade da informação hereditária de um organismo.)

Os outros genes descobertos sob o controle do gene KLF14 mestre estão ligados a uma vasta gama de características metabólicas, incluindo o índice de massa corpórea (uma medida de gordura baseada na altura e peso que se aplica a homens e mulheres adultos), obesidade, colesterol, e níveis de insulina e glicose e, portanto, destacando a interligação das características metabólicas.

O estudo, conhecido como MuTHER, envolveu uma equipe multinacional de pesquisadores do King’s College de Londres, da Universidade de Oxford, do Instituto The Wellcome Trust Sanger e da Universidade de Geneva. Uma companhia chamada deCODE Genetics, baseada na Islândia, também contribuiu para os resultados do estudo.

Como indicado por um dos pesquisadores e líderes do estudo, o Dr. Tim Spector, essa é a primeira vez que foi mostrado como pequenas mudanças num gene atuando como um “gene mestre” pode provocar uma cascata de efeitos metabólicos em outros genes. Se esta constatação inicial for validada em estudos futuros, isto poderia ter um enorme potencial terapêutico.

Tanto a obesidade quanto o diabetes tipo 2 estão alcançando níveis epidêmicos no mundo inteiro. Por conduzirem a várias outras condições severas, é urgente encontrar novas formas de combatê-los.

A obesidade e o diabetes andam de mãos dadas. Oitenta por cento das pessoas com diabetes estão acima do peso ou obesos. Quanto mais obesas as pessoas se tornam, maior é o risco de desenvolverem diabetes.

Um em cada 10 adultos no mundo é obeso, um número que quase duplicou desde a década de 1980, a epidemia da obesidade começou a envolver não só os países industrializados, mas também os países em desenvolvimento. Estima-se que nos Estados Unidos, doenças relacionadas à obesidade sejam responsáveis por quase 10% de aproximadamente 150 bilhões de dólares por ano em gastos médicos.

O diabetes é a doença mortal de crescimento mais rápido, e aumenta o risco de várias outras doenças letais. Particularmente no diabetes tipo 2, o corpo não é capaz de utilizar apropriadamente a comida que ingerimos para prover energia a nossas células. A incidência da doença tem subido severamente em todas as faixas etárias nos últimos anos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 220 milhões de pessoas no mundo têm diabetes e em 2030 haverá o dobro da quantidade de diabéticos de 2005.

O diabetes aumenta significativamente o risco dos problemas de coração e de derrame e é uma das principais causas de insuficiência renal.

O diabetes é hoje uma das principais causas de morte nos Estados Unidos, e afeta pessoas de todas as raças e de todas as origens sociais e educacionais. Estima-se que aproximadamente 16 a 19 milhões de americanos possuem diabetes, e um terço a metade deles talvez não saiba disto. Outros milhões possuem uma condição conhecida como pré-diabetes.

O diabetes e suas complicações possuem impacto significativo nos indivíduos, nas famílias e nos orçamentos nacionais. A OMS estima que no período de 2006-2015 a China perderá 558 bilhões de dólares na renda nacional apenas devido a doenças cardíacas, derrames e diabetes.

As descobertas recentes sobre o papel do gene KLF14 certamente levará a um melhor entendimento e tratamento desta séria doença.

O Dr. César Chelala é um consultor de saúde pública internacional.