‘Novo Modelo’ nas Relações EUA-China: Talvez, talvez não

18/02/2014 11:13 Atualizado: 18/02/2014 11:13

O secretário de Estado americano John Kerry concluiu uma viagem de dois dias à China em 15 de fevereiro, onde se encontrou com o líder chinês Xi Jinping e outros altos funcionários. Mas a viagem pareceu visivelmente deficitária em resultados: Houve muita discussão e pouco ‘novo’ consenso, sobre as questões perenes que caracterizam a relação.

Na conclusão da viagem, a mídia estatal chinesa declarou que a liderança comunista manteve sua “posição firme” diante da pressão norte-americana sobre questões territoriais controversas nos Mares do Sul e Leste da China.

Relatórios oficiais também disseram que os norte-americanos concordaram com a caracterização da liderança chinesa sobre a relação entre os dois países, representada pelo slogan “um novo modelo de relações de grandes poderes”, ao passo que as declarações públicas de Kerry não indicaram nada do tipo.

Uma nota de destaque sobre cooperação foi relacionada à mudança climática, mas isso não parece conter muitas coisas novas, ou concretas. “Por isso, precisamos implementar as iniciativas que o grupo de trabalho de mudança climática já identificou” em abril passado, disse Kerry.

Após as reuniões na China se encerrarem, a mídia estatal chinesa aproveitou a oportunidade para afirmar a sua própria versão dos acontecimentos. A Agência de Notícias Xinhua, uma porta-voz oficial do regime chinês, por exemplo, declarou que os Estados Unidos aprovaram a sua descrição oficial do relacionamento – a de um “novo modelo de relações de grandes poderes”.

A Xinhua disse que Kerry “desejava verdadeiro progresso” na construção do “novo modelo” com a China. Também disse que Xi Jinping e o presidente Barack Obama tinham chegado à mesma conclusão durante a cúpula em Sunnylands, na Califórnia, no ano passado, “decidindo construir” o “novo modelo” juntos.

Mas em nenhum dos casos as declarações públicas americanas sugeriram isso.

‘Novo Modelo’ não compartilhado

Kerry, na verdade, parecia tentar reformular sutilmente a ideia em declarações recentes. “Como o presidente Obama e o presidente Xi deixaram claro em Sunnylands no ano passado, eles estão comprometidos com a construção de uma relação bilateral histórica com base em dois elementos mais críticos: um, a cooperação prática, e dois, gestão construtiva das diferenças.”

Ele acrescentou: “Há diferenças, e somos honestos sobre isso hoje.” O significado da linguagem “novo modelo” refere-se a quem decide os termos da relação.

Analistas disseram que o “novo modelo de relações de grandes poderes” é uma tentativa de a China fazer os Estados Unidos aquiescerem com sua versão de soberania nos Mares do Leste e do Sul da China – águas próximas da China que ela reivindica. As reivindicações marítimas da China são uma fonte de intensa disputa e possível conflito com seus vizinhos asiáticos.

Kerry disse que era um assunto da reunião, mas parece que pouco progresso foi feito. “Também expressamos nossa preocupação com a necessidade de tentar estabelecer um regime baseado no estado de direito, mais calmo e menos conflituoso com relação ao Mar do Sul da China, e sobre questões a respeito dos Mares do Sul e do Leste da China”, disse Kerry.

As autoridades chinesas não recuaram em sua reivindicação incomum de que uma enorme faixa do Mar do Sul da China, e partes do Mar do Leste da China – por décadas águas internacionais ou parte das zonas econômicas exclusivas de um punhado de países – são, na verdade, partes integrantes do território chinês.

A mídia Xinhua disse que Wang Yi, o ministro das Relações Exteriores chinês, “explicou a postura solene da China sobre a questão, enfatizando que a China resolutamente caminha por uma via pacífica de desenvolvimento, resolutamente mantém uma política de relações de vizinhança amistosas, e resolve disputas pela discussão”.

No entanto, a Xinhua entoou: “Ninguém pode influenciar nossa determinação de defender a soberania nacional da China e a integridade territorial.” Os Estados Unidos devem aceitar as reivindicações territoriais da China nos Mares do Sul e Leste da China, disse a Xinhua, a fim de “proteger a paz na região”.