Um oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) aposentado que era um inimigo do ex-líder Jiang Zemin publicou recentemente um livro de discursos e escritos levantando questões sobre se ele pode estar tentando influenciar os eventos antes da mudança da liderança do PCC esperada para o final deste ano.
A publicação do volume é a primeira vez que foi mencionado na esfera pública da China que o Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), o poderoso órgão do PCC que controla as forças de segurança pública, foi uma vez dissolvido em 1988. Um pequeno grupo da liderança o substituiu brevemente.
O comitê foi reconstituído em 1990, após o Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen), como forma de intensificar a repressão contra a dissidência. O fato de Qiao Shi publicar este fato agora num momento político tão sensível na China antes da transição da liderança neste ano é significativo, segundo o colunista político Lin Zixu.
“O material para este livro já estava preparado, o conteúdo é de mais de 10 anos atrás. Então, a questão é por que Qiao Shi de repente publica um livro que menciona tais questões políticas tão sensíveis agora. Definitivamente, há sentido nisso”, escreveu ele numa coluna recente.
“Isso está definitivamente ajudando os reformistas”, que não se importariam em ver uma restrição dos poderes do Comitê, disse Lin.
Qiao Shi foi o terceiro membro mais poderoso do PCC, como presidente do Congresso Nacional Popular, muitas vezes chamado de legislador-carimbo, de 1993 a 1998. Apesar do fato de que ele estava no comando do CAPL, Qiao Shi era conhecido como uma espécie de membro liberal do PCC, na medida do possível, considerando o contexto do PCC.
Foi Qiao Shi que, em 1998, concluiu que, “O Falun Gong oferece centenas de benefícios ao povo chinês e à nação e nem um único prejuízo.” Os linhas-duras no aparato de segurança, incluindo Luo Gan, o parceiro de Jiang, armavam uma repressão contra a prática espiritual que crescia rápido, mas a investigação de Qiao Shi interrompeu seus planos, pelo menos temporariamente (Jiang iniciou a perseguição no ano seguinte, em 1999).
O novo livro é uma compilação de discursos de Qiao Shi sobre a democracia e o Estado de Direito de 1985 a 1998, quando ele ocupou cargos importantes no PCC.
Lu Guoping, um colunista e comentarista da internet, disse, “Se a democracia e o sistema jurídico na China progrediram, estagnaram ou regrediram tem sido um tema sensível por uma década. A defesa da democracia de Qiao e sua motivação em repetir suas declarações anteriores são dignas de nota.”
Qiao Shi foi chefe do CAPL de 1985 a 1992, incluindo assim o período de sua breve dissolução.
No entanto, ele liderou a organização antes dela chegar a possuir os imensos poderes que lhe foram dados durante a perseguição ao Falun Gong. Desde então, o CAPL ganhou 1,5 milhões de policiais armados, que são usados para reprimir violentamente os protestos em toda a China. É também o responsável pela força policial da China, a polícia secreta, as prisões, todo o sistema judiciário e de segurança e os campos de trabalho forçado. Foi o CAPL que orquestrou a elaborada perseguição a Chen Guangcheng, o advogado cego dos direitos humanos que denunciou os abortos forçados na província de Shandong.
“Quando Qiao Shi serviu como secretário do CAPL, as pessoas podiam aceitar esta agência, ninguém culpou a agência por qualquer caos, nem foi fortemente exigida a abolição desta agência”, disse Tong Zhiwei, professor de Direito e Ciência Política da Universidade da China Oriental, através do Sina Weibo.
Uma vez que Tong está escrevendo da China, ele deixou implicações não declaradas em sua observação, que querem dizer que as coisas mudaram bastante desde então.
Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.