O jornal Ming Pao de Hong Kong, que tem 55 anos de história, anunciou de repente que substituirá o editor-chefe Kevin Lau Chun-to, e várias mídias informaram que o novo editor-chefe será Chong Tien-siong, um conhecido defensor do Partido Comunista Chinês (PCC).
Se isso for verdade, o Ming Pao se tornará o segundo grande jornal de Hong Kong, após o Diário da Manhã do Sul da China, a ser administrado por editores-chefes pró-PCC. Os cidadãos de Hong Kong acreditam que isto reflete as lutas internas de poder no PCC e as tentativas de longa data por parte do PCC para controlar a mídia em língua chinesa fora da China continental.
O malaio-chinês Chong Tien-siong é amigo íntimo do proprietário do Ming Pao, o empresário malaio Tiong Hiew King. Chong tem defendido em Hong Kong a adoção do currículo nacional de educação que glorifica o PCC e que é ensinado no continente, um currículo que os pais de Hong Kong se opuseram por julgarem lavagem cerebral comunista. Ele também levou representantes da mídia malaio-chinesa para visitar a Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime chinês.
Funcionários do Ming Pao relataram que o presidente de sua filial norte-americana, Lui Kaming, foi transferido de volta para Hong Kong no ano passado para ser o diretor-editorial e que ele estaria em conflito com o atual editor-chefe Kevin Lau. Lui era apoiado pelos consulados chineses na América do Norte, e funcionários do Ming Pao disseram que ele foi enviado pelo PCC para monitorar o Ming Pao e filtrar seu conteúdo.
Luta pelo poder
A substituição do editor-chefe foi provocada por lutas de poder entre os líderes do PCC, disseram informantes ao Epoch Times. Eles disseram que a direção editorial do Ming Pao é determinada pela facção “Jiang Zemin-Bo Xilai” do PCC, enquanto Zeng Qinghong, um oficial aposentado do PCC, dirige os interesses desta facção nos bastidores. A maioria do pessoal do Ming Pao não estaria ciente disso.
Shu Kun, um ex-colaborador freelance do Ming Pao, disse ao Epoch Times que as reportagens do Ming Pao são muito confusas. Desde atacar Henry Tang, um candidato de 2012 a chefe-executivo de Hong Kong, até criticar seu concorrente Leung Chun-ying; de apoiar o ex-líder chinês Jiang Zemin até apoiar o atual líder chinês Xi Jinping; “sua posição política é realmente incerta, mesmo nós não entendemos”, disse Shu.
Recentemente, o Ming Pao mudou para apoiar Xi Jinping, ao invés de apoiar Jiang Zemin, perturbando a facção deste. Isto levou muitos cidadãos a acreditarem que a facção de Jiang revidou contra Xi Jinping com a substituição do editor-chefe.
O Ming Pao mostrou apoio à facção de Jiang quando relatou sobre uma conferência de imprensa em Nova York realizada pelo magnata chinês Chen Guangbiao, que foi intitulado “Filantropo Número Um da China” por membros da facção de Jiang e para efeitos de propaganda.
Chen tinha anunciado que queria comprar o New York Times e em seguida usou uma conferência de imprensa para reavivar uma falsa “autoimolação na Praça da Paz Celestial”. A facção de Jiang criou esta farsa em 2001 a fim de despertar apoio para sua política de perseguição ao Falun Gong.
A maioria da mídia estrangeira e nacional chinesa ignorou a história de Chen, mas o Ming Pao relatou extensivamente, assim como o jornal Sing Tao de Hong Kong e sua versão inglesa The Standard.
Partido Comunista compra mídias no estrangeiro
O PCC tem cercado a mídia em língua chinesa no exterior por algum tempo, geralmente usando empresários estrangeiros para comprar mídias de boa reputação. O PCC fornece os recursos para essas compras e usa esses empresários para disfarçar o fato de que está controlando a mídia nos bastidores.
Estas mídias costumam manter a neutralidade ou até criticam o PCC em questões menores, mas em momentos sensíveis e assuntos críticos, elas falarão pelo PCC e espalharão notícias falsas.
O financiamento do PCC é muito sutil, usando empresas privadas para injetar fundos para formar joint ventures. Estes empresários estrangeiros agem como representantes da mídia, mas os princípios e a direção editoriais são rigidamente controlados por agentes do PCC.
Muitas notícias internas do PCC são liberadas por essas mídias em primeira mão, como as notícias sobre as duas últimas sessões políticas do PCC.
A revista americana China Brief relatou em 2001 que o PCC desde o início de 1990 adquiriu por meio de terceiros algumas empresas de mídia importantes em Hong Kong, incluindo o Ming Pao, em preparação para o retorno de Hong Kong para a República Popular da China em 1997.
“Os funcionários do escritório de Nova York do Ming Pao disseram a fontes que seu ‘verdadeiro chefe’ não é outro senão o consulado chinês [em Nova York], e que eles são obrigados a fazer o que o consulado determina”, informou o China Brief.
O PCC também entrou em contato com magnatas de Hong Kong, incluindo Li Kashing, Run Run Shaw, Cheng Yu Tung, e os irmãos Kwok, usando o mercado chinês como isca para convencê-los a comprar mídias para o PCC. Em geral, esses magnatas têm se recusado, não querendo apoiar o comunismo.
Além disso, os lucros de tais acordos não são altos o suficiente para conquistá-los. Mas outros magnatas menores de Hong Kong e do Sudeste Asiático apreciaram a proposta do PCC e foram rapidamente promovidos, tornando-se peões do regime comunista chinês.