Novo chefe anticorrupção chinês se prepara para retificar Partido Comunista

12/12/2012 21:43 Atualizado: 12/12/2012 21:43
Wang Qishan numa conferência de imprensa depois do 5º Diálogo Econômico-Estratégico China-EUA em 5 de dezembro de 2008 em Pequim. Agora, ele está liderando os esforços anticorrupção (Guang Niu/Getty Images)

Xi Jinping, o novo chefe do Partido Comunista Chinês (PCC), lançará uma maciça campanha de “retificação” na primavera para erradicar a corrupção, segundo relatórios divulgados após o 18º Congresso Nacional do PCC, com Wang Qishan, o vice-premiê e novo chefe do Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID), liderando os esforços.

Em seu discurso de 17 de novembro no Politburo, Xi Jinping disse que a corrupção entre os oficiais é como “vermes multiplicando-se em matéria em decomposição” e “numerosos fatos nos dizem que quanto pior se torna a corrupção, o único resultado será o fim do PCC e do Estado! Precisamos estar vigilantes!”

Autoridades locais anticorrupção em diferentes regiões já demitiram cerca de uma dúzia de funcionários corruptos em uma taxa sem precedentes dentro de 20 dias, segundo relatórios estatais.

A campanha de Xi Jinping é considerada o maior movimento de retificação no PCC desde a Retificação Yan’an no início dos anos de 1940, antes dos comunistas tomarem o poder, segundo um artigo do Economic Times de Hong Kong. Esse movimento causou mais de 10 mil mortes e abriu o caminho para a ditadura de Mao Tsé-tung, afirmou o artigo.

Ren Jianming, diretor da Escola de Políticas Públicas e Gestão da Universidade Tsinghua, disse ao Economic Times que Xi Jinping levará adiante estratégias concretas e medidas anticorrupção, possivelmente no início do ano que vem na Sessão Plenária da CCID.

‘Chefe-bombeiro’

Várias mídias têm reportado que a nova nomeação de Wang Qishan é incompatível com seus talentos já que sua formação é em assuntos econômicos e financeiros.

No entanto, ele teria desempenhado o papel de “chefe-bombeiro” no passado. Algumas mídias chinesas também o descrevem como um oficial capaz e agressivo que é perfeito para o trabalho.

Os jornais Ming Pao e o Apple Daily, ambos de Hong Kong, disseram que a razão de Xi Jinping escolher Wang Qishan como o novo chefe anticorrupção é proteger os interesses dos príncipes. Como Wang Qishan tem uma relação profunda com os príncipes, as famílias ricas e vermelhas se sentirão seguras.

Nova rodada de lutas de poder

Alguns estudiosos e comentaristas estão preocupados com a natureza da campanha. O Prof. Hu Xingdou do Instituto de Tecnologia de Pequim disse ao Economic Times que, apesar de uma campanha anticorrupção ser muito necessária na China, os líderes devem evitar usá-la para servir a fins políticos. Se o movimento tem como objetivo estabelecer reputação pessoal e status, será um movimento retrógrado e trará resultados negativos graves, disse ele.

De fato, a série de escândalos de corrupção envolvendo altos oficiais sugere que o luta interna de poder provocada por Bo Xilai, um membro deposto do Politburo, não terminou com o 18º Congresso, segundo Zheng Jingwei, um comentarista político baseado fora da China. Parece que uma nova rodada de lutas de poder pode estar a caminho, disse ele à emissora NTDTV.

Quando foi anunciado que Li Chuncheng, o vice-secretário do PCC em Sichuan, estaria sob investigação, analistas no exterior acreditavam que seu caso envolveria seu patrono, o ex-chefe de segurança pública Zhou Yongkang. Zheng Jingwei disse acreditar que os aliados de Zhou Yongkang contra-atacarão com certeza.

Logo após o caso de Li Chuncheng ser divulgado, algumas mídias estrangeiras e blogueiros espalharam rumores de que Ling Jihua, o braço-direito do ex-líder chinês Hu Jintao, e sua esposa foram detidos para investigação. Isso não poderia ter sido uma coincidência, disse Zheng Jingwei.

Além disso, assim que Xi Jinping prometeu combater a corrupção, o New York Times publicou um segundo artigo sobre escândalos envolvendo a família do ex-premiê Wen Jiabao. De acordo com o comentarista Wen Zhao da NTDTV, isto também não foi por acaso. “As notícias sobre figuras importantes são precisamente cronometradas. Elas não podem ser aleatórias”, disse Wen Zhao.

O artigo teve impacto político considerável, acrescentou Wen Zhao. O primeiro artigo do New York Times sobre Wen Jiabao foi publicado no fim de outubro, quando as forças políticas lutavam sobre os novos arranjos de pessoal para a próxima liderança. Wen Zhao disse que o segundo artigo colocou um duro desafio para Xi Jinping: Você disse que combaterá a corrupção, então, você tomará medidas contra a corrupção da família de Wen Jiabao?

Com a corrupção desenfreada na China, muitos internautas duvidam que Wang Qishan seja capaz de controlá-la. Ele é um protegido do ex-premiê Zhu Rongji, que é amplamente lembrado na China por sua determinação em combater a corrupção entre oficiais. Uma de suas frases foi, “Terei 100 caixões preparados. Noventa e nove são para oficiais corruptos e o último para mim.” Mas, apesar dos esforços de Zhu Rongji, a corrupção cresceu ainda mais desenfreada durante seu mandato.

Uma fonte disse ao New Epoch Weekly antes do 18º Congresso que a abordagem de Xi Jinping pela reforma é implementá-la dentro e fora do Partido, do topo à base, da Central do PCC aos governos locais e pelos primeiros cinco anos de seu mandato. A reforma política seria empurrada para frente após a corrupção ser satisfatoriamente reduzida.

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