Em 9 de setembro, um relatório do Escritório Nacional de Estatística da República Popular da China mostrou que o índice de preços ao consumidor (IPC) aumentou 2% ano-a-ano em agosto. Em comparação ao mês passado, ele aumentou 0,6% e terminou uma tendência de 4 meses. Alguns componentes da cesta básica, como o preço de legumes frescos aumentou 23,8% e frutas frescas subiram 9,7% em relação a agosto do ano passado.
No entanto, alguns profissionais não acham que a inflação permanecerá em baixa. Zuo Xiaolei, diretor administrativo da China Galaxy Securities, acredita que o IPC será maior do que 2% nos próximos meses, disse a mídia estatal. Analistas do Barclays também esperam inflação de 3-3,5% a cada mês até o final do ano.
Produtos alimentares são um componente muito importante do IPC na China, pois envolvem grande parte dos gastos. Os preços dos alimentos subiram 3,4% em agosto, mais que o aumento de 2,4% em julho. Além do salto em frutas e legumes frescos, produtos aquáticos aumentaram 5,6%, grãos 3,2% e gorduras e óleos 4,5%. Todos esses aumentos são maiores do que o IPC; a inflação dos alimentos é responsável por 1,1% do total de 2%.
Inflação multifacetada
Em discussões no website de microblogue Sina Weibo, o estrategista-chefe Xu Yiding da Minzu Securities explicou que há uma diferença entre os números oficiais e a percepção das pessoas sobre os preços, um ponto de vista que tem sido repetido por alguns funcionários. No entanto, a postagem original foi excluída em 11 de setembro.
Chen Bingcai, um conhecido economista chinês, disse à Phoenix Finance, “De acordo com a análise estatística, mesmo se a política monetária for mantida [a uma taxa de expansão estável], no futuro, levará tempo para que os preços caiam. Os preços dos imóveis não caíram significativamente e estão até se recuperando. […] O preço das mercadorias ainda é um problema.”
Analistas acreditam que parte do problema é a frouxa política monetária e o excessivo estímulo fiscal das autoridades centrais e locais. No entanto, para reforçar o crescimento, o regime está tentando mais do mesmo, já que os governos locais têm um total de mais de 1,1 trilhão de dólares em projetos de estímulo a caminho que serão implementados ao longo dos próximos anos.
Parece que o regime relaxará a política monetária novamente e baixará as taxas de juro para estimular o crescimento. No entanto, como foi demonstrado no passado, ambas as políticas resultaram em inflação ainda maior.
Preços de produção diferentes
Enquanto o IPC tende para cima, principalmente porque as pessoas ainda têm emprego e exigem aumentos salariais, o índice de preços ao produtor (IPP), usado para medir os preços de entrada para as empresas, continua a cair e desceu 3,5% em agosto, uma queda de 34 meses consecutivos, sinalizando uma divergência importante que poderia ser o sinal de uma perspectiva sombria para a economia chinesa.
Qu Hongbin, o chefe economista do HSBC, aponta que um IPP em queda é devido à tendência de baixa na economia real, comentou ele à mídia estatal China Enterprise News online.
O comentarista financeiro Hong Hao também acha que o IPP em queda significa que a indústria manufatureira da China está numa tendência descendente contínua, segundo o Economic Daily online, um jornal gerido diretamente pelo Partido Comunista Chinês.
Hong Hao diz que nos últimos 6 meses, o declínio do IPP acelerou, o que levou o mercado a se preocupar com os riscos de potencial deflação na fabricação. Dados econômicos fracos para agosto, como a desaceleração da produção industrial e do crescimento da exportação, confirmam sua análise. Isso também corrobora a teoria de que a China está enfrentando enorme excesso de capacidade na fabricação, como um analista do Barclays escreveu em nota a clientes, “A desaceleração acentuada no IPP confirma indícios de que um rápido enfraquecimento da demanda está exacerbando a situação de sobrecapacidade em várias indústrias…”