O Diário Jurídico publicou um relatório de quase 20 mil palavras mostrando em detalhes a mecânica da nova política para motocicletas na China. Muitos habitantes de Fuzhou terão de pagar de 3 mil a 6 mil yuanes (entre 460 e 920 dólares americanos) para substituir suas scooters, o que muitos veem como um típico exemplo da corrupção que afeta a China.
Os iniciadores do “Movimento Jasmim” na cidade de Fuzhou, capital da província de Fujian, no sul da China, pediram às pessoas que, ao invés de ficarem de braços cruzados, saiam às ruas para protestar contra as novas medidas.
Na verdade, a medida foi tomada pelo governo da cidade de Fuzhou em 2010. As mudanças posteriores começaram em maio do mesmo ano e espera-se que o processo leve três anos.
O regime da cidade de Fuzhou exige que fabricantes e revendedores de motocicletas solicitem os certificados expedidos pelo órgão controlador da cidade. Sem o certificado, as licenças não são entregues e as motocicletas não podem ser vendidas.
Além disso, um sistema de multas para motoristas com motos mais antigas foi lançado no início de março.
O número de lojas de motocicletas aumentou na cidade. Um representante de vendas de motos Yadi, em Fuzhou, disse ao Diário Jurídico: “As melhores oportunidades de negócio estão em Fuzhou, onde uma loja vende entre 300 e 500 motocicletas por mês… existe pelo menos um milhão de motos antigas e somente 200 mil foram substituídas por novas.”
No entanto, aqueles que são obrigados a comprar pela nova regra não são tão otimistas. Em 22 de janeiro, surgiu um artigo na internet intitulado “Expondo a cadeia dos beneficiados com a política de reposição de motos e a maneira rápida de obter lucros nas vendas de motos”. Isto causou discussões violentas entre os habitantes.
“As motos chamadas qualificadas não são realmente adequadas”, dizia uma das publicações de 4 mil palavras. Escrita por uma fonte interna da indústria de scooters, a publicação dizia que o peso da bateria, a velocidade e o motor (das motos novas) não estão à altura.
Chen Dong, autor da mensagem, disse que uma vez trabalhou como gerente em uma loja de motos. Disse que está muito familiarizado com as “regras públicas” e as “regras ocultas” da indústria, e declarou ao Diário Jurídico que levou uma semana para escrever todos os detalhes que conhecia.
Vários proprietários de concessionárias de motos também declararam ao Diário Jurídico que o peso da bateria, a velocidade e o motor da ‘scooter qualificada” não atendem às normas de segurança.
O Diário Jurídico também menciona dois especialistas no assunto, o professor Ma Guilong da Universidade de Tsinghua que faz pesquisas sobre motos há 20 anos, e Ni Jie, diretor executivo da Green Motos, também um pesquisador. Ambos concordaram que a estabilidade, a robustez, os faróis e os freios das novas motos são inferiores aos dos modelos anteriores.
“Quando compramos as motos anos atrás, o governo não disse ‘não’. Mas agora estão proibidas. Depois de gastar tanto dinheiro, o que compramos são motos que não atendem ao padrão. Talvez um dia elas também sejam proibidas”, escreveu em seu blog um habitante chamado Qing Lin.
Os participantes do Movimento Jasmim, de Fuzhou, disseram que as normas nacionais para motocicletas (viajar a menos de 20 km/h, pesar menos de 40 kg, ter potência inferior a 240 w) foram definidas em 1999 e estão desatualizadas.
Mas o regime não quer definir regras novas, e isto tem afetado cerca de 150 milhões de proprietários de motos na China. A maioria dos que dirigem uma Scooter são trabalhadores ou cidadãos da classe baixa para quem a moto é a principal forma de transporte. Uma nova Scooter pode significar as economias de 3 a 5 meses de um trabalhador comum.
Os organizadores do Movimento Jasmim, além de outros, acreditam que o secretário do Partido, Yuan Rongxiang, o prefeito Zengduo, empresários, os órgãos de controle e a polícia de trânsito fazem parte de um esquema mais amplo que recorre a regulamentos governamentais para lucrar às custas dos cidadãos.