Nova política tenta esconder crimes hediondos e frequentes na China

17/11/2014 15:17 Atualizado: 17/11/2014 15:17

O médico designado para dar desculpas sobre a extração forçada de órgãos na China mais uma vez mudou sua história em relação à fonte de órgãos para transplante. Infelizmente, novas evidências reunidas a partir de artigos publicados por médicos chineses desmentem as últimas declarações oficiais sobre o fornecimento de órgãos para transplante.

Em 30 de outubro, Huang Jiefu, o diretor do Comitê Nacional de Transplante de Órgãos e ex-vice-ministro da Saúde, anunciou: “Órgãos doados voluntariamente por cidadãos se tornaram a única fonte de transplantes de órgãos na China. Agora, todos os hospitais na China pararam de retirar órgãos de prisioneiros executados. As leis relevantes que adequarão a situação atual de transplante de órgãos estão sendo atualizadas e revisadas.”

Esta declaração forte, indicando uma mudança no fornecimento de órgãos, não se sustentou por muito tempo antes de ser reformulada. No website da popular revista financeira Caixin, onde a alegação de Huang Jiefu foi reportada pela primeira vez, as duas primeiras frases foram rapidamente alteradas para “o transplante de órgãos na China entrou numa nova etapa de desenvolvimento histórico quando os órgãos doados voluntariamente pelos cidadãos se tornam a única fonte de órgãos. Atualmente, todos os hospitais na China estão mudando as práticas do passado.”

Obviamente, a descrição original não era defensável, e o uso de doações voluntárias teve de ser alterado de um fato consumado para uma meta a ser alcançada. Como uma das principais revistas na China, é muito improvável que a Caixin tenha citado erroneamente ou mal interpretado Huang Jiefu ao fazer uma afirmação tão importante.

Prisioneiros executados

O anúncio de 30 de outubro tem uma história. Ele foi feito no Congresso de Transplante da China, um evento que ocorreu sem a participação das organizações internacionais de transplante. Estas não participaram porque Huang Jiefu desfez em março uma promessa feita anteriormente que a China pararia de usar órgãos de prisioneiros executados, uma promessa formalizada num documento chamado de Resolução de Hangzhou.

Parece que Huang – a figura mais importante ou ao menos a única a representar o regime chinês sobre a questão do transplante de órgãos – tem procurado recuperar com sua declaração recente a boa imagem que a China desfrutou brevemente na sequência da assinatura da Resolução de Hangzhou.

Nos últimos oito anos, Huang insistiu que os órgãos usados na China eram provenientes de prisioneiros executados. Desde que fez essa afirmação pela primeira vez, Huang repetiu-a quase todos os anos. Em cada ocasião, a alegação de Huang causou um debate acalorado fora da China.

Ninguém forçou Huang a fazer essas reivindicações. Alguém já viu o regime comunista chinês admitir qualquer crime ou erro sob pressão internacional além desse? Não, nunca. É sempre negação, negação, negação. Foi o regime que quis fazer a alegação sobre prisioneiros executados um tema quente.

O que ocorreu há oito anos para o regime chinês de repente fazer essa reivindicação sobre prisioneiros executados? O Epoch Times revelou pela primeira vez a história de que o regime estava extraindo órgãos ilegalmente de praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong.

Nos últimos oito anos, o regime preferiu confessar que retirava órgãos de prisioneiros executados do que confessar que pilhava os órgãos de prisioneiros de consciência. A alegação sempre foi uma maneira de mudar de assunto. Agora, o regime quer tentar uma forma diferente de confundir a questão – a alegação de que as doações voluntárias estão fornecendo, ou em breve fornecerão, os órgãos necessários.

Periódicos médicos

Desde os primeiros relatos sobre a extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong, uma boa quantidade de evidências foi descoberta sobre essas atrocidades, evidências que fizeram o Parlamento da União Europeia aprovar uma resolução que condena a extração forçada de órgãos na China e que fez Israel aprovar uma lei proibindo que seguros de saúde paguem por transplantes de órgãos feitos na China.

Recentemente, a Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG) publicou um relatório que fornece uma nova fonte de informação sobre a extração forçada de órgãos na China – essa diretamente dos envolvidos no sistema de transplante chinês.

O relatório analisa mais de 300 artigos publicados em revistas médicas chinesas. Esses papéis são todos sobre a retirada de órgãos. O resultado é surpreendente. A maioria dos doadores estava muito provavelmente vivo quando seus órgãos vitais foram removidos.

46% dos órgãos foram retirados após os doadores serem diagnosticados como morte cerebral, segundo esses papéis. No entanto, a lei chinesa não reconhece a morte cerebral.

Em 2003, o Ministério da Saúde publicou critérios sobre a morte cerebral. Em 4 de maio de 2004, o Ministério da Saúde emitiu uma declaração de que os critérios de morte cerebral só podem ser aplicados após uma lei própria e específica ser aprovada. Isso significa que todos os órgãos descritos nos periódicos médicos como extraídos após a constatação de morte cerebral foram obtidos ilegalmente.

Este não é o único problema. De acordo com os critérios, o diagnóstico clínico de morte encefálica deve atender a três critérios: coma profundo, ausência de reflexos do tronco cerebral e ausência de respiração espontânea.

O último critério deve ser confirmado pelo teste de apneia, o que requer desligar o ventilador de 8 a 10 minutos. Isso significa que todos os pacientes com morte cerebral devem ser assistidos por ventiladores. Bem, segundo os papéis, isso não parece ter sido o caso.

A maioria dos trabalhos descreve da seguinte forma os procedimentos: uma vez que a morte cerebral foi determinada, o doador foi imediatamente entubado e os órgãos retirados. Obviamente, o teste de apneia, que deve ser feito por meio da intubação, não foi realizado nesses doadores.

Há apenas duas possibilidades: O diagnóstico de morte cerebral não seguiu os três critérios, ou a morte cerebral foi apenas uma desculpa. Ambas as possibilidades apontam para uma suposição horrível – os doadores ainda estavam vivos quando seus órgãos foram removidos.

Os autores dos trabalhos ofereceram mais evidências para apoiar a suposição acima: um tempo de isquemia quente extremamente curto. O tempo de isquemia quente refere-se ao período desde a suspensão da circulação de um órgão até a perfusão do mesmo para armazenagem fria (um órgão destinado a transplante é preenchido com fluido frio).

A maioria dos trabalhos descreve o tempo de isquemia quente inferior a 10 minutos, e alguns indicam o tempo como zero. Como é possível um país sem regulamentos de morte cerebral e sem um sistema funcional de doação de órgãos controlar o tempo de isquemia quente dentro de 10 minutos?

Os “doadores”

Os artigos médicos analisados foram todos publicados entre 2000 e 2014. Muitos órgãos de “doadores com morte encefálica” foram retirados antes de 2003, quando os critérios de morte cerebral foram sugeridos. Muitos outros “doadores com morte encefálica” foram relatados antes de 2006, quando a primeira doação voluntária por morte cerebral foi anunciada oficialmente. Quem são esses doadores e quais são as causas reais de sua morte?

É muito provável que eles não fossem prisioneiros executados. Se seus órgãos fossem recuperados no local de execução, as descrições dos artigos não se encaixam. Os doadores estavam deitados nas mesas de operação acompanhados de anestesista e auxiliar cirúrgico (um enfermeiro cujo trabalho é monitorar os procedimentos cirúrgicos).

O método inicial de captação de órgãos não poderia controlar o tempo de isquemia quente. Esse método foi descrito por muitas testemunhas. Uma vez que o prisioneiro era baleado, vivo ou morto, os médicos imediatamente o arrastavam para uma van de prontidão e cada médico retirava o órgão que lhe interessava e corria para o hospital.

A maioria dos trabalhos publicados descreveu um ambiente de extração de órgãos muito mais profissional: uma sala de operação cirúrgica. Se os doadores eram realmente prisioneiros executados, a China deve ter mudado o processo de execução. Os presos teriam de ser executados nas mesas de operação pelos médicos que removessem seus órgãos. Duvido que o regime chinês admita esse crime.

Além disso, o número de prisioneiros executados não é suficiente para fornecer órgãos para os 10 mil transplantes realizados anualmente na China. De acordo com a Fundação Dui Hua, a China executou 2.400 presos em 2013.

Considerando-se o alto índice de hepatite B, uso de narcóticos, doenças venéreas e inclusive HIV entre os prisioneiros chineses, o número de presos com órgãos apropriados para transplante é muito menor do que o número executado. A descrição do estado de saúde dos doadores também não se encaixa bem com criminosos comuns – os doadores seriam saudáveis, sem história de tabagismo, sem histórico de uso de drogas ou álcool e sem hepatite ou outras doenças.

Eles não poderiam ser doadores voluntários também. O primeiro doador com morte cerebral confirmada oficialmente surgiu em julho de 2006. De acordo com a Cruz Vermelha Chinesa, de março de 2010 a março de 2012, apenas 207 pessoas na China concordaram em doar seus órgãos após a morte.

Até 2010, foram registradas apenas 60 doações de órgãos envolvendo morte cerebral. Mesmo que os 1.290 doadores de órgãos anunciados na edição deste ano do Congresso de Transplante da China fossem verdade, o número ainda é muito inferior ao necessário em 2014. E os números de 2014 não ajudam em nada a explicar a origem dos órgãos nos vários anos anteriores.

A WOIPFG suspeita que os órgãos sejam mais provavelmente de praticantes do Falun Gong. Antes de 2000, quase não havia trabalhos publicados sobre a extração de órgãos. Então, de repente, muitos trabalhos sobre a extração de órgãos surgiram.

O padrão do número de transplantes de órgãos se encaixa perfeitamente com a gravidade da perseguição ao Falun Gong. O uso de praticantes do Falun Gong como fonte de órgãos é uma das consequências da decisão do regime chinês em 1999 de erradicar os adeptos dessa prática.

Um dia, que esperamos vir em breve mas pode levar anos, todos os órgãos utilizados para transplante na China serão de doadores voluntários. Se assim for, ainda assim não haverá razão para aplausos. Há muitíssimos casos de assassinatos a serem resolvidos e perpetradores para serem levados à justiça.