Nova limpeza na turbulenta Chongqing

04/12/2012 15:06 Atualizado: 04/12/2012 15:06
Sun Zhengcai numa reunião no 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês no Grande Salão do Povo em 9 de novembro de 2012 em Pequim (Feng Li/Getty Images)

A cidade-província de Chongqing, ex-bastião vermelho de um membro desgraçado do Politburo, Bo Xilai, está passando por uma limpeza.

Todos os olhos estão em Sun Zhengcai, o novo chefe do Partido Comunista Chinês (PCC) em Chongqing, que começou a lidar com a bagunça deixada por seu antecessor, que promoveu uma campanha de slogans neomaoistas e canções públicas, enquanto impiedosamente punia os acusados de fazerem parte da “máfia” (não há havia critérios formais) e tomava seus bens.

Sun Zhengcai, de 49 anos, é o recém-nomeado membro do Politburo que antes era ministro da Agricultura e Secretário do PCC na província de Jilin. O jornal Ming Pao de Hong Kong disse que ele é favorecido pelo premiê Wen Jiabao, que está deixando o cargo, e é o único herdeiro político de Wen Jiabao no Politburo.

Quando Sun Zhengcai assumiu o cargo em 20 de novembro, um vídeo obsceno de um chefe distrital do PCC em Chongqing criou uma tempestade na internet chinesa e o oficial responsável foi demitido três dias depois. Em seguida, Li Zhuang, um ex-advogado que foi preso em 2009, como parte da campanha antimáfia de “repressão ao preto” promovida por Bo Xilai, foi convocado pelo supremo procurador da China para um reexame do seu caso. A incriminação de Li Zhuang em 2009 foi extremamente significativa para o Estado de direito na China, mostrando como o um oficial do PCC violou impunemente o sistema judicial para punir Li Zhuang.

A mídia chinesa informou também que o regulador bancário de Chongqing começará a sondar as imensas dívidas da cidade herdadas do ex-chefe local do PCC, Bo Xilai.

O ramo de Chongqing da Comissão Bancária Reguladora da China emitiu recentemente um aviso a todos os bancos da cidade para investigarem contas que representem risco financeiro, informou a revista Caixin em 21 de novembro. A investigação se concentrará nas dívidas da plataforma financeira do governo local, no pagamento de empréstimos vencidos e na restrição de novos empréstimos.

Depois de Bo Xilai ser deposto em março, a mídia chinesa começou a questionar o modelo de crescimento econômico de Chongqing e relatórios sobre os déficits crescentes da cidade durante o reinado de Bo Xilai começaram a emergir.

Huang Qifan, o prefeito de Chongqing, disse à Rádio Nacional da China em março que todos os níveis do governo em Chongqing tinham um passivo total de 180 bilhões de yuanes (29 bilhões de dólares) em 2011. Apenas em 2009, a receita fiscal de Chongqing foi de 117 bilhões de yuanes (19 bilhões de dólares), enquanto a despesa fiscal foi de 181 bilhões de yuanes (29 bilhões de dólares), um déficit orçamentário de 64 bilhões de yuanes (9,6 bilhões de dólares) e uma taxa de descobertos de quase 50%.

Depois que Bo Xilai assumiu o cargo em Chongqing, ele emitiu muitos títulos diferentes para financiar projetos vaidosos e empreendimentos imobiliários. Consequentemente, o governo tinha uma dívida de 500 bilhões de yuanes (80 bilhões de dólares), segundo um repórter da Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime.

Na verdade, Zhang Dejiang, o homem que assumiu o cargo depois que Bo Xilai foi deposto em março, já havia começado a investigar a situação de endividamento da cidade. Com Sun Zhengcai iniciando um segundo ciclo de investigações, espera-se que o buraco negro financeiro criado por Bo Xilai gradualmente seja descoberto, diz Duowei, um website em língua chinesa fora da China.

Além disso, um novo chefe de polícia também chegou a Chongqing e uma ação discreta para reabilitar casos de injustiça policial começou. Cerca de 900 casos teriam sido corrigidos, informou o Semanário do Sul.

“A corrupção é aquilo que une os membros do PCC”, escreveu o comentarista político Chen Pokong num artigo recente. “A maioria dos oficiais são corruptos e, portanto, estão no mesmo barco. Punir alguns oficiais corruptos de forma dura e rápida é apenas uma demonstração de autoridade da nova liderança”, disse Chen Pokong.

O que quer que a nova liderança do PCC faça não mudará o sistema judicial da China, uma vez que o próprio PCC é a raiz da injustiça no sistema legal, disse o comentarista político Lin Zixu à Rádio Som da Esperança.

O advogado chinês Peng Yongfeng também não está otimista com as medidas anticorrupção da nova liderança. Ele ressaltou que muitos advogados chineses ainda estão injustamente encarcerados. “Advogados como Gao Zhisheng e muitos ativistas dos direitos humanos merecem ainda mais serem reabilitados”, disse Peng Yongfeng à Rádio Free Asia. “Mas o PCC não fez nada.”

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