Nova liderança em Pequim sugere fim da reforma

17/11/2012 08:15 Atualizado: 17/11/2012 03:37
Escolhas para o Comitê Permanente acelerarão o fim do PCC
(The Epoch Times)

Um dia depois de o Partido Comunista Chinês (PCC) concluir seu 18º Congresso Nacional, os 376 membros do Comitê Central que foram nominalmente “eleitos” durante o evento entraram mais uma vez no Grande Salão do Povo e “elegeram” o novo Politburo.

Levou 50 minutos para o novo Comitê Central, na primeira reunião do 18º Congresso do PCC, divulgar os nomes dos membros do próximo Comitê Permanente do Politburo – o pequeno grupo que dirige o PCC. A espera de 50 minutos foi um novo recorde para o PCC, que geralmente é muito eficiente em suas “eleições”.

O tempo de espera mais longo foi de 38 minutos, durante o 16º Congresso do PCC em 2002. Porque o ex-líder chinês Jiang Zemin queria continuar como presidente do Comitê Militar Central, em outras palavras, manter a autoridade sobre as forças armadas da China, embora ele fosse se aposentar como secretário-geral do PCC e porque Jiang Zemin aumentou o número de membros do Politburo de 7 para 9, então, levou 38 minutos a espera dos resultados.

Os 12 minutos extras de espera deste ano sugerem que a luta nos bastidores do 18º Congresso do PCC, que ocorreu entre 8 e 14 de novembro, foi ainda mais intensa.

Por volta das 11h50, a lista foi revelada: Xi Jinping, Li Keqiang, Zhang Dejiang, Yu Zhengsheng, Liu Yunshan, Wang Qishan e Zhang Gaoli.

Manutenção da estabilidade

No Comitê Permanente anterior um assento foi ocupado por Zhou Yongkang, o chefe do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), a organização secreta com mais verba do que o orçamento da Defesa da China, que controla quase todos os aspectos da aplicação da lei no país. Zhou Yongkang não foi capaz de nomear um sucessor que pudesse dirigir o CAPL e tomar seu lugar no Comitê Permanente.

Mas a teoria de Zhou Yongkang de “manter a estabilidade” pode ser encontrada tanto em Zhang Dejiang como em Zhang Gaoli, assim como pode ser vista na forma como cada um deles lidou, respectivamente, com um acidente de trem em Wenzhou e um incêndio catastrófico num shopping na cidade de Tianjin.

Em 23 de julho de 2011, um trem-bala bateu em outro trem em alta velocidade na cidade de Wenzhou, com quatro vagões totalmente carregados caindo de um viaduto elevado. Funcionários divulgaram um número de mortos de 39, mas os internautas e observadores da cena acreditam que o número de mortos seja da casa das centenas. Então, o vice-premiê Zhang Dejiang ordenou que o trem fosse enterrado, impedindo qualquer investigação.

Em 30 de junho de 2012, um incêndio num shopping na cidade de Tianjin matou centenas de pessoas, segundo os que estavam no local. No entanto, o número oficial de mortos foi de 10 e houve relatos de que o número permaneceria assim para não prejudicar a carreira de Zhang Gaoli, então secretário do PCC em Tianjin.

Omissões

A ausência de Li Yuanchao na lista é surpreendente. Ele já foi candidato de Hu Jintao e Wen Jiabao para premiê, junto com Li Keqiang, para formar o “sistema dos dois Li”. Mas agora Li Yuanchao, depois de servir por cinco anos como diretor do Departamento Central de Organização e como chefe do Secretariado Central, nem sequer está incluído no Politburo.

Li Yuanchao era considerado popular e a pessoa mais confiável para Hu Jintao e Wen Jiabao do ponto de vista político e organizacional. Especialmente digno de nota é que Li Yuanchao foi quem anunciou que Bo Xilai, que era a esperança da facção de Jiang Zemin de manter o controle do PCC, seria submetido ao interrogatório abusivo do PCC chamado “shuanggui” e seria demitido de ambos os seus cargos administrativos no PCC.

Outra omissão surpresa foi Wang Yang, que é considerado um discípulo de Hu Jintao e Wen Jiabao e uma figura de destaque para a reforma. Tanto a ausência de Wang Yang como de Li Yuanchao no Politburo significam que Hu Jintao e Wen Jiabao realmente não tiveram uma palavra a dizer na seleção.

Hu Jintao se “aposentará completamente” e Xi Jinping se tornará o presidente do Comitê Militar Central. Isso significa que Hu Jintao está completamente fora do centro do poder no PCC. A influência de Hu Jintao será mais fraca do que a de Jiang Zemin, que se aposentou há 10 anos.

Se a aposentadoria de Hu Jintao seria uma concessão para Jiang Zemin parar de fazer política no PCC, Hu Jintao será enganado. No 15º Congresso, Jiang Zemin forçou Qiao Shi a se aposentar e no 16º Congresso, Jiang Zemin forçou Li Ruihuan a se aposentar, usando o mesmo velho truque.

Esperanças de reforma desfeitas

Nos últimos 10 anos, Hu Jintao não realizou nada como secretário-geral do PCC. Ele realizará ainda menos após sua aposentadoria. Quando as pessoas lembram o histórico de Hu Jintao, talvez a única coisa a lembrar seja a atenção de Hu Jintao para assuntos triviais e sua imagem como uma pessoa servil, prostrando-se diante de Jiang Zemin.

Há aqueles no PCC que tentam salvar o regime por meio de uma reforma. Em conversas que Xi Jinping teve com o reformista Hu Deping, conforme informado pela Reuters no início de setembro, Xi Jinping discute a urgência da reforma para o PCC e como é necessário acertar o ritmo das mudanças.

A formação do novo Politburo significa o fracasso desta estratégia de reforma e isso acelerará o fim do PCC.

Zhang Dejiang, Zhang Gaoli e Liu Yunshan pertencem à facção de Jiang Zemin e têm uma reputação muito ruim entre o público em geral. A nova configuração destruirá completamente as esperanças restantes de que o PCC melhoraria. É muito provável que a massa comum esteja mais determinada do que nunca para derrubar e desintegrar o PCC.

A única razão que Hu Jintao e Wen Jiabao teriam para recuar na luta contra Jiang Zemin seria para tentar salvar o PCC. Hu Jintao e Wen Jiabao sofrerão as consequências. Ao tratarem do caso de Bo Xilai; Hu Jintao, Wen Jiabao e He Guoqiang já ofenderam a facção de Jiang Zemin ao removerem seu sucessor mais promissor.

Agora, Hu Jintao e Wen Jiabao podem estar diante do retorno da facção de Jiang Zemin. Na atual configuração do Politburo, os aliados de Hu Jintao e Wen Jiabao estão do lado mais fraco. O futuro de Hu Jintao e Wen Jiabao é precário.

Além disso, o PCC pode não ser capaz de manter seu regime por mais de 5 anos. Se, antes de seu fim, aqueles no interior do PCC quiserem encontrar um bode expiatório, Hu Jintao e Wen Jiabao estarão no topo da lista.

A configuração do 18º Congresso nos diz que o PCC, uma organização criminosa sectária, não pode sequer falsear a reforma. Os sonhos dos que nutriam alguma esperança pelo PCC agora estão completamente dissipados. Apenas se livrando de todas as ilusões sobre o PCC e com o fim da perseguição ao Falun Gong e outros grupos religiosos e dissidentes a China terá um futuro.

Zhang Tianliang é um escritor e comentarista de questões políticas e sociais contemporâneas chinesas e contribui para uma variedade de publicações, incluindo a emissora nova-iorquina NTDTV e o serviço chinês da Voz da América.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.