Embora o notório sistema de campos de trabalho forçado na China tenha sido efetivamente desativado na maior parte do país, a detenção extralegal e a tortura de inúmeros cidadãos chineses não terminaram.
Uma das novas instalações, legalmente duvidosas, que surgiram chama-se “centros disciplinares”, dedicadas àqueles considerados pelo Partido Comunista Chinês como sendo elementos antissociais – como idosos que apelam ao governo após suas casas serem desapropriadas e demolidas.
O nome completo de uma das instalações expostas recentemente na internet era “Centro Educacional e Disciplinar para Petição Anormal”. Ele está localizado no distrito de Wolong, cidade de Nanyang, província de Henan, no Centro da China.
Peticionar refere-se a buscar as autoridades de alto escalão para resolver injustiças perpetradas por funcionários de níveis mais baixos, algo que o sistema judicial tem sido incapaz ou não quer corrigir.
“É um novo estilo de campo de trabalho”, disse a chinesa Yang Jinfen, que postou uma fotografia da instalação em Nanyang. “Este local detém peticionários ilegalmente. Minha mãe Zhang Fengmei, que tem quase 70 anos, está detida lá desde 4 de fevereiro sem qualquer procedimento legal…”
A imagem e a mensagem foram postadas primeiramente no Sina Weibo, uma plataforma chinesa similar ao Twitter, mas logo em seguida foram excluídas pela censura. Yang disse que sua mãe foi trancada lá antes por 10 dias em janeiro.
“Eles detiveram minha mãe numa pequena sala sem cama”, disse ela ao Epoch Times numa entrevista por telefone. “Eles simplesmente lhe deram um cobertor e a deixaram dormir no chão. Eles prendem qualquer um desde que queiram. É igual aos campos de trabalho e prisões negras. Os funcionários do governo local são como bandidos.”
Funcionários locais do Partido Comunista respondem aos incentivos e desincentivos criados por aqueles nos escalões superiores do sistema. “O governo local está com medo de que, se minha mãe for a Pequim peticionar, isso refletirá negativamente em suas carreiras políticas”, disse Yang. “Então, eles simplesmente a prenderam.”
Zhang Fengmei, a mãe, pede justiça pelo filho, que foi espancado e torturado até ficar inválido durante uma sentença de prisão. O filho, Yang Jin, era um empresário que foi condenado a 20 anos de prisão em 2010 por seis crimes, incluindo “liderar um sindicato do crime” e “perturbar a ordem social”. O sistema de justiça criminal na China é sempre propenso à corrupção e muitos chineses se queixam de julgamentos injustos.
Ao invés de investigar a tortura de Yang Jin, as autoridades em Henan simplesmente trancaram sua mãe. Nos centros disciplinares, os peticionários estariam sob “persuasão disciplinar-educacional e alerta constante 24 horas por dia”, segundo um website do governo local.
Mas, de acordo com a Xinhua, uma mídia porta-voz do regime chinês, um funcionário da Secretaria Estatal de Cartas e Apelações em Henan, a agência responsável pelos peticionários, admitiu que os centros disciplinares “não atendem aos requisitos legais”. O funcionário não revelou seu nome.
Yang Jinfen, cuja mãe está presa, disse: “Minha mãe só quer o filho saudável.”