Nova estratégia militar da China baseia-se em mentiras e guerra política

12/06/2015 10:21 Atualizado: 12/06/2015 10:21

O recém publicado manual de estratégia militar da China mascara a própria ambição de agressão e expansão, acusando outras nações de agressão e expansão.

Este é o primeiro relato de estratégia militar chinesa que sublinha uma nova política para uma “defesa ativa”, de acordo com o Instituto Naval dos EUA. O documento foi publicado no dia 26 de maio pelo Ministério de Defesa Nacional Chinês.

Começa com linguagem nobre, declarando que para “realizar o sonho chinês de um grande rejuvenescimento nacional”, o povo chinês procura “dar as mãos com o resto do mundo para manter a paz, procurar o desenvolvimento e partilhar a prosperidade”.

Contudo, tal como em outras políticas históricas que procuraram a expansão global para satisfazer os interesses nacionais, existem todos esses outros países já estabelecidos que não querem perder seus territórios vigentes.

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No manual, pode-se ler que o regime chinês “irá inequivocamente seguir o caminho do desenvolvimento pacifico” através de uma política “que será defensiva em sua natureza”. Contudo, no mesmo momento que o documento foi publicado, o regime chinês já rejeitou a sua política estritamente defensiva, ordenando que suas unidades militares no Mar do Sul da China tomassem ações ofensivas.

Em uma declaração que contradiz o tom geral do documento, é dito que o regime chinês “nunca irá procurar hegemonia ou expansão”.

Manual de estratégia militar da China publicado no dia 26 de maio (mod.gov.cn/Sun Zhiying)
Manual de estratégia militar da China publicado no dia 26 de maio (mod.gov.cn/Sun Zhiying)

Pouco depois, afirma: “A China tem a difícil tarefa de assegurar a sua unidade nacional, integridade territorial e seus interesses de desenvolvimento.” Diz que o regime Chinês está enfrentando “um ambiente externo favorável” que possibilita “um importante período de oportunidade estratégica para o seu desenvolvimento, um período em que muito pode ser conseguido”.

O relatório rapidamente aborda os crescentes conflitos com outras nações. Diz que as movimentações militares dos EUA na região Ásia-Pacifico e as novas políticas militares do Japão (ambas em resposta à crescente agressão militar chinesa) causaram “grave preocupação entre os outros países da região”.

O regime chinês parece ser o único, ao citar a si próprio sobre estas “graves preocupações”. Pelo contrário, durante o encontro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) em abril, países incluindo o Vietnã, as Filipinas e a Malásia expressaram suas graves e sérias preocupações sobre a crescente agressão do regime chinês.

A nova estratégia então vira o jogo, afirmando que em questões “que dizem respeito à soberania do território chinês e aos seus interesses e direitos marítimos”, alguns vizinhos do regime chinês estão tomando “ações provocadoras e reforçam a sua presença militar nos recifes da China e ilhas que ocuparam ilegalmente”.

Ao afirmar isto, o regime chinês está tentando mascarar a sua própria ocupação de terra no Mar do Sul da China e no Mar do Oeste da China, ao acusar outras nações de fazer o que o próprio regime está fazendo.

O regime chinês está construindo ilhas a uma distância de 1.300 milhas de seu território continental. Eles têm estabelecido perímetros de defesa ao redor do território criado artificialmente, e acusa outras nações de “ações provocadoras” por desafiarem as suas próprias ações provocadoras.

Os navios chineses de dragagem estão nas águas ao redor do recife Mischief, nas disputadas Ilhas Spratly no Mar do Sul da China, como mostra esta imagem do vídeo feito pelo avião de vigilância P-8A Poseidon dos EUA (Marinha dos EUA)
Os navios chineses de dragagem estão nas águas ao redor do recife Mischief, nas disputadas Ilhas Spratly no Mar do Sul da China, como mostra esta imagem do vídeo feito pelo avião de vigilância P-8A Poseidon dos EUA (Marinha dos EUA)

O regime chinês está usando uma forma de guerra legal com estas afirmações. O regime cria as suas próprias leis para legalizar as suas ações e ilegalizar as ações dos seus adversários. Como foi testemunhado com a criação da zona de defesa na aérea sobre o Mar do Oeste da China em novembro de 2013, o regime está disposto a criar novas leis para declarar ilegais as ações de outros.

O relatório, mais para frente, deixa de falar dos conflito mais distantes e foca-se naqueles que estão mais perto do regime chinês.

Contrariamente ao que afirma “nunca irá procurar hegemonia ou expansão”, o documento afirma que alguns dos maiores problemas são “a independência de Taiwan e suas forças separatistas”, assim como as “forças separatistas que procuram independência do Oeste do Turquestão e a independência do Tibete”.

Para difamar os grupos que se opõem aos abusos do regime chinês, é usado um método já familiar: o Partido Comunista Chinês mistura a sua própria identidade com a identidade da China, e por conseguinte com a identidade do povo chinês. Apelida os grupos que se opõem ao seu regime como “forças anti China”.

Como um todo, a nova estratégia militar descreve os planos do regime em continuar a reprimir dissidentes, continuar seus esforços para dominar Taiwan e novos territórios no Mar do Sul da China e no Mar do Oeste da China.

De certa forma, contudo, a estratégia do regime militar chinês é exposta claramente: está baseada no engano estratégica, na manipulação das suas próprias leis para legitimar ações consideradas ilegais por outros países, e no manipular de percepções para validar as suas ambições expansionistas e acusar as respostas das outras nações.