“Nova Direita” tenta mudar o sistema de dentro da China

20/04/2012 00:00 Atualizado: 20/04/2012 00:00

O ativista dos direitos humanos chinês Wei Jingsheng testemunha diante do Representante da Câmara norte-americana Tom Lantos da Comissão dos Direitos Humanos em 29 de setembro de 2009, na Câmara Rayburn, no Capitólio, em Washington. (Mandel NGAN/Getty Images)

O grupo não é liderado pelos dissidentes clássicos do regime chinês, mas por diferentes personalidades chinesas do âmbito das finanças internacionais

Especialistas chineses no exterior deram vida a um partido da oposição de direita muito pouco conhecido na China. O grupo não é liderado pelos dissidentes chineses clássicos do regime chinês, mas por diferentes personalidades chinesas do âmbito das finanças internacionais.

Wei Jingsheng, um proeminente ativista de direitos humanos na China, fez um discurso de improviso em Nova York no início de 2010 que afirmava que uma “nova direita” estava tentando trabalhar dentro do sistema chinês.

“Este partido da nova direita defende um caminho democrático ocidental para a China”, difundiu a Rádio França Internacional (RFI) em 12 de janeiro de 2010.

Para Wei, o Partido Comunista Chinês (PCCh) “é plenamente consciente de que seu funcionamento usual não é mais eficaz. Isto implica que muitos membros do PCCh sabem que o Partido pode apenas manter seu status de governo.”

O grupo foi estabelecido em outubro de 2007 em Hong Kong como uma organização sem fins lucrativos sob o nome de Fundação Boyuan. O conselho diretivo da fundação e os conselheiros vêm de todo o mundo e têm impressionantes credenciais em finanças.

O Comitê Consultivo da Fundação Boyuan é composto por um grupo da elite empresarial da China, incluindo Yi Gang, vice-governador do Banco Popular da China e Chen Xiaolu, presidente da Standard International Investment Management Corporation.

Qin Xiao, presidente do conselho da Fundação Boyuan, serviu como presidente do China Merchants Group (CMG) de 2001 até 23 de agosto de 2010. Aos 50 anos, obteve um doutorado em economia na Universidade de Cambridge.

Qin Xiao também mantem visões modernas sobre o desenvolvimento da China. Durante seu discurso no fórum de “Economia da China em 2010”, apresentado em 7 de janeiro de 2010 na Bolsa de Nova York, Qin desafiou abertamente o “modelo chinês” oficial de desenvolvimento econômico.

“Algumas pessoas acreditam que a crise dos últimos 20 anos mostra que o modelo chinês é o melhor modelo do mundo. Eu não concordo com isto”, disse ele, descrevendo o chamado “modelo chinês”, como um “governo desenvolvimentista” que se engaja no mercado e no acumulo de riquezas. Notou, além disto, que o regime chinês está repleto de problemas de corrupção, da bolha imobiliária, do lucro desenfreado e das perdas de eficiência devido a uma burocracia superdimensionada.

A China deve se basear no “sistema de valores” reconhecido em todo o mundo, que inclui a racionalidade, a liberdade e o direito individual. Estas observações também foram feitas pelo Financial Times chinês.

Uma vez, perguntaram a Qin sobre a diferença entre suas ideias de reforma e as de Liu Xiaobo, um dissidente chinês que está cumprindo sentença de 11 anos numa prisão chinesa sob a acusação de incitar à subversão contra o poder estatal. Qin disse: “Eu defendo uma reforma dentro do sistema.”

Cao An, um comentarista da NTDTV, disse que soa quase como os dissidentes, salvo que Qin não tenta minar o poder.

Um artigo publicado no China Business Network (iceo.com.cn) descreveu Qin como uma pessoa que não tem medo de criticar o regime, e às vezes é “como um ouriço dentro do sistema, que sabe quando deve avançar e quando se esconder.”