Petição pretende ajudar uma família que sofreu perseguição
Uma menina de 23 anos, cujo pai foi torturado até a morte por sua fé na prática espiritual do Falun Gong, coletou assinaturas e impressões digitais de 15 mil residentes da província nordeste chinesa de Heilongjiang numa petição que apela ao regime comunista para investigar seu caso e libertar sua mãe e irmã presas. Esta é a terceira vez nos últimos dois meses que cidadãos chineses assinaram petições em nome de praticantes do Falun Gong.
“Cada assinatura e impressão digital sua, sua bondade e atenção pela questão, ajudará minha família a encontrar justiça para meu pai e liberdade para minha mãe e irmã”, escreveu Qin em sua petição. Na cultura chinesa, impressões digitais representam um compromisso de juramento sério.
“Como uma menina que eu não tenho dinheiro nem poder”, escreveu Qin Rongqian em sua petição de 31 de maio. “Mas eu acredito na justiça e nos valores morais do povo chinês. Como podem os que têm poder prenderem e assassinarem pessoas comuns à vontade?” Artigos publicados pelo website Minghui forneceram informação para este artigo.
Exigindo a verdade
Em 26 de fevereiro de 2011, depois de anos preso e quando estava prestes a ser libertado, a família Qin Rongqian recebeu um telefonema da prisão dizendo que seu pai Qin Yueming “morreu de repente” na prisão de Jiamusi em Heilongjiang, apenas alguns depois de ser entregue a uma força-tarefa especial encarregada de fazer praticantes do Falun Gong renunciarem às suas crenças. “Este foi um grande golpe”, escreveu Rongqian. “Nos últimos nove anos, esperávamos tê-lo de volta conosco e nossa esperança foi destruída.”
A família correu para a prisão apenas para testemunhar uma cena de horror. “As expressões faciais de meu pai indicavam claramente que ele sofreu muito. Seus lábios estavam roxos. Quando viramos seu corpo, sangue saiu de sua boca e nariz. Seu peito, pescoço, costas, cintura e pernas estavam enegrecidos e cobertos de hematomas”, disse Rongqian. Ela, sua irmã Hailong e sua mãe Wang Xiuqing rejeitaram a explicação da prisão de que Yueming morreu de “causas naturais” e “um ataque cardíaco”.
A prisão se recusou a dar uma declaração oficial da razão da morte ou a gravação de vídeo da câmera de vigilância com Yueming antes de morrer. Depois de muitos pedidos da família Qin, os oficiais da prisão disserem que as gravações de vídeo “foram apagadas”. A prisão sugeriu que o caso poderia ser resolvido apenas entre eles e a família Qin, ao que a família Qin respondeu: “Não.”
Uma fonte disse a Rongqian que seu pai morreu de violenta alimentação forçada após os tubos de alimentação tocarem seu pulmão. “Em seis dias [depois de ter sido posto sub custódia da força-tarefa], meu pai foi torturado até a morte”, disse Rongqian.
Nos cinco meses seguintes, Rongqian, sua mãe e irmã visitaram muitos oficiais e exigiram que investigassem a verdade por trás da morte de Yueming. Todos se recusaram.
Em 5 de agosto de 2011, a prisão de Jiamusi as informou, “Qin Yueming morreu de causas naturais e, portanto, nenhuma compensação será feita.” A família Qin foi seguida repetidas vezes e ameaçada pelas autoridades enquanto buscavam justiça pela morte de Yueming.
Em 13 de novembro de 2011, o Departamento de Segurança Pública da cidade de Harbin prendeu Wang Xiuqing e Hailong num esforço conjunto com o Departamento de Segurança Pública da cidade de Shuangcheng. Desde então, elas estão detidas no Campo de Trabalho de Qianjin na cidade de Harbin, tendo sido condenadas a um e meio anos de trabalho forçado.
Representantes da Agência 610 da província de Heilongjiang, um órgão do Partido Comunista Chinês criado especificamente para perseguir o Falun Gong, e do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos realizaram sessões de lavagem cerebral no campo de trabalho e exigiram que Wang Xiuqing e Hailong retirassem seu apelo por uma investigação oficial sobre a morte de Yueming.
Em 31 de dezembro de 2011, no aniversário do calendário lunar que Rongqian e sua mãe compartilham, ela tentou enviar à mãe e à irmã um pacote. Em resposta, a Secretaria de Segurança Pública local amarrou Hailong a um banco numa posição de tortura por oito horas.
Reencontro perdido
Yueming começou a praticar o Falun Gong em 1997 e era conhecido por toda a aldeia por suas boas ações. Como proprietário de uma loja ele era reconhecido por servir bem aos seus clientes. Ele também ajudou a reparar estradas danificadas em sua aldeia e os aldeões diziam que estavam sob os cuidados do “praticante do Falun Gong”.
Depois que o ex-líder chinês Jiang Zemin iniciou a perseguição ao Falun Gong em 1999, Yueming se tornou um alvo. Ele passou três anos num campo de trabalho de 1999 a 2002.
Pouco depois de sua libertação, a polícia retornou para prendê-lo novamente. Temendo não ter o pai ao seu lado novamente, Rongqian tentou impedir a polícia. Naquele ano, Rongqian tinha 13 anos. A polícia a deteve por um mês, o que era ilegal devido à idade de Rongqian, e lhe interrogaram sobre a identidade de outros praticantes do Falun Gong. Yueming recebeu outra sentença de 10 anos. Estava programado que ele seria libertado este ano.
Wang Xiuqing também foi frequentemente presa depois de 1999. Para se sustentar e a sua irmã mais nova, Rongqian começou a lavar pratos em restaurantes quando tinha 16 anos.
“Quando víamos outros se reunirem com suas famílias e pais, minha irmã e eu também esperávamos estar com os nossos. Todos os dias, contávamos quantos dias eles nos deixaram e quando nos reencontraríamos”, escreveu Rongqian em sua carta-petição. “Nossos corações se partiram depois que soubemos que ele morreu na prisão.”
O caso de Yueming é semelhante ao dos praticantes do Falun Gong na vila de Zhouguantun, cidade de Tangshan, também na província de Hebei. Todos os três homens eram admirados por seus vizinhos que oportunamente enfrentaram uma possível retaliação a se levantaram por eles.
Em abril, 300 aldeões assinaram uma petição em nome de Wang Xiaodong e, no final de maio, 526 outros assinaram uma petição por Zheng Ziangxing.
Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.