Francisco incluiu em seu discurso que manifestações são coerentes com Evangelho, informa jornal espanhol
RIO DE JANEIRO – Durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) o Papa Francisco, que chega ao Rio no dia 22 de junho, falará diante de mais de um milhão de jovens de todo o mundo que as manifetações no Brasil são justas. A informação foi obtida pelo correspondente do jornal espanhol El País em Roma, que cita uma “fonte fidedigna”.
Segundo o jornal, após ser informado pessoalmente no Vaticano por bispos brasileiros sobre os acontecimentos no Brasil, o pontíficie, reescreveu parte do discurso, que já estava pronto, para abordar os protestos. De acordo com Francisco, as manifestações por mais justiça não contradizem o Evanjelho.
Os bispos que se reuniram com o Papa foram: dom Orani Tempesta (organizador da JMJ), dom Cláudio Hummes (arcebispo de São Paulo) e dom Raymundo Damasceno (presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB), respectivamente. Os encontros presenciais ocorreram em diferentes períodos, com o último tendo sido na última semana de junho.
Em 21 de junho, a CNBB emitiu um comunicado apoiando as manifestações, que “gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, um testemunho de que a solução dos problemas que o povo brasileiro sofre só será possível com a participação de todos. Eles fazem renascer a esperança ao gritarem: ‘O gigante acordou’.”
“Nós, os bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos solidariedade e apoio às manifestações – sempre que pacíficas – que levaram às ruas pessoas de todas as idades, principalmente jovens.”
No comunicado, intitulado “Ouvir o clamor que vem das ruas”, os cardeais expressam também que o direito democrático às manifestações pacíficas “deve ser sempre garantido pelo Estado” e que “de todos espera-se o respeito à paz e à ordem”.
O documento, que foi entregue ao Papa Francisco, faz voto de que “estas manifestações sirvam para fortalecer a participação popular nos destinos do nosso país e sejam um anúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido”, afirmando ainda tratar-se de “um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência”.
Um dos prováveis papáveis no conclave em que Bergoglio foi escolhido, Cláudio Hummes abrira as portas das igrejas nos anos 70 e início de 1980 para os operários em greve, durante a ditadura militar.
A presidente Dilma Rousseff foi inteirada sobre a posição do Papa e dos bispos sobre os protestos. O cardeal Damasceno a visitou no Palácio do Planalto no dia 31 de junho.
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