Abrigando animais raros e uma natureza de beleza única, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Uatumã é um lugar cheio de surpresas para quem quer conhecer a Amazônia
MANAUS, Brasil – A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Uatumã, situada a 380 km de Manaus, tem paisagem exuberante, atraentes praias naturais, corredeiras e quedas d’água, florestas conservadas com uma tradição de uso dos recursos naturais, pesca desportiva, e é acessível a população.
Os projetos ambientais desenvolvidos na reserva são fatores de conservação da natureza que seguem um caminho de harmonia entre o homem e o meio, assinalam os organizadores do projeto.
O RDS é uma modalidade de conservação que hospeda populações tradicionais que vivem num sistema sustentável de exploração dos recursos naturais.
As populações que vivem na reserva exercem uma função de proteção da natureza e manutenção da diversidade biológica, porque ao longo das gerações se adaptaram as condições ecológicas locais e específicas, afirma a equipe do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (IDESAM).
O engenheiro florestal Eduardo Rizzo Guimarães, coordenador do programa de unidades de conservação, disse que em Uatumã todas as atividades são organizadas e previstas no Plano de Uso Público (PUP) da RDS de Uatumã.
“Quando o ecoturismo é feito de forma organizada, é extremamente positivo”, afirmou ele.
Tudo que a reserva oferece em termos ambientais e culturais garante seu reconhecimento internacional como ponto turístico na Amazônia, assinala o engenheiro.
Projetos ambientais
A RDS de Uatumã é pioneira em projetos ambientais como o Plano de Manejo Florestal e o Programa de Carbono Neutro IDESAM. Ela possui os primeiros Planos de Manejo Florestal comunitário em unidades de conservação.
O plano tem como objetivo gerar renda para a população da reserva e prover madeira para as empresas locais, como parte da própria comunidade, e sem comprometer a floresta.
O Programa Carbono Neutro IDESAM consiste na implementação de sistemas agroflorestais na RDS com o objetivo de compensar as emissões de gases de efeito estufa das empresas interessadas em carbo-neutralizar suas emissões.
Segundo a equipe IDESAM, a carbo-neutralização é uma ação de compensação das emissões de gases de efeito estufa que contribuem com as mudanças climáticas e o aquecimento global, por meio da reflorestação em áreas degradadas ou sem vegetação natural.
Os turistas podem conhecer a gestão florestal, as áreas recuperadas e os sistemas ambientais na unidade de conservação.
Um destes exemplos se dá na região de Uatumã, onde se desenvolveu um projeto junto a algumas comunidades para a proteção dos quelônios (tartarugas, cágados ou jabutis), Programa Quelônios de Uatumã, apoiado pelas prefeituras locais e pela Eletrobrás Amazônia Energia. Desta forma, a região possuiria uma grande quantidade de quelônios aquáticos. Cinco comunidades da RDS de Uatumã estão realizando atividades de conservação e reprodução desses animais.
De acordo com os organizadores, isto ajuda a conscientizar os habitantes da reserva sobre a importância e o objetivo da conservação.
Desde 1996, o programa de proteção dos quelônios já repovoou parte do Rio Uatumã com cerca de 100 mil animais. O turista pode conhecer o Programa, as praias, a reprodução dos quelônios e conversar com os moradores que atuam na atividade.
Conhecendo a cultura local
As manifestações culturais dos habitantes da RDS de Uatumã são expressas na vida comunitária e nas relações familiares. Estas estão presentes nas atividades de pesca, caça e na fabricação artesanal com mandioca, conhecida como “puxiruns”, em que as famílias participam unidas nas etapas de preparação do alimento. É uma das manifestações mais populares da cultura da Região Norte do Brasil.
Na RDS, é possível que os turistas experimentem hospedar-se nas casas de algumas famílias locais e participar no cotidiano da vida do homem da floresta amazônica e nas festividades comunitárias, segundo relata o IDESAM.
A paisagem
O visitante pode vislumbrar na reserva as formações florestais típicas da Amazônia, tais como a floresta densa em terra-firme, as áreas inundadas, as “campinas” e as chamadas “campinaranas”.
Entre os animais, estão as espécies em risco de extinção que vivem na reserva: a jaguatirica, a onça pintada, o tamanduá-bandeira, as lontras, o peixe-boi e as tartarugas da Amazônia, os quais todos encontram na reserva um lugar seguro para sua sobrevivência.
Na RDS, os turistas também podem caminhar por muitas trilhas e entrar em contato com quedas d’água e corredeiras.