A Nintendo anunciou que encerrará suas atividades no Brasil ainda nesse mês. A culpa, segundo a empresa japonesa, são os altos impostos cobrados no país.
Em nota, a companhia informou que “em resposta a movimentos contínuos do mercado”, encerrará sua parceria com a Gaming do Brasil, empresa responsável pela operação no país. Não há substitutos anunciados, o que efetivamente faz com que não haja mais jogos oficiais de Wii, Wii U e Nintendo 3DS no mercado brasileiro.
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“O Brasil é um mercado importante para a Nintendo e lar de muitos fãs apaixonados. Mas, infelizmente, desafios no ambiente local de negócios fizeram nosso modelo de distribuição atual no Brasil mais insustentável. Estes desafios incluem as altas tarifas sobre importação que se aplicam ao nosso setor e a nossa decisão de não ter uma operação de fabricação local. Trabalhando junto com a Juegos de Video Latinoamérica, iremos monitorar a evolução do ambiente de negócios e avaliar a melhor maneira de servir nossos fãs brasileiros”, explicou Bill van Zyll, diretor e gerente geral para América Latina da Nintendo of America.
Desde que surgiram, videogames passaram a ocupar um papel relevante na sociedade moderna. Hoje, cerca de 1,2 bilhão de pessoas admitem jogar algum game ao redor do mundo. Isso significa que, de cada 7 habitantes do planeta, 1 tem o hábito de acumular pontos e passar de níveis em ambientes simulados eletronicamente. E a tendência é que esse número só aumente à medida que os países se desenvolvem: nos Estados Unidos, por exemplo, 67% da população já se considera gamer. O mercado de games no Brasil cresce em média 26% ao ano, como revelou um estudo da consultoria Euromonitor International, com arrecadação total de hardware, software e produtos digitais passando de R$ 673,2 milhões, em 2008, para R$ 2,1 bilhões em 2013. Atualmente, o país é o 13º maior mercado no mundo.
Como você já sabe muito bem, os impostos no Brasil são asfixiantes. E poucos mercados são mais afetados pela ação estatal que o de games. O Brasil possui o Xbox One e o PS4 mais caros do mundo. Champanhe, por aqui, têm menos tributação do que videogames – assim como caipirinha, xilofone (?), cachimbo, colar havaiano e máscara de lantejoulas (??).
“O que é considerado essencial ou não são conceitos subjetivos, e a decisão está nas mãos do legislador”, diz João Eloi, presidente da IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário). “Por isso não agrada todo mundo, cada um tem sua própria percepção de importância.”
Essa não é a primeira vez que a Nintendo encerra suas atividades de distribuição no Brasil – quem for um pouco mais velho certamente se lembrará do período em que a Gradiente mandava as cartas da empresa japonesa por aqui. Para os fãs da marca, agora só resta esperar pelos próximos passos mercadológicos da Juegos de Video Latinoamérica. E quem sabe torcer para que a mão pesada do governo no setor dê uma trégua.