Netanyahu não está “invadindo” políticas internas americanas, ou obtendo “um dia de glória” antes das eleições em Israel. Netanyahu está fazendo o que qualquer Primeiro Ministro de Israel faria: aceitou um convite oficial para proteger os interesses dos próprios americanos e de Israel em relação a um inimigo comum, o regime dos Aiatolás no Irã.
Não há duvidas de que o Irã é um país maravilhoso com uma cultura única e uma população vibrante e relativamente moderna comparada aos países à sua volta. Porém desde 1979, após a revolução Islâmica no país, seu governo passou a ser controlado por Aiatolás radicais que, além de privar sua própria população de liberdades e democracia, é uma ameaça para a estabilidade do Oriente Médio e para o mundo como um todo. Todas as agências de inteligência do mundo acusam o Irã de buscar fabricar bombas atômicas.
No final da década de 70, o então ditador do Iraque, Saddam Hussein, investiu centenas de milhões de dólares ganhos pelas suas ricas reservas de petróleo no seu mais ambicioso projeto, o reator nuclear Osirak. O Iraque já havia assinado o tratado de não proliferação nuclear, e seus oficiais afirmavam constantemente que o programa era pacífico e tinha fins de pesquisa e energia. O que o ocidente e alguns críticos não entendiam eram as razões pelas quais um país rico em petróleo decidir investir em energia nuclear. Em 1981 Israel bombardeou e destruiu as usinas nucleares iraquianas em uma das mais espetaculares operações do Exercito Israelense. O programa nuclear iraquiano foi completamente destruído. Muitos anos depois, após a queda de Saddam Hussein, um dos responsáveis pelo programa nuclear iraquiano, Dr. Khidir Hamza, em entrevista ao History Channel, disse em alto e bom som que o programa tinha na verdade um objetivo somente: A produção de bombas nucleares.
Leia também:
• Tel Aviv: exuberante cenário cosmopolita em Israel
• União Europeia pressiona Israel para dividir Jerusalém
• Governo boliviano aprova sanções contra Israel e coloca país na ‘lista negra’
Israel é um pais minúsculo. Sua largura no centro do país não supera os 25 km, onde a maioria da sua população se encontra. As relações do Irã com Israel antes da revolução Islâmica Iraniana eram normais. Porém após a revolução essas relações mudaram radicalmente. O Irã cortou todas suas relações diplomáticas e comerciais com Israel, ajudou a criar grupos terroristas como o Hezbollah no Líbano o qual sustenta financeiramente até hoje, enviou armas e foguetes ao Hamas na faixa de Gaza entre outras ações que se dividem em ações terroristas ou de sabotagem. Somente há alguns dias um diplomata Iraniano foi expulso do Uruguai por planejar um atentado contra a Embaixada de Israel em Montevidéu. Oficiais do governo iraniano bem como seu Ex-Presidente Ahmadinejad já disseram em publico que Israel deveria ser varrida do mapa e negam o Holocausto dos judeus na segunda guerra mundial.
Na última semana, o Senador Republicano e líder do congresso americano John Boehner convidou o Premie Israelense para discursar frente ao Congresso Americano sobre assuntos como o programa nuclear iraniano e as drásticas consequências que um possível acordo ruim poderá acarretar ao mundo. Netanyahu não é contra um acordo entre as potências e o Irã, porém não é a favor de qualquer acordo.
Netanyahu foi duramente criticado por ter aceitado o convite e foi acusado de não coordenar sua visita com a Casa Branca.
Não é de se espantar que a administração na Casa Branca não gostou. Obama sofreu duras perdas políticas nos últimos meses, está sendo criticado nacionalmente e internacionalmente pela sua postura fraca nas ações americanas contra o Estado Islâmico e simplesmente não conseguiu resolver a guerra civil na Síria. Obama precisa obter uma vitória a qualquer custo no campo internacional e um acordo sobre o programa nuclear iraniano é a grande oportunidade. Porém, para conseguir isso, Obama está abrindo mão de detalhes importantes e críticos, e aceitou recentemente 80% das demandas iranianas. Se assim for assinado, este acordo não impedirá que o Irã desenvolva armas nucleares, e é justamente isso que Benjamin Netanyahu quer impedir.
A segunda fonte do problema diplomático são as relações pessoais entre Obama e Netanyahu. As relações entre Israel e os EUA são únicas, fortes e inquebráveis. Porém os dois líderes não se gostam. Netanyahu tem amigos e doadores que apoiaram os candidatos opostos a Obama nas últimas duas eleições americanas. Obama não concorda com as políticas de Netanyahu em relação ao processo de paz com os palestinos. Podemos dizer que as relações entre Jerusalém e Washington nunca foram tão “frias”.
Por esses e outros motivos, a decisão de Netanyahu de aceitar o convite está sendo tão criticada. Porém Netanyahu não está “invadindo” políticas internas americanas, ou obtendo “um dia de glória” antes das eleições em Israel. Netanyahu está fazendo o que qualquer Primeiro Ministro de Israel faria: aceitou um convite oficial para proteger os interesses dos próprios americanos e de Israel em relação a um inimigo comum, o regime dos Aiatolás no Irã.
Pergunto a mim mesmo se o Primeiro Ministro de Israel fosse outra pessoa e não Netanyahu, será que a reação da Casa Branca e da mídia mundial teria sido igual? Acredito que não. Eventualmente a dinâmica diplomática entre Washington e Jerusalém não é das melhores. Mesmo assim, a decisão de Netanyahu em discursar está correta e é de suma importância para o mundo liberal.
Editado por Epoch Times