Depois de meses de intensos combates, o vice-presidente da Síria admitiu que nem os rebeldes nem o exército sírio podem vencer o conflito.
Farouq al-Sharaa, um membro veterano do Baath, o partido sírio que está no poder, disse à publicação libanesa Al-Akhbar que a situação parece sombria para ambos os lados, após 21 meses de violência que deixou mais de 40 mil mortos. Ele disse que o exército sírio não pode mais prevalecer no conflito.
Anteriormente, as autoridades do regime sempre diziam que as forças do presidente Bashar al-Assad prevaleceriam e Assad se manteve desafiante em face da pressão doméstica e internacional por sua renúncia, culpando os elementos “terroristas” que operam no país pela crise.
Mas agora, parece que a opinião e o sentimento geral mudaram entre alguns altos oficiais do regime sírio.
“A cada dia que passa, a solução fica mais longe, militar e politicamente”, disse Sharaa, que diferente daqueles no círculo interno alauíta de Assad é um muçulmano sunita, ao jornal libanês. “Temos de estar em posição de defender a existência da Síria. Não estamos numa batalha pela sobrevivência de um indivíduo ou de um regime.”
Sharaa é o mais alto oficial sírio a fazer tal afirmação.
Ele acrescentou, “O problema se torna maior e mais profundo quando alguns começam a pensar que a vitória e a derrota são possíveis. As forças de oposição combinadas não podem decidir a batalha e derrubar o regime militar, a menos que visem pôr o país no caos e num círculo interminável de violência.”
A situação atual na Síria deteriorou severamente nos últimos dias, diz ele, mas salientou que “a solução tem que ser síria, por meio de um acordo histórico, que incluiria os principais países regionais e membros do Conselho de Segurança da ONU”, o que inclui os Estados Unidos, a Rússia e a China.
“Este acordo deve incluir parar todas as formas de violência e a criação de um governo de unidade nacional com amplos poderes”, continuou Sharaa.
Segundo a Reuters, fontes próximas ao governo sírio disseram que Sharaa tinha inicialmente favorecido o diálogo com os membros da oposição, quando a insurreição pacífica começou em março do ano passado, ao invés de uma repressão militar.
Na entrevista, ele também pareceu ser crítico a maneira como o governo sírio operou antes do início do levante, apontando ineficiências que nunca foram corrigidas sob Assad e admitindo que o regime “deteve milhares de pessoas que não foram apresentadas diante dos tribunais, como se estivéssemos sob lei marcial”.
Ele acrescentou que nem a oposição síria ou o partido Baath podem ser os únicos representantes do povo sírio.
“A estrutura política, econômica e social do país está mudando a cada dia diante de nossos olhos. O que está acontecendo na Síria é homólogo ao que aconteceu no início de 1990 nos países do Leste europeu” que entraram em guerra, disse ele.
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