A Comissão de Câmbios e Títulos (SEC) dos EUA abriu um processo contra uma empresa por mal-uso de informações privilegiadas relacionadas com o negócio recém-proposto da CNOOC-Nexen, segundo um comunicado de imprensa de 27 de julho.
Na sexta-feira passada, a SEC congelou os ativos de comerciantes que usaram contas comerciais em Hong Kong e Cingapura para angariar mais 13 milhões de dólares em lucros ilícitos. Isso estava associado à aquisição recente proposta da Nexen Inc. sedeada no Canadá pela gigante do petróleo e gás chinesa CNOOC Ltd.
Em 23 de julho, a CNOOC chegou a um acordo para adquirir a Nexen por 15,1 bilhões de dólares, a maior oferta pública de aquisição nas relações exteriores chinesas na América do Norte, se aprovado.
A Well Advantage Ltd. de Hong Kong havia acumulado ações da Nexen com base em informação confidencial obtida dias antes da fusão pendente, segundo a SEC.
Um grupo de comerciantes baseado na Cingapura também fazia parte do acusado. Os comerciantes envolvidos não foram ainda identificados.
Zhang Zhirong, um empresário chinês baseado em Hong Kong, controla a Well Advantage. Ele também controla o ‘Grupo de Indústrias Pesadas Rongsheng da China’, que tem um “acordo de cooperação estratégica” com a CNOOC, segundo a SEC.
“Well Advantage e esses outros comerciantes envolveram-se num padrão demasiado familiar de uso indevido de informação privilegiada para realizar negócios extremamente oportunos e lucrar generosamente com seus atos ilegais”, disse Sanjay Wadhwa, vice-chefe da Unidade de Abuso de Mercado da Divisão de Repressão da SEC, numa declaração.
Well Advantage ganhou 7 milhões de dólares em lucros não realizados após a fusão ser anunciada, enquanto outros comerciantes desconhecidos, utilizando contas em Cingapura, fizeram 6 milhões de dólares em ganhos não realizados.
A última oferta da CNOOC por ações norte-americanas foi em 2005, quando foi proposto uma fusão com a californiana Unocal.
O senador norte-americano Charles Schumer (D-NY) enviou uma carta na semana passada ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner, pedindo-lhe para bloquear a fusão da CNOOC-Nexen em sua qualidade de presidente do Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos.
O senador Schumer argumenta que o acordo deveria ser bloqueado até que o governo comunista chinês tome medidas para abrir seus próprios mercados para investimentos estrangeiros de forma justa.
“É raro que tenhamos tanta influência para exercer sobre a China. Não devemos deixar esta oportunidade passar por nós. Em algum momento, temos de colocar o pé no chão sobre a recusa da China de jogar pelas regras do livre comércio”, disse Schumer a Geithner, segundo um comunicado em seu website. Schumer também foi um crítico do acordo de 2005 da CNOOC-Unocal, que eventualmente caiu completamente, devido à pressão política.
Os Estados Unidos pressionam o negócio porque a Nexen tem ativos nos Estados Unidos, no Golfo do México e, desta forma, as leis norte-americanas exigem uma revisão de segurança nacional.
Quanto ao Canadá, que realizará sua análise nas próximas semanas. O primeiro-ministro canadense Stephen Harper não se pronunciou sobre a decisão.
“Claramente, esses são acordos de negócios, mas agora os negócios, a política e a geopolítica estão juntos num sanduíche muito mais complexo e o debate que teremos e a necessidade de um público informado sobre isso é crucial”, disse o professor Paul Evans do Instituto de Estudos Asiáticos da Universidade da Colúmbia Britânica.