Necessidade de controle do regime chinês dificulta reforma econômica

17/07/2013 18:09 Atualizado: 18/07/2013 17:52
Na manhã de 25 de junho, o mercado de ações da China caiu 3,8%, somando as perdas dos dias anteriores (Wang ZhaoAFP/Getty Images)

Recentemente, a mídia chinesa reportou que um vice-primeiro-ministro realizou uma reunião urgente, às 5h da manhã, para discutir os planos de resposta à crise econômica da China. Os artigos destacaram a sensação de que a economia da China está num momento crucial.

O Conselho de Estado foi levado às pressas a aconselhar-se com o setor privado. Alguns centros de pesquisa e bancos comerciais apresentaram mais de dez planos de reforma e há outros tantos fóruns e discussões em andamento. Estes planos descrevem uma crise financeira crítica na China e apelam pela reforma das taxas de juro que seja mais orientada para o mercado.

O Gabinete-Geral do Conselho de Estado publicou um documento intitulado “Orientações sobre o Apoio Financeiro para a Reestruturação Econômica”, que afirma a necessidade de “expandir o capital privado no setor financeiro”.

“Na verdade, a falta de dinheiro pegou as autoridades de surpresa e estas tiveram de pedir ajuda ao público”, disse o professor Frank Xie da Escola de Administração da Universidade da Carolina do Sul-Aiken. “No entanto, podemos supor, com base na natureza do regime comunista, que ele de fato não permitirá que o capital privado tenha o poder de controlar os bancos, mas apenas de investir. Assim, o Partido Comunista Chinês [PCC] está apenas usando o dinheiro das pessoas, sem lhes conferir direitos.”

Além disso, o Prof. Xie disse que grupos de interesse associados ao PCC podem aproveitar a oportunidade do capital privado que entra nos bancos para ganhar dinheiro com corrupção, desviando de bancos estatais, que apareceriam como capital privado, e convertendo propriedade estatal em suposta propriedade privada.

Frank Xie assinalou que o PCC teme perder seu controle sobre a China quando perder o controle sobre a economia e, portanto, não implementará uma mercantilização completa. Durante a recente falta de dinheiro, o fato de que o novo governo chinês apressadamente usou 500 milhões de yuanes (US$ 81,5 milhões) para sustentar o mercado de ações dá uma boa evidência da intenção do PCC em limitar as forças de mercado, disse o Prof. Xie.

Xia Yeliang, um professor de Economia da Universidade de Pequim, disse: “O sistema financeiro chinês mostra alguns sinais de fraqueza e o aparecimento de uma escassez de dinheiro mostra seu pobre grau de mercantilização. Para um sistema de mercado aberto, a liquidez é muito importante e, quando há um problema de liquidez, isso significa que o sistema financeiro tem problemas sistemáticos.”

O novo termo “Likonomics” apareceu na mídia recentemente – o termo é atribuído ao primeiro-ministro Li Keqiang. Esta política é entendida como um recuo das políticas de estímulo econômico estatal, menor interferência no setor financeiro e reformas estruturais, que são destinadas a colocar a economia chinesa de volta nos eixos e em dia com o mercado.

Frank Xie disse que as dificuldades econômicas enfrentadas pela China agora são causadas pelas falhas do PCC em promover a liberalização econômica para introduzir a concorrência leal, o estado de direito e a supervisão da mídia sobre a economia livre.

“As crises que acorrem na China hoje, tanto econômica quanto financeira, são encontradas no embate da ditadura do PCC com o mercado”, disse Frank Xie. “A promoção atual de taxas de juros orientadas para o mercado, sem alterar o sistema político e todo o sistema social, certamente não irá longe.”

“Uma coisa que devemos perguntar é por que ele [o primeiro-ministro Li Keqiang] está fazendo isso? Se é para salvar o PCC, ele está destinado a falhar, pois, com os interesses do PCC envolvidos, ele de fato não fará nada pelo povo chinês ou para resolver os problemas atuais”, disse o Prof. Xie. “Apenas rompendo a ditadura de partido-único do PCC e esse sistema totalitário, a China poderá ser salva e novas esperanças emergirão no setor financeiro chinês.”

Enquanto o Conselho de Estado anunciou a permissão para que o capital privado entre no setor bancário, ele também declarou publicamente que os bancos privados terão de operar pelo próprio risco.

Frank Xie disse que essa abordagem contrasta com a generosidade que o PCC mostrou pelos bancos estatais quando estes tiveram problemas. Isso também mostra que o PCC não é verdadeiramente receptivo às instituições financeiras privadas.

Os bancos estatais se atreveram a agir de forma imprudente e envolveram toda a economia chinesa na crise atual justamente por causa da parcialidade do PCC pelos bancos estatais, disse o Prof. Xie.

Em países democráticos como os Estados Unidos, comentou Xie, os bancos são de propriedade privada e em sintonia fina com o mercado, eles contam com seguro de depósitos e a supervisão do governo para oferecer segurança a seus depositantes.

Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT