Na natureza, qualquer coisa pode vir a se tornar um porto seguro ou um lar. Eu frequentemente mergulho perto da Ponte de Blue Heron no sul da Flórida. Uma lagoa formada na área é o lar de muitas espécies jovens. É uma incubadora para a vida que migra pela ampla enseada de Palm Beach em direção ao Oceano Atlântico. Muitos barcos abandonados servem de casa para itinerantes que não podem, por lei, serem removidos ou forçados a sair. Eles ancoram em águas navegáveis. As correntes de ancoragem, as linhas e até mesmo o lixo, proporcionam um lar para a vida marinha.
Latas velhas, garrafas, carrinhos de compras, cordas, âncoras e correntes são recobertas por esponjas e corais moles. Peixes jovens se abrigam ali. Cavalos marinhos e peixes sapo habitam linhas descartadas. Estacas embaixo da ponte servem de casa para uma miríade de peixes e crustáceos. Um furacão afundou vários barcos pequenos perto da ponte.
Há um veleiro para o leste; dois pequenos a deriva e uma barca somam-se ao entulho. Eles têm grinaldas de esponjas coloridas, corais moles e hidróides. Há uma abundância de peixes, aproveitando-se de nichos dos naufrágios.
Cada mergulho na Ponte Blue Heron traz um novo entendimento dos sistemas naturais e do comportamento animal. Raras e bonitas criaturas abrigam-se e reproduzem-se no lixo embaixo d’água. A ONU estima que há aproximadamente três milhões de naufrágios em todo o mundo. Aqueles que afundaram em águas em que a luz consegue penetrar tornam-se casas para vidas incrustantes que dão suporte a um ecossistema marinho atraindo peixes pequenos, crustáceos e por sua vez, peixes maiores que acham comida no naufrágio.
Alguns detratores dos recifes artificiais desacreditam o fato que estes naufrágios ou pilhas de detritos somem-se ao monte bruto de vida de recife, mas, ao invés disso, atraiam a vida para longe dos recifes já estabelecidos. No ambiente marinho, achar um lar equivale a sobreviver.
A sobrevivência significa reprodução. Em qualquer lugar da Terra, estoques naturais de comida estão se esgotando. Nos oceanos, a pesca excessiva esta acabando com a comida para os peixes. A criação de habitats é uma boa coisa. O argumento de que um naufrágio que se torna um recife artificial atrai vida de outros recifes já estabelecidos, não é preciso.
A estrutura, contanto que seja de natureza relativamente permanente, é um substrato. Larvas de coral e outros organismos que se fixam, tem um lugar para criar uma casa. Navios selecionados para projetos de recifes artificiais devem ser cuidadosamente limpos e preparados para passar por inspeções ambientais para que nenhuma matéria prejudicial entre no oceano enquanto eles são afundados. Este não é o caso com naufrágios acidentais. O combustível e a carga poluem os oceanos há muitos anos.
Como o mergulho esportivo tornou-se popular, muitos desses naufrágios foram postos em águas relativamente rasas para tornar a exploração possível. Refúgios de peixes para pescadores são colocados em águas mais profundas. Atividades recreativas atraem o dinheiro dos turistas. Com impacto econômico ou não, o fato é que naufrágios ambientes tropicais tornam-se recifes vivos.
Organismos que se fixam transformam aço nu em uma panóplia de formas e cores. Corais, tanto duros quanto moles, estabelecem colônias, espojas e hidróides proliferam e a vida abunda.
Capitão Craig Smart leva mergulhadores a naufrágios tais como o Swordfish, abordo do Starfish Enterprise. “Os mergulhadores nos acham na internet. Eles fazem reservas especialmente para explorar os naufrágios”, disse o veterano capitão. “Os naufrágios trazem um novo habitat e sempre irão atrair vida marinha. Contanto que sejam limpos adequadamente, navios naufragados tornando-se recifes artificiais sempre será uma coisa positiva”.
Naufrágios usados em programas de recifes artificiais frequentemente recebem nomes que homenageiam os doadores que os patrocinaram. É caro limpar um navio antes de afundá-lo. A preparação, a seleção do local, o reboque e o ato de afunda-lo requerem financiamento.
Dois cargueiros, o Budweiser Bar e o Beck’s, foram afundados com subsídios do distribuidor de cerveja. Beck’s é um cargueiro de 65 metros e o Budweiser um cargueiro de 50 metros. O Beck’s também é chamado de Capitão Tony em memória a um capitão de um barco de mergulho que perdeu sua vida em um acidente de barco. Outro barco grande com casco de metal, o Castor, que afundou perto da praia de Boynton é um cargueiro de 85 metros.
“A partir do fundo do casco, o Castor está afundado em 31 metros de água. A superestrutura está a aproximadamente 26 metros. Os outros naufrágios estão a aproximadamente 26 metros. Suas superestruturas e seus conveses estão muito mais próximos da superfície” disse Smart. Estes barcos estão bem dentro dos limites de mergulho que requerem que os mergulhadores fiquem a menos de 40 metros de profundidade.
Os três naufrágios localizados próximos a Praia de Boynton são a casa de garoupas Golias. Esses grandes peixes estão protegidos. Eles foram caçados até quase serem extintos.
Pescadores de linha que pescam essas garoupas precisam devolvê-las ao mar sem machucá-las. Muitas nadam com anzóis em suas bocas, arrastando fios de monofilamento e arames-guia. Mergulhadores às vezes são capazes de encurtar esses arames para que não fiquem protuberantes nos peixes. Anzóis eventualmente enferrujam. Os naufrágios os abrigam e dão suporte a eles para predarem outras espécies.
Peixes barracuda perambulam os naufrágios. Sendo que a Corrente do Golfo faz um desvio próximo à costa, uma corrente que flui prevalentemente do norte faz que os barracuda nadem em direção ao sul. É um elegante esquadrão patrulhando acima de um barco afundado. Os barcos foram orientados com suas proas em direção ao sul, fluindo com a corrente.
Furacões fizeram que mesmo o maior destes recifes artificiais se quebrassem. O Castor está rasgado ao meio entre barcos com metal distorcido e espalhado na areia. Até mesmo os pedaços de metal distorcido tornaram-se um complexo de casas para a vida no recife.
Os locais para recifes artificiais são escolhidos cuidadosamente. Eles são utilizados apenas após estudos serem feitos para determinar o melhor local para colocá-los. As pesquisas de pré-implantação incluem as considerações do impacto ambiental que terão nos recifes de corais já existentes.
Os naufrágios podem ficar literalmente intactos por até 50 anos. Eventualmente suas superestruturas irão cair. Tempestades irão bater contra os cascos e virar os compartimentos de carga. Eu explorei naufrágios que já estão lá há centenas de anos. Eles ainda servem de casa para corais e vida de recife.
Algumas buscas bem intencionadas para alterar a natureza são boas, outras ruins. Naufrágios como recifes artificiais provaram ser importantes refúgios para uma grande variedade de vida no oceano. Sua viabilidade em atrair a procura recreacional também melhora a economia local. Como representante da Starfish Enterprise o capião Craig Smart diz, “isso sempre é uma boa coisa”.
Dr. John Chirstopher Fine é autor de 24 livros. Seus artigos e fotografias aparecem em revistas e jornais nos EUA e Europa.
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