Na China, remoção da facção das mãos ensanguentadas é só o começo

23/05/2012 03:00 Atualizado: 23/05/2012 03:00

Algumas figuras principais da facção das mãos ensanguentadas, os oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para conduzirem sua perseguição ao Falun Gong. Alto à esquerda: Zhou Yongkang, chefe de segurança pública do regime chinês, recentemente destituído de sua autoridade e colocado em investigação. (Liu Jin/AFP/Getty Images) Alto à direita: Bo Xilai, o ex-secretário do Partido em Chongqing, que em breve será julgado por corrupção. (Lintao Zhang/Getty Images). Embaixo à esquerda: Li Changchun, chefe de propaganda do PCC. (Feng Li/Getty Images). Embaixo à direita: Jiang Zemin, ex-presidente chinês criador da facção das mãos ensanguentadas (Imagens Minoru Iwasaki-Pool/Getty).O Falun Gong é a questão principal enfrentada pela nação chinesa

As mudanças na China apenas começaram. Desde que o ex-chefe da polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro para salvar sua vida, uma lógica oculta tem conduzido o desenvolvimento de um evento impressionante após o outro.

Bo Xilai, que num ponto foi apontado como provável candidato a um assento no Comitê Permanente do Politburo, foi colocado sob investigação e, em seguida, deposto de todos os seus cargos no Partido Comunista Chinês (PCC).

Em seguida, Zhou Yongkang foi colocado sob investigação e então desprovido de sua autoridade sobre o poderoso Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL). É apenas uma questão de tempo até que ele também seja removido de todos os seus postos.

Com Zhou removido numa purgação em câmera lenta, espera-se que outros altos oficiais da facção das mãos ensanguentadas, oficiais promovidos pelo ex-líder chinês Jiang Zemin para conduzir sua perseguição ao Falun Gong, sejam os próximos alvos.

Mas o progresso dos acontecimentos não parará quando os criminosos forem removidos do poder um por um. Pelo contrário, o momento criará condições oportunas para abordar as verdadeiras causas da crise que a China enfrenta hoje.

Em 20 de julho de 1999, Jiang lançou uma campanha para erradicar o Falun Gong. Os custos econômicos, legais, morais e humanos desta perseguição têm sido enormes. O caminho para o futuro da China está em reverter as políticas desastrosas de Jiang, portanto, a chave para compreender a China de hoje está em compreender o papel desempenhado pelo Falun Gong.

Custos insustentáveis

Quando o advogado cego de direitos humanos Chen Guangcheng escapou de sua casa na província de Shandong, o vídeo do YouTube publicado por ele documentou os gastos extraordinários usados para mantê-lo em prisão domiciliar, com dezenas de oficiais da segurança local contratados exclusivamente com a finalidade de monitorar e perturbá-lo.

Os praticantes do Falun Gong têm sido vigiados e assediados por 13 anos pelo pessoal da segurança local contratados para apenas essa finalidade. Além disso, indivíduos recebem recompensas em dinheiro consideráveis por informar sobre os praticantes. As despesas, multiplicadas por toda a nação, são enormes.

Já outros são contratados para diferentes fins. Em algumas partes da China, pessoas são pagas para vigiar postes para prevenir que um praticante do Falun Gong suba neles e interfira no sinal de TV a cabo, e use-o para transmitir informações sobre a perseguição ao Falun Gong.

Estes tipos de despesas, em que particulares são contratados como prestadores independentes para perseguir seus concidadãos, estão muitas vezes fora dos livros.

Alguns exemplos dão uma ideia aproximada do custo orçamentário da perseguição de Jiang. De acordo com um relatório da Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG), as despesas com a Segurança Pública, Departamento da Procuradoria e tribunais na cidade de Qingdao, província de Shandong, aumentaram 48,6% em 2000. Nos quatro anos seguintes depois do começou a perseguição, as despesas administrativas e legais da cidade de Dalian, província de Liaoning, aumentaram 467%.

A fim de acomodar o fluxo de praticantes do Falun Gong detidos, as províncias têm se engajado na prisão em massa e expansão dos campos de trabalho. O dinheiro também flui para deter os praticantes em centros de lavagem cerebral e hospitais psiquiátricos.

Montanhas de dinheiro têm sido usadas para difamar o Falun Gong e enganar o povo chinês. O dinheiro paga por artigos de propaganda em jornais e revistas, publicação de livros, transmissões de rádio e TV, produção de seriados de TV e filmes de longa-metragem, panfletos, DVDs, e cartazes distribuídos a todos os cantos da China.

Controlar a internet envolve quantias enormes de dinheiro. Suprimir o Falun Gong rapidamente se tornou a principal missão do Projeto Escudo Dourado, um sistema abrangente para monitorar a internet. Desde 2002, o Projeto Escudo Dourado custou 6 bilhões de yuanes (724,94 milhões de dólares).

Além disso, um software específico desenvolvido para identificar conteúdo relacionado ao Falun Gong em redes de computadores e outros softwares para rastrear o mesmo conteúdo em cibercafés foram desenvolvidos. Policiais da internet foram contratados para monitorar possíveis referências ao Falun Gong em tempo real.

Grandes quantias também foram gastas no controle da mídia de língua chinesa fora da China e no financiamento da monitoração de praticantes do Falun Gong no exterior.

Atualmente, os gastos públicos anuais divulgados pelo CAPL, o órgão principal responsável pela perseguição ao Falun Gong, equivale a um total de 700 bilhões de yuanes (111 bilhões de dólares), o que supera as despesas militares.

É impossível calcular todos os custos associados à perseguição. Fontes familiarizadas com a situação disseram ao Epoch Times que, durante o período de pico de 1999-2002, as despesas da perseguição podiam ser consideradas como equivalentes à metade do Produto Nacional Bruto (PNB) da China.

Em outros períodos, as despesas foram de pelo menos um terço a um quarto do PNB. No auge, os recursos utilizados na perseguição ao Falun Gong foram equivalentes a três quartos do PNB.

Estes números ainda não refletem o custo. O dinheiro gasto na perseguição foi tirado de orçamentos para o bem-estar social, educação e infraestrutura, tornando o país mais pobre. Brilhantes cientistas, engenheiros e professores foram expulsos da China, uma perda de cérebros que custa ao país a cada dia.

Sistema jurídico destruído

Os gastos monetários, mesmo estando em níveis insustentáveis, são os menos prejudiciais dos custos da perseguição.

Antes da perseguição, havia muita discussão na China sobre o desenvolvimento das instituições necessárias para trazer o Estado de Direito à China, e medidas foram tomadas para avançar nesse sentido. Jiang Zemin e sua perseguição estrangularam tais esperanças.

Quando Jiang estava pronto para iniciar a perseguição, ele descobriu que nenhuma lei atual podia ser usada para acusar os praticantes do Falun Gong, porque eles não causavam dano à sociedade e não violaram qualquer lei.

Jiang então criou um novo sistema para realizar a perseguição. Ele estabeleceu um novo órgão no PCC, a Agência 610, que utilizava o CAPL, o órgão do Partido que supervisiona quase todos os aspectos da aplicação da lei na China.

Porque a perseguição em si é ilegal, muitas políticas da Agência 610 não podem ser comunicadas através de documentos oficiais. Elas são transmitidas em conversas ou através de chamadas.

Os praticantes do Falun Gong têm ouvido certas orientações repetidamente de oficiais da Agência 610, dosa campos de trabalho e das prisões: “Espancá-los até a morte contará como suicídio.” “Cremar o corpo imediatamente.” “Arruinar suas reputações, esgotar suas finanças, e destruí-los fisicamente.”

Tais políticas têm treinado os funcionários do aparato de segurança do regime para ignorar a lei, ser indiferente aos direitos individuais, e praticar a brutalidade com impunidade.

Além disso, a perseguição tem encorajado e recompensado o sadismo. O desertor Hao Fengjun é um exemplo visível de uma tendência silenciosa no aparato de segurança da China. Em 2005, Hao, um membro da Agência 610 em Tianjin, decidiu que não mais se associaria com a perseguição e fugiu para a Austrália para pedir asilo.

Outros não têm procurado asilo, um movimento arriscado, já que os membros do aparato de segurança nacional não têm permissão para viajar, mas abandonaram as forças de segurança ou se recusaram a participar por mais tempo na perseguição.

Outras políticas, “Nenhum advogado é permitido defender praticantes do Falun Gong” e “Sem acolhimento, aceitação, ou explicação para casos trazidos por praticantes do Falun Gong”, reverteram qualquer progresso feito pelo sistema jurídico chinês em direção ao Estado de Direito.

Juízes, funcionários do Ministério Público e advogados de defesa foram forçados ao entendimento de que o sistema legal existe para fazer cumprir o regime do Partido e, mais particularmente, para fazer cumprir a perseguição.

Dezenas de advogados de defesa entendem que os praticantes do Falun Gong oferecem o teste principal pela defesa do Estado de Direito na China, com Gao Zhisheng sendo o mais proeminente deles.

Se os direitos dos praticantes do Falun Gong, que são os mais ameaçados, podem ser defendidos, então, as proteções adquiridas se estenderiam a todos. Estes advogados têm pagado por seus esforços perdendo suas licenças e empregos, e sofrendo detenções, espancamentos e tortura.

Na verdade, a esperança de usar os casos do Falun Gong para reformar o sistema legal permanece ideologicamente. As medidas extremas e o abuso do sistema jurídico desenvolvidos para serem usados contra os praticantes do Falun Gong foram estendidos aos dissidentes, advogados de direitos humanos, artistas e cidadãos comuns.

Ao mesmo tempo, Jiang quis usar os poderes extraordinários criados para implementar a perseguição e isolar os oficiais do Partido da prestação de contas sobre a perseguição. O CAPL usou a perseguição como uma oportunidade para expandir-se rapidamente. Um aumento no poder da Polícia Armada Popular equiparou-a com a força militar, e o CAPL tornou-se um segundo centro de poder dentro do PCC.

Isto removeu qualquer restrição sobre a ilegalidade do CAPL e inclusive ameaçou dar-lhe os meios de derrubar o próximo líder do Partido num golpe, perspectiva que levou os altos oficiais do PCC a se voltarem contra Bo e Zhou.

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Em 29 de abril, 7.400 praticantes do Falun Gong se reuniram no Memorial Chiang Kai-shek em Taipei, Taiwan, e compuseram a imagem do fundador do Falun Gong, o Sr. Li Hongzhi, formando uma cena grandiosa e magnífica. (The Epoch Times)Tudo é permitido

O empresário britânico Neil Heywood foi assassinado em novembro de 2011 depois de um aparente desentendimento sobre um negócio com Gu Kailai, a esposa do Bo Xilai, o ex-chefe do Partido da megacidade de Chongqing desposto. Segundo noticiários, Bo é suspeito de estar envolvido no assassinato.

Em 7 de maio de 2002, o voo 6163 da companhia China Norte pegou fogo e caiu na cidade portuária de Dalian, matando todas as 112 pessoas a bordo. O jornalista Jiang Weiping relatou que Bo arranjou a queda do avião a fim de matar um adversário político.

A Brilliance China, baseada na província de Liaoning, é a fabricante número um de micro-ônibus na China. Em 2002, quando a Brilliance planejava construir uma fábrica em outra província, Bo, governador de Liaoning na época, simplesmente fez a província expropriar a empresa. Quando este roubo foi contestado, Bo acusou o proprietário da empresa de “crimes econômicos” não especificados.

Bo foi um dos principais executores da perseguição ao Falun Gong, e Jiang Zemin o recompensou por seu zelo, promovendo Bo de prefeito da cidade de Dalian para governador de Liaoning, e a ministro do Comércio, num espaço de quatro anos.

Em 1999, quando Jiang iniciou a perseguição, todos os outros membros do Comitê Permanente do Politburo, o pequeno grupo que governa a China, se opuseram a ele. Jiang necessitou recrutar oficiais dispostos a conduzir sua perseguição.

O modus operandi de Jiang era premiar os que realizaram a perseguição com oportunidades de corrupção. Desde que começou a perseguição, a corrupção aumentou descontroladamente.

A corrupção é intrínseca à perseguição e se estende do topo até a base do Partido. Aparentemente, cada aldeia na China tem um secretário do Partido e um chefe de polícia com moradias novas e carros de luxo estacionados na frente. As casas e os carros foram comprados com a riqueza confiscada de praticantes do Falun Gong locais e com os bônus que a Agência 610 proveu para perseguir os praticantes.

Jiang Zemin mesmo mostrou o caminho em matéria de corrupção. Em outubro de 2007, o ex-ministro das finanças Jin Renqing renunciou inesperadamente, presumivelmente por causa do dinheiro transferido para o exterior por Jin e Jiang Zemin alguns anos antes, quase 100 bilhões de yuanes (15,8 bilhões de dólares) em fundos deslocados.

A Comissão Disciplinar Central do Partido está investigando um caso de corrupção grave ligado a Jiang e seu filho, Jiang Mianheng. O dinheiro envolvido na fraude financeira poderia chegar a 1,2 trilhões de yuanes (190 bilhões de dólares).

A corrupção é um sintoma da extrema imoralidade da perseguição. Crimes como calúnia, roubo, estupro, tortura inimaginável, lavagem cerebral, e assassinato não são apenas permitidos, mas requeridos pela perseguição. Os oficiais que excutam a perseguição liberam-se de todas as noções de certo e errado para que o crime seja mais fácil para eles.

Os chineses comuns que não praticam o Falun Gong também sofreram. Os últimos 13 anos viram uma explosão na China do número de “incidentes de massa”, protestos em larga escala, muitas vezes violentos.

O Prof. Xie Yielang da Universidade de Pequim, citando dados do CAPL, disse que houve 230 mil incidentes de massa em 2009. O descontentamento popular aumentou enquanto oficiais se tornaram mais vorazes e menos preocupados com o bem-estar do povo. Por sua vez, as próprias pessoas aprenderam a abandonar a moralidade. Na China de hoje, o ditado “todo mundo me prejudica, e por isso eu prejudico todo mundo” é comum.

A província de Liaoning de Bo Xilai tem sido referida pelo pesquisador Ethan Gutmann como o epicentro da extração forçada de órgãos de pessoas vivas na China. Na colheita de órgãos, pode-se ver a lógica da perseguição se manifestando completamente, assassinando seres humanos inocentes da forma mais cruel possível pelo lucro.

Estabilidade e futuro da China

Alguns anos depois de constituída, a Agência 610 foi rebatizada de “Equipe de liderança para manter a estabilidade”. Uma das calúnias usada para justificar a perseguição foi a alegação de que o Falun Gong ameaçava a estabilidade social.

De acordo com um relatório elaborado por um órgão estadual em 1999, entre 70 e 100 milhões de pessoas praticavam o Falun Gong na China. Fontes do Falun Gong dizem que o número era de mais de 100 milhões ou um em cada 12 chineses.

Cada um desses praticantes tem familiares, amigos e colegas de trabalho, por isso, centenas de milhões de chineses são diretamente afetados pela perseguição. A estabilidade na China nunca poderia ser possível com o Estado declarando guerra a uma proporção tão grande da nação.

De fato, várias pesquisas mostram que o Falun Gong tem tido excelentes resultados na melhoria da moralidade, resolução de conflitos nas relações pessoais, estabilizando a sociedade, e curando problemas de saúde.

Em maio de 1998, o Departamento Desportivo Nacional chinês começou um estudo sobre os efeitos do Falun Gong, examinando mais de 100 mil praticantes do Falun Gong. Em 20 de outubro, o líder do grupo de estudo do Departamento Desportivo de Changchun, no nordeste da China, disse num discurso, “Acreditamos que a eficácia do Falun Gong é muito boa, e tem tido um impacto óbvio sobre a estabilidade social e a construção de moralidade. Devemos reconhecer isso plenamente.”

Na segunda metade de 1998, Qiao Shi, que tinha acabado de cumprir um mandato como presidente do Comitê Permanente do Congresso Nacional Popular e serviu no Comitê Permanente do Politburo, conduziu sua própria investigação, junto com outros membros seniores do Congresso.

Quando a equipe de pesquisa médica entrevistou mais de 12 mil praticantes do Falun Gong na província de Guangdong, 97,9% disseram que a prática do Falun Gong tinha melhorado sua saúde. O relatório do grupo concluiu, “O Falun Gong oferece centenas de benefícios ao povo chinês e à nação, e não oferece qualquer prejuízo.”

Numa carta escrita na noite de 25 de abril de 1999, Jiang Zemin questionou, “Será que o marxismo, o materialismo e o ateísmo que nossos membros do Partido Comunista defendem não podem vencer a batalha com o que o Falun Gong promove?”

A perseguição oferece uma escolha clara entre o “marxismo, materialismo e ateísmo” do PCC e os princípios de verdade, compaixão e tolerância, que são a base dos ensinamentos do Falun Gong. A tentativa de Jiang de erradicar o Falun Gong é parte de um esforço de mais de 60 anos do PCC para destruir a civilização chinesa antiga e cortar a raiz da vida da nação, sua cultura.

A civilização chinesa ensina as pessoas a valorizarem a virtude, fazer boas ações e respeitar o divino. A cultura tradicional chinesa enfatiza virtudes como sinceridade, bondade, perdão, amor, coragem e lealdade. Estas virtudes criaram as qualidades do povo chinês e são a base para a continuação da cultura chinesa.

Os ensinamentos do Falun Gong resumem o que há de melhor na cultura tradicional chinesa. A perseguição do PCC ao Falun Gong tem esgotado as finanças do país, destruído as esperanças no sistema legal, e arruinado a moral da nação, enquanto vitima pessoas boas e inocentes.

Acabar com a perseguição permitirá que o povo chinês encontre o caminho de volta a sua herança. Mais uma vez, a nação chinesa será capaz de desfrutar uma vida harmônica, com moralidade e liberdade baseadas na dignidade e no respeito ao que é bom.

O caminho para o futuro da China é claro. Para aqueles ao redor do mundo que anseiam por uma China estável, que desempenhará um papel produtivo no mundo, a escolha é óbvia: Opor-se à perseguição ao Falun Gong.

A história julgará a escolha que cada pessoa fizer.