Esforços de praticantes do Falun Gong fazem uma prisão parar o abuso
Desde julho de 1999, quando a perseguição ao Falun Gong começou na China, os praticantes desta disciplina espiritual têm procurado através de uma campanha de desobediência civil mudar as atitudes daqueles que os perseguem. Da cidade de Fushun no nordeste da China vem um exemplo de como os esforços dos praticantes fazem a diferença.
A Prisão Jardim do Sul em Fushun não era exatamente um jardim. O Sr. Jing Suo foi enviado para lá em outubro de 2004 por imprimir livros do Falun Gong.
Jing lembra ter visto praticantes serem severamente espancados quando se recusaram a renunciar suas crenças. O praticante Wang Wenju morreu depois de ser alimentado à força em 23 de abril de 2005. Um dos amigos de Wang postou a notícia num website no estrangeiro.
Então, a prisão foi inundada com materiais que falam sobre o abuso realizado a praticantes do Falun Gong, disse Jing. “Muitos guardas que participaram do espancamento de Wang receberam telefonemas e mensagens de texto por meses”, disse Jing. “A administração ficou bastante preocupada.”
Muitos dos que trabalhavam na prisão começaram a refletir sobre a forma como trataram os praticantes do Falun Gong, disse Jing.
Jing lembrou um líder de equipe na prisão dizendo-lhe que ordinariamente se um preso normal fosse enviado para a prisão, a prisão tinha de pagar entre 500 a 2 mil yuanes (79 a 316 dólares; a renda familiar média em 2010 era 3.309 dólares) pelo trabalho que o preso faria na prisão. O montante exato era determinado de acordo com a duração do mandato de prisão e o estado de saúde do preso.
Mas quando um praticante do Falun Gong era recebido, ao invés da prisão pagar, o Partido Comunista local pagaria um bônus de 5 mil yuanes (790 dólares) para incentivar a prisão a fazer um esforço extra e forçar o praticante a desistir de suas crenças, disse Jing.
Mesmo assim, por causa da publicidade sobre a forma como os praticantes estavam sendo abusados na Prisão Jardim do Sul, as coisas mudaram. “Eles disseram-me, ‘Mesmo que os superiores nos deem dinheiro, não mais aceitaremos praticantes do Falun Gong'”, disse Jing. Pelos próximos seis meses, praticantes do Falun Gong não foram torturados ou forçados a participar no trabalho duro.
Mas seis meses depois, a administração da prisão mudou e um novo líder de equipe assumiu a posição. “Eles colocaram um tubo no meu nariz e repetiram isso várias vezes colocando o tubo para dentro e para fora. Também bloquearam o sangue saindo do meu nariz com grande quantidade de papel higiênico. O tubo feriu meu nariz, garganta, esôfago e estômago”, disse Jing. “Eles me alimentaram à força com água salgada, enquanto batiam em meu rosto e me diziam para não fechar os olhos.”
Mais uma vez, telefonemas e panfletos encontraram seu caminho para a prisão, o tribunal local e o governo da cidade. De alguma forma, os sofrimentos que aconteciam por trás dos muros da Prisão Jardim do Sul foram colocados num panfleto que foi distribuído em silêncio para muitos moradores da cidade de Fushun.
Um dia, Jing foi chamado ao escritório do líder da equipe. “Eu estava bêbado no outro dia. Não fique bravo comigo”, disse o líder da equipe. “Você pode colocar a opinião pública para descansar? A prisão e eu estamos tendo um momento difícil.”
Por volta de meados de 2006, a prisão mudou novamente. Eles não mais forçaram praticantes do Falun Gong a renunciar suas crenças e também não têm de usar uniformes ou participar de trabalhos forçados. “Até 11 de junho de 2008, quando minha pena acabou, eu era o único praticante do Falun Gong ainda na prisão. A prisão não aceita mais praticantes do Falun Gong”, disse Jing.
Milhões de praticantes do Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, foram enviados para campos de trabalho e prisões desde 1999; eles são o maior grupo na história de prisioneiros da consciência, segundo o Centro de Informações do Falun Dafa.
Enquanto detidos, praticantes do Falun Gong enfrentam tratamentos cruéis, tais como lavagem cerebral, a privação do sono e tortura. Mais de 3.500 foram confirmados mortos como resultado de torturas e abusos, mas o número real é calculado em dezenas de milhares de pessoas, segundo o Centro de Informações. Além disso, acredita-se que dezenas de milhares de praticantes foram vítimas da extração forçada de órgãos enquanto ainda estavam vivos, segundo investigadores.