As conversas entre o presidente americano Barack Obama e o líder chinês Xi Jinping, durante as reuniões da APEC recentemente realizadas em Pequim, focaram em assuntos comuns para ambas as nações, firmando acordos longamente negociados, finalizados numa conferência de imprensa conjunta para anunciar os resultados de sua reunião. No entanto, dois especialistas em assuntos da China, baseados nos Estados Unidos, acreditam que essas cúpulas com líderes chineses não conseguem restaurar boas relações e que estas devem permanecer instáveis e divididas.
Gordon Chang, colunista especial da Fox News e especialista em China, disse que os Estados Unidos devem renunciar a conversações secretas com a liderança comunista. Ele recomenda a aplicação de pressão sobre o regime para que se trabalhe com foco na violação das normas básicas internacionais de comércio e direitos humanos.
Xia Yeliang, analista de assuntos da China e associado ao Instituto Cato, um grupo de reflexão com sede em Washington, destacou que, devido à repetida falta de respeito pelas normas e valores aceitos internacionalmente, a China não pode ser tratada como uma potência mundial íntegra.
Ex-professor da prestigiosa Universidade de Pequim, na China, Xia Yeliang foi demitido em outubro de 2013 devido à sua crítica ferrenha ao Partido Comunista Chinês e por sua luta em defesa da democracia e dos direitos humanos. “O regime chinês não respeita qualquer limite”, disse Xia em entrevista ao Epoch Times. “Se a China não respeita os direitos humanos, ela não pode ser tratada como uma potência internacional.”
Segundo Xia, ao não apoiar diretamente uma convocação da China para um “novo modelo de relações de grande poder”, Obama, “basicamente, se recusou a reconhecer os caprichos do regime chinês”.
Gordon Chang, autor do livro “The Coming Collapse of China” (2001), disse que há muito tempo a China tem sido conduzida por um regime ideologicamente conservador que não pode manter um crescimento econômico sustentável nem perseguir uma política externa racional.
“Os líderes chineses”, escreveu ele num artigo publicado pelo Instituto Pedral, “desconfiam de nós [os EUA], porque eles se veem como os protetores de uma ideologia ameaçada por sociedades livres. A desconfiança é inerente a seu Estado governado por um único partido. Isso jamais será abrandado enquanto o Partido Comunista continuar no poder.”
Chang sustenta o entendimento de que os Estados Unidos podem e devem operar a partir de uma posição de força, ao invés de mostrar fraqueza quando tratam o regime comunista em pé de igualdade como um parceiro diplomático.
“Em vez de ir a Pequim, devemos insistir em que os líderes chineses venham a Washington para explicar suas táticas comerciais predatórias, suas tentativas de negar a liberdade de navegação, a liberação de tecnologia de armas nucleares para o Irã e a Coreia do Norte e seus ciberataques sem precedentes contra nossas redes, entre outros atos irresponsáveis”, escreveu Chang num artigo na Fox News.
A recente luta interna entre facções em Pequim, de acordo com Chang, é um sintoma do sistema autoritário da China que tornar ineficazes as investidas diplomáticas conciliatórias dos EUA.
“Enquanto eles [os líderes do Partido Comunista] se engalfinham entre si, literal e figurativamente, trabalhar com os EUA pode ser de pouca importância ou insignificante em sua lista de prioridades”, escreveu Chang no World Affairs Journal. “Pode até ser considerado politicamente perigoso.”
Gordon Chang, apontando para o tom militarista e xenófobo da imprensa estatal chinesa, disse que os Estados Unidos não podem mostrar fraqueza frente ao regime comunista. “Se não podemos dizer essas coisas com clareza, os chineses vão pensar que estamos com medo deles. Se eles acharem que estamos com medo deles, eles agirão em conformidade [com isso]. Repito: coisas ruins acontecem quando seu adversário não o respeita.”
Com reportagem de Leo Timm