Uma mudança política na China significa que o país agora importa mais grãos do que produz. Esta é uma má notícia, não só para a segurança alimentar de 1,3 bilhão de pessoas na China, mas também para os recursos naturais ao redor do mundo.
A China importou mais de 63 milhões de toneladas de soja em 2013, um aumento de seis vezes em relação a 13 anos atrás, segundo estatísticas do regime chinês. As importações de soja da China superam a produção nacional em 80%. Mas a mudança não se limita à soja. A dependência da China por trigo, arroz e milho tem crescido da mesma forma.
E parece que essa dependência da China por grãos importados apenas crescerá. Em fevereiro, o regime chinês abandonou sua política de autossuficiência na produção de grãos. Isso estabeleceu uma produção de grãos no país muito aquém do que ele consome.
“Um pequeno aumento na demanda na China significa enormes exportações para outros países”, disse Shefali Sharma, diretor de commodities agrícolas e globalização do Instituto para Agricultura e Política Comercial. “As implicações são sobre o uso da terra e da água”, disse Sharma, destacando que o mundo deve considerar o que será necessário para preencher a demanda da China por grãos.
As necessidades de água de 50 mil famílias na Califórnia poderiam ser preenchidas com o que é usado atualmente nos Estados Unidos para cultivar alfafa para a China, disse ela. No Brasil, por exemplo, o mercado de soja para a China causou enorme desmatamento. “Estamos vendo esse impacto agora”, disse ela. “Então, se estamos vendo isso agora, quais serão os efeitos dessas exportações crescentes?”
Aumento da dependência
A China é a maior importadora de produtos alimentares e agrícolas dos Estados Unidos e é responsável por quase 20% das exportações, segundo um relatório recente do Departamento de Agricultura dos EUA.
Em 2013, as importações de alimentos da China atingiram um recorde de seis anos de alta, respondendo por US$ 26,7 bilhões em produtos de soja, trigo, milho e produtos florestais. O relatório mostra que, desde 2008, a China se transformou de um grande exportador de alimentos num grande importador de alimentos.
As últimas mudanças de política estão relacionadas à indústria da carne na China. A demanda por carne na China requer mais recursos do que o país pode suportar. Sharma disse: “Eles percebem que não têm terras aráveis suficientes, eles não têm água suficiente.”
Sharma disse que o Conselho de Grãos dos EUA estima que a China precise importar algo em torno de 19-20 milhões de toneladas de milho em 2022. Ela observou: “Isso é cerca de um terço do milho negociado no mercado mundial hoje.”
“O mercado mundial de grãos é muito volátil e inseguro”, disse ela, observando que apenas cerca de 12% dos grãos cultivados no mundo são negociados. “A China realmente exemplifica esse problema porque a China consome uma grande porção.”
Crise alimentar da China
A China está sofrendo de um grande déficit de grãos e isso está sendo causado por vários fatores. A mídia chinesa disse que a deficiência de grãos está sendo causada pela poluição grave de metais pesados. Problemas climáticos extremos e desertificação também têm reduzido as terras aráveis da China.
Enfrentando rendimentos significativamente menores em grãos, os chineses percebem que o país enfrenta um problema de longo prazo com a escassez de alimentos.
A mudança de foco de grãos para carne é uma solução artificial, uma vez que é menos afetada pela poluição ambiental. Os agricultores podem simplesmente alimentar os animais com grãos importados, sem deixar de produzir alimentos localmente.
O novo foco sobre a importação de grãos significa que, se as importações pararem, a China não terá alimentos para a indústria da carne e os chineses ficam sem carne ou grãos.
Integridade então se torna fundamental para manter as empresas e garantir a fluência das importações, mas os problemas já estão emergindo.
Funcionários do Partido Comunista Chinês têm se apropriado terras aráveis à força, enquanto alegam que era terreno baldio. E há relatos de inadimplência de importadores de soja chineses que não conseguiram obter cartas de crédito de bancos chineses.
Também não é incomum que compradores chineses enganem o sistema. Há casos comuns de pessoas que importam grandes quantidades de alimentos utilizando o recibo de depósito como garantia para obter dinheiro de bancos, então armazenam isso em outras indústrias. Isso elevou os números de posse de grãos per capita na China continental muito além da média mundial.
Em 2012, o índice de posse mundial de grãos per capita foi de 321,7 kg, mas segundo estatísticas do Partido Comunista Chinês, a média da posse de grãos per capita na China continental é de 463 kg, o que é 1,43 vezes a média mundial.