WASHINGTON – O Partido Comunista Chinês (PCC) está caminhando para o colapso e os Estados Unidos deveriam coordenar melhor seu envolvimento com o país, enfatizando uma relação mais forte com os cidadãos da China, em vez de simplesmente com seu governo comunista. Essa foi a mensagem clara de um fórum na capital estadunidense na quinta-feira.
Há sinais de que a liderança chinesa está se fragmentando, enquanto o regime se prepara para a transição, que ocorre a cada dez anos, da liderança do Partido Comunista, diz Gordon Chang, autor do livro de 2001 “The Coming Collapse of China”. Chang foi o orador principal do painel patrocinado pelo Epoch Times. O evento foi realizado num edifício de escritórios do Congresso.
Além de uma rachadura na liderança, Chang diz que a autoridade do governo central está erodindo, os militares estão se libertando do controle civil e “O povo chinês, de uma ponta à outra do país, está tomando as ruas em protesto. As rodas estão saindo da China e não sabemos para onde esse país está caminhando”, disse ele.
A economia chinesa, o motor do crescimento econômico da Ásia-Pacífico, também está em apuros, disse Chang. Ele citou a média de aumento mensal da produção de eletricidade ao longo dos últimos seis meses como um exemplo. O crescimento de 1,5% relatado na produção de eletricidade provavelmente indica uma taxa de crescimento econômico global de zero, disse ele. “A China pode já estar em recessão.”
O Dr. Li Ding, o editor do Chinascope, um website em língua inglesa especializado em traduções que tem como fonte principal a informação política e propaganda do Partido Comunista, relatórios acadêmicos e a mídia estatal, geralmente não acessíveis aos ocidentais, concordou com Chang.
De acordo com as melhores estatísticas, existem centenas de milhares de protestos em massa na China a cada ano e o nível de desconfiança da liderança chinesa agora é palpável.
Li Ding disse que o fluxo de informação pode ser dividido em duas correntes: a linha oficial do Partido Comunista, que ninguém acredita, e os relatos, histórias, opiniões e rumores do povo que circulam online e por meio do qual o povo chinês chega a seu próprio entendimento. “A máquina de propaganda não é mais eficaz”, disse Ding.
Li Ding disse que os Estados Unidos precisam se envolver mais com a sociedade civil, grupos de base e os cidadãos comuns na China; o Partido Comunista enfrenta desafios sem precedentes e muitos chineses querem um país mais justo, assim, isso poderá acabar com seu governo.
Chang diz que engajamento pode não ser suficiente. Ele acredita que a política dos EUA de atrair a liderança comunista chinesa ao “sistema liberal” por meio do engajamento ao longo dos últimos 40 anos falhou.
Por comprometer valores pelo bem do relacionamento, ele diz que os EUA têm involuntariamente “reforçado a pior tendência do sistema autoritário do Partido Comunista”, gratificando “conduta irresponsável” com mais esforços dos Estados Unidos por envolvimento.
Em nenhum outro lugar isso foi mais óbvio do que no depoimento de Matthew Robertson.
Repórter investigativo e editor da seção China do Epoch Times, Robertson detalhou a história do Falun Gong na China, sua origem popular, a ameaça ideológica identificada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin e a perseguição que este iniciou.
As forças de segurança foram obrigadas a implementar a perseguição, a maior mobilização da segurança desde a revolta da era Mao, disse ele, e a um custo enorme. Jiang Zemin também construiu sua própria estrutura de poder para implementar a campanha, que posteriormente começou a desestabilizar a China.
A desgraça e queda do poder do membro do Politburo e ex-secretário do PCC em Chongqing, Bo Xilai, e a tentativa de deserção no consulado dos EUA em Chengdu em fevereiro de seu braço direito e chefe da polícia de Chongqing, Wang Lijun, foi um resultado direto dessa estrutura de poder. Os dois foram fortemente implicados tanto na perseguição à prática espiritual do Falun Gong como na colheita de órgãos de seus adeptos.
David Matas foi um dos palestrantes; ele é um advogado de direitos humanos que já ganhou vários prêmios por seu trabalho e escreveu com David Kilgour o livro “Colheita Sangrenta”, que relata a retirada de órgãos de praticantes do Falun Gong.
Matas dividiu as figuras do regime em grandes categorias: os “harmonizadores” como o premiê Wen Jiabao e o ex-premiê Zhu Rongji, que ao que parece gostariam de ver um fim à perseguição e às atrocidades contra o Falun Gong; os “harmonizadores” como o atual líder chinês Hu Jintao e o provável próximo líder chinês Xi Jinping, que estão ansiosos por fazer o que for preciso para manter o status quo e os linhas-duras como Jiang Zemin e Bo Xilai.
Nesse contexto, os Estados Unidos devem pressionar por mudanças nas práticas de colheita de órgãos, disse Matas. Ele propôs que o Departamento de Estado publique as informações que Wang Lijun teria entregado sobre a colheita de órgãos, que o Congresso aprove uma legislação para combater o abuso de transplante, que notificação compulsória seja instituída em todo lugar sobre o turismo de transplante e que o seguro saúde sobre o assunto seja mais rigoroso.
Em suma, Matas disse que os Estados Unidos devem fazer mais.