O ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, foi declarado “clinicamente morto” na terça-feira após os esforços para ressuscitá-lo fracassarem como consequência de um ataque cardíaco, informou a mídia estatal.
Seu advogado, porém, disse à publicação Al-Ahram que ele ainda está vivo e os esforços para revivê-lo estão tendo algum efeito. Outra fonte disse à Al-Jazeera que ele ainda está vivo com suporte de vida.
Milhares de manifestantes inundaram a Praça Tahrir no Egito na noite de terça-feira, principalmente para protestar contra a emenda constitucional que daria mais poder a junta do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA).
Al-Ahram informou que eles começaram a gritar e vibrar com a notícia da morte de Mubarak e os manifestantes cantaram o hino nacional. Mas seu foco era principalmente na recente consolidação de poder do CSFA. “Como é que eles anunciam uma declaração dessa natureza?”, disse um jovem manifestante egípcio segundo o jornal. “Somos adolescentes [para aceitar isso]?”
A mistura de manifestantes islâmicos incluía liberais e outros, todos criticando o CSFA e seu líder, o marechal Hussein Tantawi, que serviu como o governante de fato do Egito desde que os protestos derrubaram o regime do ex-presidente Hosni Mubarak no ano passado. “Abaixo, abaixo com o regime militar”, foi um slogan cantado na Praça Tahrir, o mesmo local onde as manifestações anti-Mubarak acorreram no início de 2011 e onde as pessoas têm se reunido no Cairo para expressar sua voz. Outro slogan ouvido na praça foi, “O conselho militar não tem legitimidade” e “Tantawi, saia.”
Ainda há incerteza sobre quem ganhou a eleição presidencial da semana passada. Antes da contagem de votos oficial, o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, disse que foi vitorioso enquanto Ahmed Shafik, o ex-oficial de Mubarak, disse a mesma coisa.
A Irmandade Muçulmana liderou os protestos na Praça Tahrir, com muitos manifestantes segurando fotos grandes de Mursi. Segundo Al-Arham, muitos contadores de votos independentes disseram que Mursi saiu por cima. Muitos dos manifestantes foram descritos como “alegres” pela publicação independente Bikya Masr, que disse que eles celebraram a aparente “vitória” de Morsi. “Morsi é nosso líder e ele lutará contra o exército”, gritaram muitos manifestantes, enquanto criticavam abertamente Shafik, chamando-o de “sapato”, um insulto comum no mundo árabe.
No entanto, os cânticos e slogans refletem a incerteza que permeia o Egito após o CSFA declarar que pode vetar o texto da Constituição do país e a recente mudança dissolvendo o parlamento apenas alguns meses depois de os seus membros terem sido eleitos. Um porta-voz de Mursi disse no domingo que o candidato Irmandade não “receberá ordens de ninguém”, referindo-se ao CSFA, se for eleito.