Aproximadamente 130 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), segundo estimativa da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP), continuam acampados na sede da Construtora Even, na Rua Hungria, no Jardim Europa, zona oeste da capital paulista. A empresa é proprietária de um terreno no Morumbi, que foi ocupado no dia 20 de junho por aproximadamente 4 mil famílias. Os sem-teto chegaram ao local ontem (16) para protestar contra liminar que autoriza a reintegração de posse da área de 60 mil metros quadrados. A PM informou que ninguém mais poderá entrar no prédio.
“Requeremos o adiamento dessa reintegração. O movimento quer que as pessoas morem dignamente lá. Nossa ideia não é formar novas favelas. A gente quer que sejam construídas as casas e a gente vai pagar por isso, de acordo com as nossas condições”, explicou Simone Sousa, uma das coordenadoras do movimento. A empresa informou que não há possibilidade de negociação. Em nota, disse que “a sede foi violentamente invadida”, provocando tensão entre funcionários, que tiveram que deixar o local.
O sargento Valdir Marques da Silva, que coordena as ações da PM no local, disse que a polícia apenas vai acompanhar a movimentação dos manifestantes. “No momento, como [a ação] envolve muitas crianças e mulheres, a PM não vai adotar nenhuma atitude de choque para removê-los. Melhor para todos os lados, fecha os portões, só pessoas saem”, declarou.
Na parte externa da empresa, foram montadas barracas e uma cozinha. A dona de casa Iranilda Silva, 56 anos, disse que teve uma noite difícil no acampamento. “A gente faz, porque tem que lutar, mas foi muito ruim aqui. Muito frio à noite”, relatou. Ela mora com a filha e duas netas em Paraisópolis, mas decidiu participar da ocupação Portal do Morumbi para ter a chance de conquistar a casa própria. “A gente tem esse sonho.”
O pintor Francisco Marcos de Aquino, 37 anos, que está desempregado, precisou mudar para as barracas de lona da ocupação, porque já não tinha condições de pagar aluguel. “Como vou pagar R$ 400, se não estou trabalhando?”, indagou. Na mesma situação, está a vendedora Josiane da Silva, 22 anos, que precisou improvisar um barraco para ter onde ficar. “Agora estou desempregada, mas antes já era complicado, porque ganhava R$ 800 e pagava R$ 550 de aluguel. Você trabalha para ter onde morar, mas tem outras coisas que a gente precisa para viver, fica difícil.”
O terreno invadido fica na Rua Doutor Luís Migliano, que liga as Avenidas Giovanni Gronchi e Francisco Morato e é rota para o Cemitério da Paz. No local, o valor médio do metro quadrado é de R$ 8 mil e os apartamentos mais luxuosos chegam a R$ 1,5 milhão. Ao lado da nova invasão, está em construção um condomínio residencial com unidades de até 243 m², segundo o Estadão.
Editado por Epoch Times