Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) realizou manifestação ontem (22) em São Paulo no final da tarde. O grupo se aglomerou no largo da Batata em Pinheiros (zona oeste) e avançou pelas avenidas Faria Lima e Cidade Jardim até à marginal Pinheiros e ponte Estaiada. A passeata foi ordeira e os manifestantes principaram a dispersar por volta das 21h, na ponte. Pelos cálculos da Polícia Militar, o protesto reuniu cerca de 15 mil pessoas. Já os planejadores registraram 32 mil participantes, segundo o site Folha Política.
O organizador do grupo, Guilherme Boulos, disse que optou pela ponte como ponto final do ato por ser o emblema da cidade. “Hoje quem era o dono da bola e entrou em campo foi o povo (…) A Fifa já recebeu sua fatia do bolo, os empresários também. Queremos a nossa fatia e não é migalha”, disse ele, conforme o site TNOnline.
Durante o ato, os comércios cerraram as portas temendo a ação dos manifestantes. O Shopping Iguatemi chegou a fechar seu acesso principal na avenida Faria Lima por cerca de 30 minutos. Estações de metrô e trem próximas do local do protesto também ficaram sobrecarregadas no final da tarde, devido ao imenso número de pessoas que se direcionava para a região.
Boulos também afirmou que o movimento pode preparar um “junho vermelho” caso não haja investimentos na construção de moradias, mas negou que seu discurso tenha representado uma “ameaça” ao governo. “Não houve ultimato. O que dissemos é que as mobilizações vão prosseguir até que as exigências sejam acatadas pelos três níveis de governo.” “Junho vermelho” faz menção à cor do movimento.
Natália Szermeta também participa do núcleo de comando do MTST. Ela disse que o movimento não se satisfaz com pouco. “O MTST colocou em campo a seleção dos brasileiros oprimidos, dos que não se contentam com migalhas”, disse Szermeta. Também declarou que o objetivo do movimento é estender o número de protestos em São Paulo, com um protesto por semana. “A seleção dos opressores pode até entrar em cena, mas não vão dormir uma noite sem que a gente incomode o sono deles”, afirmou.
“Tanto o MTST como todos os movimentos estão na rua por um motivo muito claro. Ninguém caminhou porque acha bonito. Se não atender as nossas reivindicações, vamos parar a Copa. Se não atender nossas reivindicações, no dia 12 de junho [abertura do Mundial] não teremos Copa do Mundo. Teremos a Copa do Povo porque vamos tomar as ruas da cidade”, disse Boulos.
O ato desta quinta-feira foi inspirado na ideia “hexa dos direitos”, que faz menção ao sexto título que a seleção brasileira visa alcançar no mundial de futebol. “Hexa dos direitos” pleiteia moradia, transporte, saúde, educação de qualidade e “soberania na Copa”, entre outros.