Começando em 15 de fevereiro, a empresa de biotecnologia Oxitec do Reino Unido liberará mosquitos Nuevo Chorillo geneticamente modificadas (GM) no Panamá. A empresa liberará 240 mil mosquitos transgênicos por semana.
O mosquito Anófeles fêmea espalha a malária, dengue e outras doenças. A ideia é liberar mosquitos machos geneticamente modificados que produzam uma prole que morrerá, diminuindo assim sua população e a disseminação de doenças.
A Oxitec já lançou 3 milhões de mosquitos transgênicos num teste de campo nas Ilhas Cayman em 2010 – a primeira liberação já feita de um inseto GM. As leis de biossegurança são negligentes nas Ilhas Cayman, um território britânico. A população de mosquitos diminuiu cerca de 80% no prazo de três meses na região.
A Oxitec foi criticada por não informar adequadamente os moradores das Ilhas Cayman sobre o lançamento. O website da empresa aborda algumas dessas críticas comuns numa página de FAQ.
Lá, ela afirma que informou o público, mas admite: “É verdade que o vídeo ‘principal’ de informação pública, que também foi publicado na época, não declarou explicitamente que os mosquitos em teste eram geneticamente modificados. Esta foi uma omissão involuntária, pois nunca houve qualquer tentativa de esconder esse fato.”
GeneWatch e muitos grupos semelhantes desconfiados da tecnologia GM estão preocupados com a liberação no Panamá e com os impactos potencialmente negativos e irreversíveis que podem ocasionar no meio ambiente. A GeneWatch descobriu por meio de um inquérito da ‘Legislação sobre liberdade de informação’ que a Oxitec não apresentou uma avaliação de risco em sua solicitação ao governo britânico para seguir adiante no Panamá. A Oxitec disse que os reguladores do Panamá produziram sua própria avaliação de risco e os reguladores aprovaram a liberação.
Ao longo de uma década, disse Oxitec, ela tem realizado ensaios de laboratório e de campo para assegurar a segurança de seu produto. A empresa disse à BBC no ano passado que algumas fêmeas são inevitavelmente liberadas por acidente. Os mosquitos transgênicos não são projetados para se reproduzir com sucesso em condições normais no exterior, mas, em laboratório, a presença do antibiótico tetraciclina (utilizado na agricultura) lhes permite produzir descendentes que sobreviverão.
Como acontece com muitos produtos GM, há a preocupação de que uma vez que novas estirpes se reproduzam, elas possam se espalhar fora de controle e possivelmente ter um impacto negativo no ecossistema. Haydn Parry, o CEO da Oxitec, disse que a empresa não introduziria o mosquito num ambiente onde a tetraciclina estivesse presente.
Mosquitos não são os únicos insetos manipulados nos laboratórios da Oxitec. A empresa lidera na produção de todos os tipos de insetos geneticamente modificados destinados a reprimir populações de pragas agrícolas. Por exemplo, uma lagarta-rosa GM foi liberada entre 2006 e 2008 nos Estados Unidos para ajudar a controlar a praga do algodão, informou a GeneWatch. A empresa também está desenvolvendo um mosquito resistente à malária. A GeneWatch observa: “Esta abordagem exigiria que mosquitos GM substituíssem completamente a população de mosquitos selvagens, o que é muito difícil de conseguir.”