Como no caso dos transgênicos, ambientalistas argumentam que não deveríamos correr riscos desnecessários quando há alternativas mais seguras e baratas para o controle de pragas
Ambientalistas denunciam que, depois de mais de sete meses em que um produtor de moscas transgênicas solicitou à Espanha sua liberação em um campo de oliveiras na Catalunha, ainda não se tem informação sobre os riscos do experimento. Este seria o primeiro caso de liberação de animais transgênicos em território europeu.
O produtor das moscas machos transgênicas, a empresa Oxitec, garante que esta espécie se unirá à espécie local invasiva e juntas gerarão larvas transgênicas que morrerão antes da desova. Teme-se, no entanto, que os machos e as larvas entrem na cadeia alimentar de outros organismos vivos. As moscas são o prato preferido de muitos animais, incluindo roedores e aves.
“Como no caso dos transgênicos, não deveríamos correr riscos desnecessários quando há alternativas mais seguras e baratas para o controle de pragas”, disse Blanca Ruibal, responsável pela Agricultura e Alimentação dos Amigos da Terra, de acordo com o grupo Semillas.
A organização ambientalista questionou o Governo espanhol se foram estudadas em profundidade alternativas mais seguras para o controle desta praga. E se as autoridades competentes têm capacidade suficiente para avaliar os riscos.
“De acordo com registros, o Governo recebeu o pedido no início deste ano, no entanto, [o pedido] não está aberto para consulta e participação pública”, informa Amigos da Terra.
O grupo Semillas denunciou esse fato em 8 de fevereiro, lembrando que a empresa britânica Oxitec havia solicitado, em janeiro de 2013, a autorização do governo para liberar moscas geneticamente modificadas na Catalunha.
Além do efeito direto das moscas, para os opositores dos animais e produtos transgênicos, “o experimento envolve graves riscos ambientais e para a produção de azeite na região, de modo que a associação está pedindo que o governo e a Generalitat (governo regional) neguem a permissão”, acrescenta os Amigos da Terra.
“As moscas são modificadas geneticamente para que as fêmeas morram na fase larvária e, assim, controlar a população, mas os machos sobrevivem por meses, então existe o risco de que se propaguem sem controle”, disse o grupo Semillas.
“Os insetos só foram testados em laboratório. Em caso de fuga é impossível prever qual seria seu comportamento quando em interação com um ambiente complexo. O risco é muito alto”, disse Blanca Ruibal, responsável pela Agricultura e Alimentação dos Amigos da Terra.
Oxitec é uma empresa britânica dedicada à produção de insetos transgênicos, e de acordo com o grupo Semillas, “tem o apoio da Syngenta, um dos gigantes mundiais de vendas de sementes e agrotóxicos, para criar um mercado global de insetos transgênicos.”
“Liberar animais geneticamente modificados no meio ambiente é uma decisão que não pode ser tomada irrefletidamente e sem transparência. Precisamos de um debate bem fundamentado sobre os riscos envolvidos e, especialmente, sobre as alternativas para controlar a mosca das oliveiras. Como no caso dos transgênicos, não deveríamos correr riscos desnecessários quando há alternativas mais seguras e baratas para o controle de pragas”, disse Ruibal.