Morto por difundir a verdade

11/07/2012 05:00 Atualizado: 11/07/2012 05:00

Lei Ming, de 26 anos na época, era o mais jovem de um pequeno grupo de praticantes do Falun Gong que enfrentaram a propaganda do regime chinês infiltrando em sua rede de transmissão. (Minghui.org)Lei Ming, um praticante do Falun Gong, lutou contra o aparato de propaganda do regime chinês

Foi uma experiência que os moradores da cidade chinesa de Changchun descreveram como “eletrizante”. Em 12 de março de 2002, um grupo de praticantes do Falun Gong infiltrou com sucesso a transmissão da rede de TV controlada pelo Estado, transmitindo programas sobre a perseguição de sua crença na China.

Na época, fazia mais de dois anos desde que o regime proibiu a prática de qigong e enviou milhões de praticantes para prisões e campos de trabalho forçado, onde eles são torturados e sofrem lavagem cerebral na tentativa de fazê-los renunciarem a suas crenças.

A interceptação da transmissão foi uma tentativa de um pequeno grupo de praticantes de se opor ao turbilhão da propaganda estatal e, por quase uma hora, isso funcionou. Eventualmente, oficiais locais do Partido Comunista Chinês (PCC) cortaram a eletricidade em algumas partes da cidade para encerrar a transmissão.

Lei Ming, de 26 anos na época, era o mais jovem dos praticantes envolvidos no incidente. A polícia deteve e interrogou mais de 5 mil pessoas, prendendo Lei três dias depois do início da campanha. Após sua chegada a uma delegacia de polícia local, Lei, com os olhos vendados, foi saudado com bastões elétricos. Num quarto pequeno e escuro, a polícia começou a torturá-lo.

Após quase 24 horas de tortura com bastões elétricos, Lei desmaiou. Um amigo que também tinha sido detido na mesma delegacia contou o que viu, “Lei desmaiou e estava coberto de suor. Não há maneira de descrever o nível de sofrimento que ele passou. Quando o vi, ele estava completamente incapaz de se mover”, lembrou o amigo. O amigo, que escreveu anonimamente porque ainda está na China, mais tarde redigiu um testemunho detalhado no Minghui, um website do Falun Gong que apresenta em primeira mão notícias de praticantes na China.

Seis meses depois, Lei foi submetido a um julgamento sem um advogado. Ele foi condenado a 17 anos de prisão. Oficiais do PCC colocaram-no na prisão de Jilin, onde os métodos de tortura são relatados como sinistros.

Lei Ming, torturado até à beira da morte em novembro de 2004, foi levado para o hospital de Changchun. (Minghui.org)Oficiais do regime ordenaram que os guardas da prisão forçassem todos os praticantes do Falun Gong a assinarem documentos de renúncia a suas crenças. Como incentivo para garantir que os guardas prisionais usariam a força da forma mais brutal, altos funcionários ameaçaram diminuir salários ou aplicar outras formas de rebaixamento. Cada vez que Lei se recusou a assinar os papéis, guardas prisionais iniciavam sua “gestão rigorosa”, o que significava que os companheiros de prisão, que queriam ser liberados antecipadamente, o espancariam e torturariam.

Perseguido até a beira da morte, em novembro de 2004, Lei foi removido para o hospital de Changchun. Nesse ponto, ele estava parcialmente aleijado devido ao tratamento que sofreu sob custódia; agentes penitenciários ainda tentaram levá-lo de volta.

Durante seus últimos dias, Lei disse numa entrevista com o Minghui que ele ajudou a infiltrar a rede de TV, “porque sob a perseguição não havia outra maneira que nós pudéssemos nos expressar.” Frágil e incapaz de cuidar de si mesmo, Lei morreu em 6 de agosto de 2006, com 30 anos de idade.